Roger Waters: difícil descrever o espetáculo em POA
Resenha - Roger Waters (Beira-Rio, Porto Alegre, 30/10/2018)
Por Karen Waleria
Postado em 04 de novembro de 2018
Na noite de 30 de outubro de 2018, a "Us + Them Tour" se despediu do solo brasileiro.
A música que intitula a tour atual foi lançada há 45 anos atrás, no início de 1973, e faz parte do "The Dark Side of the Moon", um dos melhores álbuns do Pink Floyd, como domínio público. Para os desavisados desde aquela época, o músico já mostrava seu posicionamento contra a guerra e mazelas sociais. Poucos são os mortais, ou não (risos) que mesclam com total maestria música de extrema qualidade com discurso político, críticas sociais, como Roger Waters.
Vou tentar relatar o que aconteceu na noite de ontem, uma noite única e memorável...
Renato Borghetti, com mais de trinta anos de estrada, abriu o show acompanhado de sua gaita e com sua formação de quarteto, ao lado de Daniel Sá no violão, Vitor Peixoto no teclado e Pedrinho Figueiredo no sax e na flauta, às 19h30. Durante 30 minutos apresentou milongas, vaneiras, chamamés e até xote que empolgaram os presentes. Como ele mesmo mencionou - "É muito importante para a música instrumental ter um espaço assim".
Voltando para o show que o público aguardou por longos seis anos.
A capital gaúcha recebeu o último show da turnê do músico inglês Roger Waters; tour que gira o mundo desde maio do ano passado, tour que passou por seis capitais - São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e Curitiba,- totalizando sete shows marcados por politização e polêmicas.
Essa foi a terceira vez que o eterno Pink Floyd se apresenta na cidade.
Em 2002, o músico, se apresentou no estádio Olímpico com a turnê "In the Flesh" e em 2012, no estádio Beira-Rio, com o "The Wall Live".
Às 20h40, aproximadamente, no enorme telão de led de 790 metros uma mulher sentada numa praia deserta, surgiu. Roger Waters subiu ao gigantesco palco de mais de 1.000 m2, com pontualidade britânica, às 21h, e iniciou um do melhores shows que Porto Alegre já presenciou. O cantor, compositor e baixista estava acompanhado de exímios músicos como de praxe; destaque para o guitarrista Gus Seyffert que também assume os vocais e o duo de vocalistas Lucius formado por Jessica Wolfe e Holly Laessig.
Logo após os 44 mil fãs de um dos fundadores de uma das maiores bandas de rock do mundo, da banda de rock britânica Pink Floyd foram agraciados com uma sucessão de hits. Hits dos álbuns "Wish You Were Here", "The Wall", "Animals" e "Dark Side of The Moon" que totalizaram quase que todo o setlist da performance, mas também teve músicas do mais recente álbum solo do músico "Is This the Life We Really Want?", lançado em 2017. Álbum este, que é um dos mais politizados de sua exitosa carreira. Que fala sobre algumas das mazelas do século - o embate Estados Unidos x Oriente Médio, os refugiados, critica lideres mundias como Kim Jong-um, Silvio Berlusconi, George W. Bush.; mas o alvo preferido do músico é nitidamente Donald Trump, presidente dos EUA.
Veja setlist completo a seguir.
Foram diversos momentos memoráveis.
Um deles foi ao ouvir "You! Yes, you! Stand still laddy", antecedendo as icônicas "The Wall' estava "The Happiest Days of Our Lives" e "Another Brick in the Wall" que contou com a participação de crianças do projeto local "Ouviravida", projeto de educação musical popular. Que subiram ao palco vestindo camisetas com a mensagem "Resist". Ao fim da música, a mensagem foi para o telão e provocou gritos de "Ele Não"e vaias, vindas dos apoiadores do novo presidente. Tal conflito entre os distintos públicos, nitidamente, não agradaram Waters, que pedia palmas para as crianças. Foi quando o músico avisou que o show teria uma pausa.
O espetáculo que teve aproximadamente duas horas de duração foi dividido em duas partes. E foi somente no final do primeira parte que o músico falou pela primeira vez diretamente ao público, primeira fala após o candidato de extrema direita ter sido eleito presidente do Brasil. Falou "Tomar Parte na Resistência". Nessa hora foi aplaudido aos gritos de "Ele Não", mas também, novamente, ouviram-se vaias.
Nesta hora me pergunto - Esses fãs, retifico, fãs não, posers.
Quem é verdadeiramente fã sabe muito bem que Waters é uma pessoa engajada politicamente desde os anos 70 e nunca deixou de sê-lo. Eles não entendem o que ouvem? Ou eles não compreendem o que ouve? Ou não querem entender?
Durante o intervalo de aproximadamente 20 minutos, no telão de led foi aparecendo mensagens como "Resista ao Fascismo", mensagens contra a misoginia, contra segregação social, racial, entre outras e a famosa e tão esperada lista onde é mostrado o "Neo-Fascismo em Ascensão", listando nomes dos maiores exemplares do temido regime, "porcos que dominam o mundo" como Donald Trump, Putin, Le Pen e mostrava uma tarja preta, censurando o nome do presidente eleito no último dia 28.
Após o intervalo o set inicia com a icônica "Dogs" com 17 minutos de duração. A Usina Termelétrica de Battersea, capa do "Animals", foi surgindo no led com suas quatro chaminés e o famoso porco pendurado. É de arrepiar a cenografia do show.
Quando iniciou "Pigs (Three Different Ones)" caricaturas das mais variadas do atual presidente dos EUA, Donald Trump, surgiram. O famoso porco gigante com os dizeres "Seja Humano" de um lado e "Stay Human" do outro, ficou pairando entre a arquibancada inferior e pista.
O "The Dark Side of the Moon" foi representado por "Money" e "Us and Them". Depois vieram "Brain Damage" e "Eclipse", emocionando todos, mais ainda. Em seguida o prisma sendo atingido por um feixe de luz que vira um esplêndido arco-íris. O público delirou nesse momento. Abre aspas, faltou algo dentro do prisma...
"Talvez ele tenha cansado", me disse um amigo.
Eu complemento - Talvez ele tenha cansado, de literalmente, "dar pérolas aos porcos".
Arrepios, sorrisos, emoção, lágrimas, difícil descrever o que se sente diante à uma apresentação de Sir Roger Waters. Vi pessoas se abraçando. Foi um alento esse magnífico show nesse período tão conturbado que o país enfrenta e enfrentará.
Mais para o final do show a chuva que iniciou em meados da performance ficou mais forte, com muitos raios e relâmpagos. Foi quando Waters, infelizmente, anunciou que o show seria encurtado por medida de segurança. Ficando de fora do set a clássica "Mother".
E o show termina com "Comfortably Numb".
Mesmo com a chuva cada vez mais forte, o músico desceu do palco e foi cumprimentar o público que estava na fila do gargarejo. E se despediu de todos os presentes pedindo "para nós cuidarmos uns dos outros."
Por um longo tempo não veremos Roger Waters in Terra Brasilis, já que o músico anunciou que não faria shows no país enquanto a democracia não fosse restabelecida, ou seja, durante o mandato do novo presidente eleito por 57 milhões de eleitores, para estes os shows do músico não farão falta, com certeza. Mas para os 47 milhões restantes, nos quais me incluo, fará.
No domingo passado, o ministro Jorge Mussi, corregedor do TSE, autorizou a abertura da ação apresentada pela coligação do novo presidente eleito onde pedia a inelegibilidade de Fernando Haddad, candidato do PT. Acusando Roger Waters de promover "showmícios" em favor do candidato do Partido dos Trabalhadores.
Felizmente, o Tribunal Superior Eleitoral descartou a ação, nesta quarta-feira, dia 31 de outubro.
Setlist:
Speak to Me (Intro)
Breathe
One of These Days
Time
Breathe
The Great Gig in the Sky
Welcome to the Machine
Déjà Vu
The Last Refugee
Picture That
Wish You Were Here
The Happiest
Days of Our Lives
Another Brick in the Wall Part 2
Another Brick in the Wall Part 3
Intervalo:
Dogs
Pigs (Three Different Ones)
Money
Us and Them
Smell the Roses
Brain Damage
Eclipse
Bis:
Comfortably Numb
Vida Longa a Roger Waters!!
Agradecimentos ao Jornal "No Palco" pela cessão das fotos.
Fotos: Tony Capellão
https://web.facebook.com/tony.capellao
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