Pierce The Veil: Sem desventuras, banda volta a São Paulo
Resenha - Pierce The Veil (Carioca Club, SP, 10/07/2016)
Por Fernando Yokota
Postado em 15 de julho de 2016
Após três anos, o quarteto californiano PIERCE THE VEIL retornou a São Paulo, desta vez divulgando Misadventures, seu último e recém-lançado trabalho. Confiantes de que se trata de seu melhor registro em estúdio, a banda vinha apresentando o álbum na íntegra em apresentações recentes pelos Estados Unidos. A longa espera dos fãs sulamericanos, contudo, deve ter pesado quanto à escolha do repertório apresentado, pois a banda optou por uma abordagem menos ousada, estendendo o repertório a outros itens de sua discografia.
Ao pai de um fã, ostentando sua camiseta do Iron Maiden, encostado num canto e observando o velho Carioca Club -- nem tão cheio, não tão vazio --, enquanto o rebento se acabava no mosh pit, Misadventures é provavelmente o mais perto do que a discografia atual da banda chegue na condição de denominador comum geracional no que tange o gosto musical. Aos ouvidos mais defumados pelo velho e já quase gagá rock and roll da geração X mas que queiram dar uma chance à banda de San Diego, é possível que Misadventures seja a melhor porta de entrada.
Inserido naquilo que se convencionou chamar de post hardcore, o PIERCE THE VEIL mostra ter parentesco mais próximo com o rock mais clássico quando comparado a contemporâneos como SLEEPING WITH SIRENS ou o BRING ME THE HORIZON. Mais evidente em Misadventures, o PIERCE THE VEIL não nega uma influência mais rocker, seja com a ocupada mão esquerda do guitarrista Tony Perry, as listras na Explorer do frontman Vic Fuentes ao melhor estilo Eddie Van Halen ou o riff de Dive In e seu parentesco com Plug In Baby do MUSE.
Se o local não se encontrava plenamente cheio, o entusiasmo adolescente enchia a pista com barulho ensurdecedor num coquetel polvoroso de hormônios, cafeína e açúcar (em certo ponto a banda brinda com o que pareciam ser latas de coca cola e para o show para uma foto), que literalmente explode com confetes e papel picado ao som de Dive In, faixa de abertura do novo álbum. No palco, o baixista Jaime Preciado funciona como abanador de churrasqueira, mantendo a brasa quente com pulos, caretas e backing vocals.
Banda e fãs se entendem na condição de coparticipantes de uma mesma geração, tornando aqueles que estão no palco não muito diferentes daqueles que estão na pista. Disso, resulta-se um clima que lembra o daqueles festivais de bandas de escola: quem assiste ao show ao mesmo tempo torce pelo colega no palco num espírito de congraçamento coletivo, um pouco diferente da relação que os pais (e, hoje, dos avós) desses fãs tinham com seus ídolos. Isso, no entanto, não é impeditivo para a gritaria, exaltação com direito a demonstrações corporais descontroladas (fãs caindo ao chão ao ouvir a música favorita eram vistos aos montes) e a fã que parece estar tomada por um misto de pânico e alegria ao ser convidada ao subir no palco.
Essa simbiose é posta a teste quando a banda decide, pela primeira vez, tentar uma versão acústica para Today I Saw The Whole World. Despido da parede de som provida pelos amplificadores, Vic Fuentes mostra certa vulnerabilidade ao ficar evidente que algumas das notas mais altas ficam aquém do seu alcance, pelo menos ao vivo e no afã da apresentação. Àquele com ou ouvido mais desprendido ao coração à ocasião, o PIERCE THE VEIL soa melhor plugado e em alto som.
Nada disso, entretanto, atrapalharia a noite dos fãs, que explodem ao ouvir canções como Caraphernelia (que, na versão original conta com Jeremy McKinnon do A DAY TO REMEMBER), Hell Above, e a favorita King For a Day (que tem a participação de Kellin Quinn do SLEEPING WITH SIRENS na versão de estúdio), todas de Collide With The Sky, álbum que consolidou a carreira da banda, mas que também cantavam as novas como Texas Is Forever.
Ao final da noite, era impossível resistir à tentação de imaginar como seriam os jantares nas casas das famílias de roqueiros, com os pais contando para os filhos que viram Richie Sambora e Orianthi tocando as velhas e gastas músicas do Bon Jovi de graça no Ibirapuera. "Richie quem?", vários deles certamente perguntaram.
SAVANTINC
Mais cedo, o show de abertura da noite ficou por conta do SAVANTINC, representante de Guarulhos-SP. Com um som que alcança marcas mais altas no índice de peso quando comparado ao ato principal da noite (fãs do PROJECT 46 talvez se interessem pelo som da banda), a banda passou sem acidentes pelo palco do Carioca Club apresentando seu metalcore em português, aparentemente angariando novos fãs à frente do palco, que pareciam aprovar a apresentação dos paulistas.
Set list SAVANTINC
Pra Você, O Meu Silêncio
Interpolar
Intensidade
Delirium
Reviver
Fala
Quando O Sol Nascer
Set list PIERCE THE VEIL
Dive In
Texas Is Forever
A Match Into Water
Floral & Fading
Bulletproof Love
Hold On Till May
Today I Saw the Whole World (acústico)
Hell Above
The Divine Zero
Bulls in the Bronx
Caraphernelia
Circles
King for a Day
Com os agradecimentos à Liberation e a The Ultimate Music pelo credenciamento.
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