Faith No More: Afrolatinidade e a delicada arte de fazer inimigos
Resenha - Faith No More (Espaço das Américas, São Paulo, 24/09/2015)
Por Durr Campos
Postado em 26 de setembro de 2015
Mike Patton é também conhecido por sua arte da bagunça. E não me refiro somente a quartos de hotéis destruídos ou a popularização do stage diving em sua forma mais perigosa, mas por unir funk, hip Resenha , hardcore, punk, polka, jazz, hard rock, metal, soul, gospel, lounge music, pop etc. No Faith No More, o vocalista não canta desde sempre (afinal, até Courtney Love, a viúva de Cobain, segurou o microfone no grupo), mas é certamente a peça principal por ali. Colecionam algumas passagens pela capital paulista, mas falaremos neste texto somente sobre a mais recente, no último dia 24. Acompanhem.
Faith No More - Mais Novidades
Quando cheguei ao Espaço das Américas naquela noite, notei quão belo estava o palco. Todos os instrumentos na cor branca [assim como as roupas dos músicos e seus roadies], havia flores por todos os lados e alguns elementos misturando terreiro de Umbanda e acampamento hippie. Não me surpreendeu, creio que nem boa parte do público, pois a ligação entre FNM, o Brasil e cultura afro-latina [lembra das guias nos pescoços de alguns deles?] é coisa antiga, inclusive a canção 'Evidence' teve sua letra cantada boa parte em português.
Naturalmente "Sol Invictus", lançado este ano, teve boa participação no repertório [cerca de 30%], passando pela primeira da noite, 'Motherfucker', uma das mais interessantes no álbum, mas também as bacanas 'Matador', 'Separation Anxiety', 'Sunny Side Up' e, minha opinião, a melhor dentre as novas, o [já?] hit 'Superhero'. A cozinha de Mike Bordin e Billy Gould, baterista e baixista, respectivamente, sempre impecável, mostra-se renovada e repleta de groove e inventividade; o tecladista e um dos principais compositores, Roddy Bottum, cantou bastante e atuou em seu instrumento daquele jeito que gostamos, diria, 'tocou para a música', ou sei lá como definiria seu modus operandi. Não esqueçamos do Jon Hudson, que desde 1996 segura as pontas nas seis cordas e o faz muito bem!
Falando em álbuns, "Angel Dust" [1992] teve suas prioridades no set: 'Caffeine', sensacional e extrema, com uma irretocável atuação dos cinco, em especial Patton e sua cor de camarão nas notas mais altas. O hino 'Everything's Ruined', obrigatória, causou o que esperamos dela: ovação! A dupla restante, 'Land of Sunshine' e 'Midlife Crisis' receberam igual carinho e foram cantadas de ponta a ponta, inclusive após o soltar o refrão desta última à galera, o cantor soltou um hilário 'sacanagem', em claro português. Sem falar na velha provocação sobre quem grita mais alto, lado equerdo ou direito da plateia, porém com os singelos 'porra' para um e 'caralho' pro outro. E o arranjo com 'Lowdown' de Boz Scaggs? Olha, aproveite e escute "Silk Degrees", mais famoso disco dele. Vai te surpreender.
"Se queres abrir o buraco, baixa a cabeça e aí está. Afasta bem tua cor de circunstância, afasta hasta [sic] teu sabor de evidência...". Sim, 'Evidence', como mencionada mais acima, veio naquela deliciosa versão em nossa língua e, assim como ocorreu no festival SWU em 2001, teve ajuda dos fãs e ficou ainda mais bela. 'Chinese Arithmetic', do "Introduce Yourself" [1987, último com Chuck Mosley nos vocais] teve um trechinho da premiada 'All About That Bass' [Meghan Trainor], que combinou, até! Dali adiante, tivemos mais algumas, dentre elas 'Easy', famosa versão do clássico dos Commodores de Lionel Ritchie, e uma das minhas favoritas de todos os tempos, 'Ashes to Ashes', infelizmente única do incrível "Album of the Year" [1997]. Eu esperava ouvir 'Stripsearch' e 'Last Cup of Sorrow', esta tocada para os argentinos 4 noites antes, mas entendo a dificuldade em montar um set-list com tanta coisa boa no catálogo.
O ´encore´, além de ´The Crab Song´, trouxe a sobrenatural ´From Out of Nowhere´, nem achei que tocariam, e a dispensável ´I Started a Joke´ (Bee Gees), a qual poderia ter sido trocada por uma daquelas de "AotY", mas enfim. Olha, sempre haverá espaço em meu coração para o Faith No More. Agradecimentos especiais à produção e à assessoria de imprensa do evento, Midiorama, pelo credenciamento.
Set-list
Intro: Maggot Brain (Funkadelic)
Motherfucker
Land of Sunshine
Caffeine
Everything's Ruined
Evidence (versão em português)
Epic
Sunny Side Up
Midlife Crisis (com interlúdio de 'Lowdown', do Boz Scaggs)
Chinese Arithmetic (trecho de 'All About the Bass', da Meghan Trainor)
The Gentle Art of Making Enemies
Easy (cover do Commodores)
Separation Anxiety
Matador
Ashes to Ashes
Superhero
Encore:
The Crab Song
From Out of Nowhere
I Started a Joke (cover dos Bee Gees)
Outro: Raindrops Keep Fallin' on My Head (Burt Bacharach)
P.S.: A banda tocou no Rock in Rio na noite posterior. Veja o show completo no link abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A maior canção já escrita de todos os tempos, segundo o lendário Bob Dylan
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
Bruno Sutter aposta alto e aluga o Carioca Club para celebrar 50 anos de Iron Maiden em São Paulo
Kiko Loureiro diz o que o levou a aceitar convite para reunião do Angra no Bangers Open Air
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
Guns N' Roses fará 9 shows no Brasil em 2026; confira datas e locais
O grupo psicodélico que cativou Plant; "Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos"
A melhor banda de rock progressivo de todos os tempos, segundo Geddy Lee
Abandonado pela banda em posto de gasolina, músico pede dinheiro para voltar pra casa
Com mais de 160 shows, Welcome to Rockville anuncia cast para 2026
Guns N' Roses anuncia lançamento dos singles "Nothin" e "Atlas" para 2 de dezembro
Bangers Open Air acerta a mão mais uma vez e apresenta line-up repleto de opções
Quem é Alírio Netto, o novo vocalista do Angra que substituiu Fabio Lione
10 álbuns incríveis dos anos 90 de bandas dos anos 80, segundo Metal Injection
O que pode ter motivado a saída abrupta de Fabio Lione do Angra?
Como James Hetfield, do Metallica, ajudou a mudar a história do Faith No More
Tecladista anuncia que o Faith No More não volta mais
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente
Maximus Festival: Marilyn Manson, a idade é implacável!


