Resenha - Rosa Tattooada (Bar Opinião, Porto Alegre, 05/10/2023)
Por Guilherme Dias
Postado em 25 de outubro de 2023
A Rosa Tattooada está em festa. São 35 anos de banda e uma turnê especial apenas com clássicos da sua rica carreira. Em Porto Alegre, o local do show foi o Bar Opinião, casa que a Rosa de Jacques conhece como nenhum outro artista. A abertura ficou por conta da Marenna, que entregou o melhor do seu hard rock para uma noite magnífica.
Por volta das 20 horas e 50 minutos, Marenna subiu no palco para iniciar a festa. O quarteto liderado por Rod Marenna (vocais) e que conta, também, com Edu Lersch (guitarra), Bife (baixo), Luks Diesel (teclados) e Arthur Schavinski (bateria) iniciou a apresentação com "Voyager", faixa que abre e dá nome ao álbum lançado em 2022. Do disco "No Regrets" (2016), "Never Surrender" animou o público que já estava presente. O uníssono coro de "oh oh oh oh" introduziu o single "Pieces of Tomorrow" de 2020, a pedido de Rod. O mesmo coro foi cantado por toda a plateia no decorrer da música. "Muito orgulho em participarmos do show da Rosa, é uma celebração ao hard rock, estilo com muitas bandas criativas e de muita qualidade. Agora vamos voltar no tempo e tocar a primeira música, do primeiro disco. Quem aí tá ligado?", disse Rod ao apresentar "You Need To Believe", do EP "My Unconditional Faith" do ano de 2015.
Rosa Tattooada - Mais Novidades
Com um copo de água na mão, Rod disse: "Vamos fazer um brinde aos 35 anos de Rosa, vamos fazer barulho ou qual é que é galera? Agora do último disco eu chamo o batera Arthur para introduzir", se referindo a "Too Young To Die". Em "Breaking the Chains", Rod mencionou que seria um momento de reflexão e destacou os teclados de Luks Diesel. "Vou apresentar a banda antes da saideira, tudo certo aí?" perguntou o frontman. Ao apresentar Arthur, os gritos e aplausos vindos da pista foram tão altos que fizeram Rod brincar, dizendo: "O cara tem um fã clube". Para Luks, mencionou que o tecladista em breve será pai da Olga, da qual o vocalista será padrinho. "No baixo, Bife, lenda de Porto Alegre, esse tem o cachê alto", comentou Rod, proporcionando gargalhadas entre todos. Na vez de ser apresentado, Bife anunciou Rod Marenna como um grande compositor e uma das maiores vozes do hard. "Chega junto, galera, ‘don’t be afraid’, a gente custa para tocar em Porto Alegre, depois tem a foto", convocou Rod, para a plateia se aproximar mais do palco. E então a última da noite foi executada, "Had Enough". Marenna deixou o público com vontade de mais, mas a noite ainda seria longa.
Um pouco antes das 22 horas, o trio formado por Jacques Maciel (vocal e guitarra), Valdi Dalla Rosa (baixo) e Dalis Trugillo (bateria) subiu no palco com "Rock and Roll até Morrer" (do disco "XXV", de 2013). Com uma presença de palco segura e muita energia, a sequencia inicial teve "Cabelos Negros" (do primeiro disco do grupo), a melódica "Um Milhão de Flores" ("Hard Rock Deluxe", 2003) e a primeira conversa de Jacques com a plateia. Ele disse: "Obrigado, galera, como estão? Nós somos a Rosa Tattooada de Porto Alegre. Nenhum lugar é melhor do que o Opinião, templo sagrado. Essa noite vamos passear pelos nossos 35 anos. Set especial, sem cover e sem participações especiais. Quero ver todo mundo enchendo a cara aí!".
A noite seguiu com "Hard Rocker Old School" e a old school "Voando Baixo". "Obrigado, amigos, a próxima é de 2006, do disco ‘Rendez-Vous’ e chama-se ‘Canção do Deserto’" disse Jacques, que após a canção acrescentou: "O maior tesouro desta vida é a liberdade. Vou dedicar aos amigos da vida, essa é para os amigos da Confraria das Máquinas: "Na Estrada". Com um humor muito agradável, o líder da banda desde o início, brincou: "Eu tô bebendo nessa garrafinha (de água), mas não se enganem: é vodka", proporcionando muitas gargalhadas. Seguindo no primeiro disco do grupo, lançado no início do anos 1990, foram apresentadas a histórica e praticamente um dos hinos da Rosa: "Tardes de Outono" e a também balada "Virando Noites e Dias".
"A próxima é do ‘Carburador’, lançado em 2001 e conta a história da nossa musa alienígena dos cabelos verdes", Jacques se referiu à linda balada "Diamante Interestelar". O vocalista apresentou os seus colegas de banda, que estão com ele há mais de 10 anos, sendo a formação mais duradoura da Rosa. O trio apresenta uma química e uma interação extremamente agradáveis, demonstrando uma entrega impecável, potente e tranquila. "O próximo som conta a história de uma garota que tinha a profissão mais antiga do mundo, mas, nos finais de semana, ela só queria alguém para amar, chama-se ‘Dólar na Calcinha’". Muito comunicativo o tempo inteiro, Jacques seguiu contando histórias: "A próxima também é do ‘Carburador’. Eu assisti ao filme ‘Um Drink para o Inferno’ umas 10 vezes na época de lançamento. Fumando beck e tomando vinho eu pensei: ‘Vamos escrever sobre isso’ e saiu esse som: ‘Dance em Mim’".
O frontman avisou que a apresentação estava próxima do fim e relatou um pouco sobre a evolução de comportamento do público ao longo de todos esses anos. Reforçou dizendo: "Quando a gente tocava antigamente, a galera acendia isqueiros. Hoje em dia, vocês têm as lanternas de celular. Acendam para ‘O Inverno Vai Ter Que Esperar'", apresentando o maior clássico já lançado por ele e um dos maiores registros da história do rock gaúcho, sendo cantada por todos os espectadores. "Podem me chamar de bairrista, aqui é rock gaúcho, porra!!!" enfatizou o vocalista, e, em tom de despedida, acrescentou: "Obrigado a todos, mas se vocês pedirem mais uma nós voltamos (para o palco)!". Obviamente os fãs pediram mais e os músicos retornaram para o bis com "Voltando para Casa", "Fora de Mim, Dentro de Você" e a pesada "Carburador".
Foi uma noite histórica para o hard rock local. De um lado uma trajetória de décadas e de outro um grupo que está nos seus primeiros passos e crescendo a cada dia. Rosa Tattooada e Marenna representam demais o espírito do hard rock que está dentro do coração de todos que estavam lá no Opinião. É lindo ver os fãs cantando as músicas durante o show e cantando os clássicos do estilo tocados no som mecânico antes dos shows começarem. A performance da Rosa foi impecável, a alegria de Valdi e Dalis no palco é indescritível, de uma satisfação incrível pelo o que estão fazendo nos seus instrumentos. Jacques apresenta o mesmo carisma de todos esses anos e estava rodeado de fãs e amigos-fãs em um dos seus locais favoritos. Ao se despedir oficialmente, o cantor e guitarrista se pronunciou pela última vez: "Somos sem frescura, estamos indo embora, mas depois de 5 minutos no camarim estaremos recebendo vocês para uma foto e um abraço. Obrigado a todos e fiquem com Deus!".
Fotos por Guilherme Dias
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps