Eddie Vedder: Intimista ao extremo, tocando músicas de seu coração
Resenha - Eddie Vedder (Citibank Hall, São Paulo, 28/03/2018)
Por Diego Camara
Postado em 01 de abril de 2018
Mais três apresentações esgotadas depois de mais de 6 meses sem realizar um show solo. Essa foi a marca que Eddie Vedder trouxe para os palcos do Citibank Hall em São Paulo, onde mais uma vez o músico realizou suas apresentações solo - a outra vez foi em uma turnê em 2014. Sozinho no grande palco, apenas munido de suas guitarras e violões - além de outras parafernalhas - o músico tocou as canções que encantam seu coração e os artistas que admira em sua carreira. Tudo isso regado ao bom humor, ao intimismo e a um discurso ácido contra Trump e sua campanha armamentista em pouco mais de duas horas de espetáculo.
O show já pedia desde o início que celulares e outros aparelhos eletrônicos ficassem desligados. O clima ali era diferente de outros shows, especialmente para o público acostumado com a empolgação das apresentações do Pearl Jam. Diferente da força do rock, ali o que contava para Vedder era mais a emoção e a mensagem das suas músicas, e a homenagem que queria prestar aos mortos (e alguns vivos). O público começou bastante quieto e atento, desde a abertura que Vedder realizou no órgão, até as primeiras homenagens da noite, com Daniel Johnston e a ótima "Brain Damage", do Pink Floyd.
Falou com emoção sobre a perda de seu irmão e de alguns de seus heróis neste último ano, tentando da melhor maneira se expressar em português com uma colinha em suas mãos, para encanto dos presentes. "I Am Mine", a música que vem em seguida, encanta o público, com alguns cantando junto com o vocalista. A seguinte foi em homenagem a Tom Petty, um grande amigo falecido em 2017, cantando "Wildflowers".
O repertório exótico do vocalista se misturava com os clássicos do Pearl Jam e algumas músicas de sua carreira solo de uma maneira orgânica e leve. Foi assim com "Just Breathe", em homenagem ao público presente e alguns amigos brasileiros, bastante curtida pelo público, que mostrou também bastante conhecimento da carreira solo, cantando junto músicas como "Far Behind" e "Guaranteed".
Servindo vinho ao público e convidando pessoa da plateia ao palco, Vedder se sentiu em casa durante todo o tempo. O show não era mais um show, mas parecia apenas uma jam - uma jam com um grande público, diga-se de passagem - mas o fato de o público se sentir a vontade com o vocalista, em uma relação muito mais próxima de amizade do que de uma idolatria - coisa comum neste tipo de show - é o que torna a apresentação diferente. É um show para um público bastante específico: não para os fãs do Pearl Jam ou das músicas deles, mas sim para os fãs mais aficionados pelo vocalista.
Fechando a apresentação, Vedder fez uma homenagem ao grande - e ainda vivo - Bob Dylan. Diz que a população deve se unir contra as armas, e que não devemos permitir que elas vão para as escolas, como assim pensa o presidente estadunidense Donald Trump. "Masters of War" não poderia relatar melhor a figura do atual presidente, recebendo uma grande salva de palmas dos presentes.
Em seguida, foi sublime ao fazer o cover de "Imagine", de John Lennon, que encantou o público. As luzes das lanternas dos celulares iluminaram a plateia escura, onde o público cantou a plenos pulmões, ofuscando os vocais de Vedder. Para fechar "Porch" veio em seguida, para delírio do público, que encantado sofria para permanecer sentado da apertada plateia da casa.
Aguardaram alguns minutos até o retorno de Vedder, que trouxe consigo Glen Hansard para o bis. O público aplaudiu ambos, e Vedder agradeceu aos fãs pela oportunidade de voltar a tocar seus shows solo depois de tanto tempo. Também agradeceu a Hansard, que teve tempo em sua agenda para se dirigir ao Brasil para estes shows, apesar de ter tantos compromissos na América do Norte. Tocaram duas músicas: a primeira foi "Sleepless Nights", onde gastaram o fôlego sem microfones ou amplificadores. Foi seguida pelo cover de "Society", em outra incrível apresentação, bastante curtida pelo público.
Para fechar o show, o sucesso do The Clash "Should I Stay or Should I Go" encheu o público de orgulho e emoção, fazendo todos cantarem mais uma vez a plenos pulmões. Em seguida, já em clima de despedida, tocou "Hard Sun" com participação de Hansard. O público aqui não se segurou, se levantando todos, muitos correram para a frente do palco, se aproximando de Vedder, gerando uma pequena confusão na área que dividia as poltronas e cadeiras, já que o público do outro setor não foi permitido se aproximar do palco. Isso tudo, porém, não ofuscou a excelente apresentação de Vedder, que mais uma vez encantou todos os fãs.
Setlist:
Intro: Waving Palms
Cross The River
Walking the Cow (cover de Daniel Johnston)
Long Road (música do Pearl Jam)
Brain Damage (cover do Pink Floyd)
Sometimes (música do Pearl Jam)
Keep Me in Your Heart (cover de Warren Zevon)
I Am Mine (música do Pearl Jam)
Wildflowers (cover de Tom Petty)
Just Breathe (música do Pearl Jam)
Without You
Far Behind
Guaranteed
Millworker (cover de James Taylor)
Rise
Hurt (cover de Nine Inch Nails)
Wishlist (música do Pearl Jam)
Light Years (música do Pearl Jam)
Crazy Mary (cover de Victoria Williams)
Bad (cover do U2)
Immortality (música do Pearl Jam)
Masters of War (cover de Bob Dylan)
Imagine (cover de John Lennon)
Porch (música do Pearl Jam)
Bis:
Sleepless Nights (cover do The Everly Brothers, com Glen Hansard)
Society (cover de Jerry Hannan, com Glen Hansard)
Should I Stay or Should I Go (cover do The Clash)
Hard Sun (cover de Indio, com Glen Hansard)
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