David Coverdale e a palavra "Love" - Parte I
Por Paulo Roberto Unzelte
Postado em 15 de abril de 2006
Conheci o Whitesnake na época do Rock in Rio I, janeiro de 1985, quando houve a transmissão dos dois shows da banda pela Globo. Algumas semanas depois dos shows dos caras, o Fantástico fez a estréia e rede nacional do clip da "Slow An' Easy". Tinha ainda o comercial do cigarro Hollywood na época, em que Coverdale cantava acompanhado pela banda nacional Rádio Taxi. O legal era a abertura em que o Coverdale mandava ver com aquele vozeirão: "Aqui é David Coverdale, do Whitesnake. Isso é o sucesso...". A propaganda fechava com Coverdale detonando seu português no estilo Sting quando veio cantar com os índios da Amazônia: Hollywood cantado pelo backing vocals. E David Coverdale mandava ver a frase: "o chuchechou" - tradução: o sucesso).
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Como tudo que a Globo põe a mão, a onda roqueira foi passando e apenas os mais fiéis continuaram interessados pelos ídolos daquele tempo. E este é o meu caso. Peço desculpas aos leitores por esta minha breve introdução de como comecei a ouvir o Whitesnake e o próprio Coverdale. Só que desde o começo algo nas letras me intrigava: porque ele usava tantas vezes a palavra "LOVE". Incentivado com a possibilidade de escrever um texto para o Whiplash, decidi resolver este dilema que me tirava o sono...
Para que meus números sejam exatos, criei algumas regrinhas básicas:
1) Considerei apenas o período em que David Coverdale foi líder de suas bandas, ou seja, Whitesnake, Coverdale e Page e carreira solo (inclusive "The Last Note of Freedom", de Billy Idol). Portanto, sua passage pelo Deep Purple está excluída (julgo que a banda já tinha uma carreira consolidada quando Coverdale entrou. Sei que o "Come Taste The Band" é totalmente influenciado pelo vocalista, por Glenn Hughes e por Tommy Bolin, em que abusaram do tema e da palavra "LOVE", porém mantenho esta regra;
2) Foram consideradas as palavras "LOVE" e seus derivados "LOVING", "LOVER" e "LOVED". As palavras não precisam ter necessariamente uma conotação romântica, como por exemplo na "Walking In The Shadows Of Blues", em que a frase é "I Love The Blues"... Não importa a quantidade de vezes que as palavras sejam repetidas na mesma música, pois será considerada apenas uma vez, através do nome da música;
3) As regravações e versões ao vivo não foram consideradas, consequentemente as músicas da fase do Deep Purple voltaram a ser ignoradas;
4) Logicamente não foram consideradas as músicas instrumentais;
5) Não foram consideradas participações em projetos paralelos como convidado.
Foram analisadas então as letras de 131 músicas.
Para minha surpresa, em "apenas" 92 delas há a palavra "LOVE" e seus derivados, ou seja, em cerca de 70% da obra.
Há ainda 23 músicas que contam com a palavra "LOVE" e seus derivados no título (17,55% do total e 25% das músicas que tenham a palavra LOVE). Algumas destas músicas são verdadeiros clássicos, como "Lovehunter", "Guilty of Love", "Love Ain´t No Stranger", "Give Me All Your Love", entre muitos outros.
Porém, engana-se quem pensa que a fase "amorosa" de Coverdale é proveniente de sua fase mais acessível (leia-se baba ou comercial para os menos radicais). A prova disto só foi possível através da análise individual dos álbuns:
Em "Whitesnake" (primeiro disco solo de Coverdale), das 9 músicas, há a palavra amor e seus derivados em 5;
Em "Northwinds" (segundo disco solo de Coverdale), das 8, há a citação em 6;
Em "Snakebite" (primeiro disco do Whitesnake), nas 4 músicas inéditas há citações;
Em "Trouble" (Whitesnake), das 8, só "Day Tripper" (que é dos Beatles) não há citação;
Em "Lovehunter" (Whitesnake), das 10, há a citação em 6;
Em "Ready and Willing" (Whitesnake), das 8, há a citação em 6;
Em "Come an Get it" (Whitesnake): das 10, há citação em 9;
Em "Saints and Sinners" (Whitesnake): das 10, há citação em 5;
Em "Slide it In" (Whitesnake): das 10, há citação em 9;
Em "1987" (Whitesnake): das 7 inéditas, há citação em 6;
Em "Slip of the Tongue" (Whitesnake): das 9, há citação em 5;
Em "Coverdale e Page" (Coverdale e Page): das 11, há a citação em 7;
Em "Greatest Hits" (Whitesnake): nas 3 músicas inéditas há citações;
Em "Restless Heart" (versão do Japão) (David Coverdale e Whitesnake): das 13, há citação em 6;
Em "Into the Light" (David Coverdale): das 10, há citação em 7;
A música "Last Note of Freedom" em que Coverdale canta para a trilha sonora do filme "Dias de Trovão" também tem a citação.
Espero que a partir destes números, tenha resolvido uma questão relevante para muitos fãs de Whitesnake e do rock em geral. Porém, sei que a utilidade destes dados é bastante discutível, mas não faz mal para ninguém, assim como o amor, as músicas de David Coverdale e um pouco de cultura inútil.
Deixo aqui autorizada a utilização dos dados aqui expostos em rodas de amigos, conversas para passar o tempo enquanto se espera o início de shows, papo de boteco e outros afins...
Paulo Roberto Unzelte ([email protected]) tem 35 anos e é jornalista. Começou a curtir rock pesado na primeira metade da década de 80, graças aos raros vídeos que passavam na TV Cultura e Gazeta. Após o Rock in Rio I (sim, sou da geração metaleira), tudo ficou mais fácil. Foi quando realmente comecei a consumir fitas cassetes, LPS e posteriormente CDS. Bandas preferidas: Deep Purple, Whitesnake, Rainbow, Metallica (antigo), Black Sabbath, Savatage, Iron Maiden, Slayer, entre muitas outras...
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