O último show do Sepultura em Fortaleza e a história de conversão de um metaleiro melódico
Resenha - Sepultura (Fortaleza, Dragão do Mar, 06/07/2024)
Por Rafael Caneca
Postado em 21 de setembro de 2024
Sempre gostei de metal, isso não tem como negar. Mas confesso que, até 2011, tinha minhas reservas com o Sepultura. Afinal, meu gosto sempre pendeu pro lado mais clássico e mais melódico da força: Iron Maiden, Angra, Helloween, um som mais limpo. Solos harmônicos, refrões épicos. Thrash metal? Era um território meio desconhecido, meio hostil. Sepultura? "É pesado demais, não sei se é pra mim".
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Mas, aí, em 2011 veio o Rock in Rio, com um dia inteirinho dedicado ao rock "pesado" (ou "pauleira", a depender da sua idade). No meio das várias bandas escaladas, o Sepultura. Acompanhado dos franceses do Les Tambours du Bronx, um coletivo com um som que transformava o metal em batucada. Um batuque pesado.
Antes, outras bandas tão pesadas quanto o Sepultura se apresentaram. Um amigo com gosto bastante parecido ao meu ficou estupefato (na mesma medida que minha sogra, ao ver aqueles shows ao vivo na televisão): "pra que tanto ódio no coração?"
Eu só ri. Quando o Sepultura entrou no palco, a mistura de guitarras e tambores bateu fundo. Não consegui discordar mais do meu amigo: entendi que não era ódio, mas sim o extremo oposto. Ainda não sabia, porém já havia me apaixonado por aquele som.
Tinha algo de primal e falava diretamente com a parte do meu cérebro que sempre amou o metal, mas que agora havia se aberto para uma nova dimensão. Não era só barulho, era uma dança furiosa entre percussão e distorção. Eu, que tinha minhas reservas com o som mais cru do Sepultura, me rendi, como se tivesse escancarado um portal ate então desconhecido. Saí do Palco Sunset com "Roots Bloody Roots" ecoando na cabeça e, mais importante, com a certeza de que estava errado sobre o thrash metal.
Corta para 2024.
O cenário é Fortaleza, minha cidade natal. Eu com um bebê recém nascido (e põe recém nisso, oito dias de vida), e a banda me inventa de fazer seu último show por essas bandas logo agora! Mas eu não tenho como deixar de ir, é a despedida.
Arranjei tudo com a esposa. Programei para chegar ao local na exata hora em que eles subiriam ao palco, seria o tempo preciso para ver o show e depois voltar correndo para casa. Ainda bem que o pequeno é tranquilo, vai ouvir esse relato do pai muitas e muitas vezes, até enjoar.
Eu sabia que o Sepultura ao vivo era uma pancada, e, sinceramente, estava ansioso pra sentir de novo aquela energia que só eles traziam. Quando subiram ao palco, foi como se o tempo não tivesse passado desde aquele Rock in Rio. A mesma força, a mesma intensidade. Só que, agora, eu não era mais o metaleiro cauteloso, fã de solos longos e vozes agudas. Estava ali, de corpo e alma, pronto pra ser levado pelos riffs cortantes e pelas rápidas batidas. De repente, a introdução; em seguida, "Refuse/Resist"!
O show foi uma catarse, como sempre. Guitarras afiadas, bateria furiosa e um vocal que parecia conversar diretamente comigo. E eu lá, cantando junto, percebendo o quanto tinha demorado pra aceitar que o Sepultura fazia parte da minha formação musical.
No fim daquela noite de sábado, saí correndo para casa, com a sensação de missão cumprida. Assim como o Sepultura cumpriu a sua durante todos esses quarenta anos: uma banda que fez parte não só do metal brasileiro, mas sim da história da música mundial.
Depois de tudo, aprendi uma coisa que vou repetir, anos a fio, pro meu pequeno: o metal é vasto, complexo, e tem espaço pra tudo — inclusive pra quem, um dia, achou que thrash era só "barulho". Não recuse nem resista.
Fonte: instagram.com/pacotedetextos
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