Eluveitie: sobram capacidades técnicas onde falta coração
Resenha - Eluveitie e Tuatha de Dannan (Carioca Club, São Paulo, 15/02/2019)
Por Diego Camara
Postado em 18 de fevereiro de 2019
Lembro muito bem o momento que o Eluveitie nasceu para mim, quando tive contato com o álbum "Slania" pela primeira vez. A música forte e emocionante de "Inis Mona", onde os vocais guturais contrastavam com os instrumentos folk me chamou a atenção no primeiro momento. "Slanias Song" era a joia oculta desse disco, com os vocais de Anna Murphy nos chamando para um tempo antigo, um momento da história que se misturava com a música moderna. A banda cria uma magia para todo nerd amante de história e heavy metal, além dos pagãos que abundam o gênero. De lá se passaram mais de dez anos e quatro passagens em solo brasileiro para chegarmos nesta última, em 2019, culminando com três shows cancelados e muita confusão. Vejam a análise do único show que aconteceu, com as imagens de Fernando Yokota.
TUATHA DE DANANN
A abertura ficou por conta dos boêmios mineiros do Tuatha de Danann. A mistura insana de metal, flautinhas e insanidade do grupo fez um ótimo show, marcado porém por enormes falhas técnicas. É normal que os shows da banda apresentem falhas técnicas pequenas, pois são muitos instrumentos e detalhes que a banda tem que se atentar, pois cada música usa conjuntos totalmente diferentes de som, e quem já foi em outras apresentações da banda sabe do que digo. Porém, a apresentação desta vez foi marcada por dúzias de falhas, erros de som, problemas com retorno e um banjo que não funcionou, tudo isso pela falta de tempo em passar o som e fazer os ajustes necessários.
Apesar de tudo isso, tivemos uma apresentação incrível da banda, que mostrou como sempre grande simpatia com o público e muita vontade no palco. Dou destaque para "Tan Pinga Ra Tan", muito bem tocada e com a presença mágica dos vocais de Fernanda Lira do Nervosa, e fechando o show com "The Dance of the Little Ones" e "Finganforn", dois dos grandes clássicos da banda que fizeram o público dançar e cantar junto com o vocalista Bruno Maia.
ELUVEITIE
Meia hora depois foi a vez do Eluveitie subir ao palco abrindo a apresentação com "Ategnatos", música que estará presente no próximo disco da banda, para um bom público no Carioca Club. Não chegou a lotar a casa, mas a encheu. A abertura da música é forte e puxada pelo instrumental folk, que causa uma sensação forte que anima bastante os fãs. A bateria aqui tem um destaque, soando muito alta e se sobressaindo sobre os outros instrumentos. "King" também deu a mesma sensação, onde o som do folk estava simplesmente morto e amassado pelo som das guitarras e bateria, com somente a flauta de Chrigel aparecendo, até num som alto demais.
"Omnos" veio depois, puxada pelos vocais de Fabienne Erni. A música é esteticamente bonita e aprazível, tecnicamente a vocalista soa muito bem, mas aqui já é possível ver que falta um quê de espírito para a nova formação da banda. A casca é consistente, mas a apresentação parece engessada e pouco dinâmica, diferente da formação anterior. Murphy, Päde, Tadic eram muito mais encaixados ao estilo e a filosofia da banda, que causa agora um estranhamento notório para quem viu estes no palco.
Seguiu-se de "Omnos" uma série de músicas folk do álbum "Evocation II", que apesar de ter alguns momentos de sobressalto, parecem músicas fracas ao gênero. Já havia reclamado anteriormente disso em críticas passadas – no Evocation I para ser mais correto – de que o Eluveitie é uma incrível banda de metal, mas quando pisa no solo do folk falta-lhe algo para realmente encantar o público. As músicas são lindas, "Artio" com os vocais incríveis de Erni, a ótima apresentação na gaita de foles de "Lvgvs" ou a ótima "Epona": se mais da metade de ambos os "Evocation" fosse como "Omnos" ou "Epona", o Eluveitie seria uma banda incrível também no gênero folk.
O show engrenou depois desta música. "Thousandfold" empolgou muito os fãs presentes, cantando firme o refrão da canção e batendo cabeça durante o show. Aqui não há muitas invenções: a música é direta e mais crua, o que empolga o público presente. Em seguida, "Quoth the Raven" mantem o nível no refrão e no solo, fechando de maneira incrível no ápice da música.
"The Call of the Mountains" teve uma lindíssima introdução de Ansperger nos violinos. "A Rose" e "Kingdom Come Undone" vieram com incríveis performances vocais de Erni e Chrigel. A apresentação foi para o final com uma bela surpresa da clássica "Tegernakô", um som bastante cru que chamou o público a fazer timidamente um frenético moshpit no centro da pista, que permaneceu até o final do show. O show foi fechado com "Helvetios", uma belíssima música, mas que não soou tão bem no palco: é uma música com muito som ambiente e playbacks que devem rodar ao fundo, que faltaram para a parte folk da música. O metal, porém, foi tecnicamente perfeito. O show foi fechado com "Inis Mona" na volta da banda para o bis, a música que inicia o comentário a este show.
Os novos músicos são muito competentes, isso sem sombra de dúvidas – apesar que as vezes pareceu difícil saber o tamanho da competência, dado que a banda sempre foi reconhecida por usar uma grande quantidade de playbacks para fazer os sons ambientes e de outros instrumentos que não estão presentes no palco – vale lembrar que a banda veio várias vezes com uma formação capada para os shows no Brasil, e estavam bem preparados para isso, por sinal – mas o que fica óbvio é que há uma falta de ligação dos novos membros com a banda.
O Eluveitie sempre se exaltou pelo trabalho genial, a arte produzida por Chrigel como letrista. Suas letras, o amor pela história e a cultura, é o que torna o Eluveitie único em termos de produção musical. Igualmente, a banda também sempre se colocou como uma banda de amantes da história celta, gaulesa, e também de descendentes destas tribos e raças que compunham a região. Era óbvio o amor que integrantes como Sutter, Murphy, Päde e tinham pela arte do Eluveitie: eles não eram membros da banda, aquilo lá era muito mais do que um negócio para eles. Foi uma vida despendida por um projeto único.
Não questiono aqui, então, a capacidade técnica dos músicos, mas o intento do Eluveitie, que parece cada vez mais soar como um grande negócio do que como uma obra de arte única e diferente. Assim perderam os fãs, perdeu o público, e talvez tenha se perdido a própria arte.
Setlist:
1. Ategnatos
2. King
3. Nil
4. Omnos
5. Lvgvs
6. Catvrix
7. Artio
8. Epona
9. Thousandfold
10. Quoth the Raven
11. The Call of the Mountains
12. A Rose for Epona
13. Kingdom Come Undone
14. Alesia
15. Drum Solo
16. Havoc
17. Tegernakô
18. Helvetios
Bis:
19. Rebirth
20. Inis Mona
Eluveitie













Tuatha de Danann










Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Guns N' Roses anuncia valores e início da venda de ingressos para turnê brasileira 2026
A maior banda do Brasil de todos os tempos, segundo Andreas Kisser do Sepultura
Megadeth anuncia mais datas da turnê de despedida
Rockstadt Extreme Fest terá 5 dias de shows com cerca de 100 bandas; veja as primeiras
As 3 bandas de rock que deveriam ter feito mais sucesso, segundo Sérgio Martins
Hall da Fama do Metal anuncia homenageados de 2026
Os melhores covers gravados por bandas de thrash metal, segundo a Loudwire
"Estou muito feliz pela banda e por tudo que conquistamos", afirma Fabio Lione
O álbum de Lennon & McCartney que Neil Young se recusou a ouvir; "Isso não são os Beatles"
Angra traz "Rebirth" de volta e deixa no ar se a formação atual ainda existe
Os dois guitarristas que são melhores que Ritchie Blackmore, de acordo com Glenn Hughes
Os cinco maiores guitarristas de todos os tempos para Neil Young
Do Metallica ao Angra - passando por outras bandas -, um breve resumo do "Megadethverso"
O cantor que Robert Plant admite que nunca conseguiu igualar
Fernanda Lira desabafa sobre ódio online e autenticidade: "não sou essa pessoa horrível"
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Bangers Open Air confirma Within Temptation, Feuerschwanz e Eluveitie para 2026
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente
Maximus Festival: Marilyn Manson, a idade é implacável!


