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Nile: A mistura do Brasil com o Egito

Resenha - Nile e Imperious Malevolence (Carioca Clube, São Paulo, 21/12/2013)

Por Durr Campos
Postado em 24 de dezembro de 2013

Em sua segunda passagem pelo Brasil, o NILE, grupo formado em Greenville, Carolina do Sul, nos EUA, fez o que sabe de melhor: um show com esmero e ótima presença de palco. Sendo um dos pioneiros do chamado technical death metal e o primeiro a fundir o gênero com a música egípcia, compõe e executa como poucos um repertório ao mesmo tempo brutal, melodioso e progressivo. Karl Sanders (vocal e guitarra), único membro original desde 1993, assim como o seu companheiro nas mesmas funções musicais, Dallas Toler-Wade, além do monstro George Kollias (bateria) e o "novato" Todd Ellis chegaram com tudo no Carioca Clube e estamparam um sorriso em cada um ali. O Whiplash.Net não poderia deixar de registrar glorioso momento. Acompanhe o resumo nas próximas linhas e cliques do Diego "Pohjola" Cabral da Camara.

Nile - Mais Novidades

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Texto: Durr Campos
Fotos: Diego Cabral da Camara

Imperious Malevolence

Responsável por encetar o evento, o curitibano Imperious Malevolence não só deu conta como provavelmente angariou mais seguidores dentre a tímida plateia que ainda adentrava. O trio forma uma das agremiações mais provectas do underground sulista deste país, tendo uma coleção de aproximadamente 200 (sim, duzentos!) shows na Europa! Além do mais possui uma bela discografia contendo quatro álbuns, alguns splits, EPs e um excelente DVD, "Kill, Fuck & Destroy" (2005), bastante popular e querido no submundo. O novo line-up parece ainda mais perverso com o advento da entrada de Alex W.A. (Deformed Slut/ Lachrimatory) no posto de baixista/vocalista, deixado há não muito tempo por Hernan. Os outros já conhecemos: Danmented nas seis cordas e o exímio Antônio Death nos tambores e pratos.

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O mais recente filho da horda chama-se "Doomwitness" e foi para promovê-lo que caíram na estrada. Dali tocaram mais da metade: "Rot In Peace (R.I.P)", que abre tanto a bolachinha quando o fez para o concerto, "Antigenesis", "Priests Of Pestilence", a sensacional "A Banquet In Hell", "Seek For Mephisto", mentalmente desesperadora, e minhas duas favoritas na bolachinha: "Nihilisticon" e a doentia faixa-título. A raça em cena foi tomando conta do lugar e nos instantes finais já tinham os metalheads nas mãos. Eles sabiam que o nível era alto e aplicaram o que já fazem há quase duas décadas. Pessoalmente fiquei muito satisfeito em ouvir "Arquiteto da Destruição", do "HateCrowded" (2002), bem como a versão aniquiladora para "Lunatic Of God´s Creation", do Deicide. O final veio em malévolo e inteligente estilo com a canção que dá nome ao grupo. Pouco após já estavam na banca de merchandising vendendo seu material e batendo trocando uma ideia com os bangers.

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Set-list
Rot in Peace
Antigenesis
Doomwitness
Excruciate (Where Demons Dwell)
Seek For Mephisto
A Banquet In Hell
Nihilisticon
Priests Of Pestilence
Arquiteto da Destruição
Lunatic Of God´s Creation (Deicide Cover)
Imperious Malevolence

Nile

Meia hora após às dezenove e os protagonistas já iniciavam seu culto com a introdução "Dusk Falls Upon the Temple of the Serpent on the Mount of Sunrise", colada com "Sacrifice Unto Sebek", ambas de seu aclamado (um dos!) álbum "Annihilation of the Wicked" (2005). Até pensei que seria "Cast Down the Heretic" a escolhida para a tarefa, mas sua vizinha no disco ficou de boníssimo tamanho, tendo sido responsável por uma recepção classe A aos estadunidenses. Na verdade os caras já sabem que tocar aqui é garantia de felicidade geral. Karl Sanders era só sorrisos. Com a defluência em "Defiling the Gates of Ishtar", uma das joias mais preciosas daquela pirâmide sônica, artefato do magnânimo "Black Seeds of Vengeance" (2000), a situação complicou no meio do Carioca aos que não conseguem lidar com o mosh-pit. Sorte dos que o encaram, no entanto, pois ficou bem legal. Pessoalmente adoro esta ao vivo, até porque mantém a paradinha para o coro original registrado em estúdio.

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Dallas veio cumprimentar os fãs e perguntou se estavam se divertindo e tomando umas. Sem pestanejar catou uma lata de cerveja ali no canto do palco e brindou aos seus seguidores: "vamos tomar umas com vocês, também", disse. As duas que se seguiram, "Kafir!" e "Hittite Dung Incantation", ambas do excelente "Those Whom the Gods Detest" (2009), tocaram o terror e causaram geral. No ato viajei até a capa, quem se lembra da imagem da estátua do faraó egípcio Aquenáton ilustrado de lado e com diversas imperfeições causadas pelo tempo em alusão à original? Um pouco de história: O rapaz é geralmente creditado à instituição de uma religião monoteísta entre os egípcios, o que segundo consta, tratava-se da tentativa de ceifar o poder político das mãos dos então sacerdotes, em especial os adoradores do deus Amon, de Tebas. Verdade seja dita, o sexto álbum de estúdio do Nile trouxe um peso extra ao já extremo contexto dos anteriores. Mesmo assim ainda houve uma bela colocação nos charts de seu país, onde figurou na 160ª posição da Billboard em sua estreia.

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A técnica e pujança de "Enduring the Eternal Molestation of Flame" garantiu que nenhum pescoço ali fosse poupado, mesmo com as quebras em seu andamento. Dallas antes questionou se a maioria conhecia o mais recente "At the Gate of Sethu" (2012) até por conta de naquele ponto escolherem uma trinca dele para abastecer os exigentes pagantes. Então veio "The Inevitable Degradation of Flesh" e uma rasgação de seda básica ao "Brasa" por parte de "Wade", o qual disparou: "Já viajamos pra caralho, mas aqui é um dos lugares mais metal do Universo!" Já "Supreme Humanism of Megalomania" foi anunciada por Sanders e tamanha genialidade deve ter saído daquela criança (na verdade é de todos exceto do baixista). Quem concorda que há algo meio dançante nela? Se prestarmos mais atenção iremos constatar que a "culpa" é do riff principal meio Samael dos tempos de "Ceremony of Opposites" (1994).

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O "In Their Darkened Shrines" (2002) foi muito bem lembrado em três daquelas de levantar múmia de qualquer catacumba dessas por aí. Se seguirmos a ordem daquela noite "The Blessed Dead" fez as honras, daí algumas após foi a vez da ótima "Sarcophagus" e então aquela pela qual mais me apeguei, "Unas Slayer of the Gods". Que sapatada! Adoro tudo: o título, a parada para a bateria (a qual mostra a sobrenatural tranquilidade com que Kollias expressa-se ao tocá-la), o show de riffs, solos e, eles, os bumbos! A obra-prima ainda nos brinda com um final "faraonicamente" (existe essa?) egípcio, mas não seria tudo aquilo de grandioso se não fosse por aquela parte falada que parece um discurso feito pelo próprio Amon-Rá. Como misturei os quitutes e quebrei a ordem, é necessário citar o hino "The Howling of the Jinn", da fabulosa estreia "Amongst the Catacombs of Nephren-Ka" (1998), a tântrica e percussiva "Ithyphallic", também "Lashed to the Slave Stick" – cantada em partes por Todd, além do "hit" Black Seeds of Vengeance que não só foi cantada pela massa como rematou o assombro que foi ter o Nile encerrando um dos anos mais ricos em termos de shows, tanto os gringos quanto os brazucas.

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Line-up
Karl Sanders - vocal e guitarra
Dallas Toler-Wade - vocal e guitarra
George Kollias - bateria
Todd Ellis - baixo

Set-list Nile
(Dusk Falls Upon the Temple of the Serpent on the Mount of Sunrise)
Sacrifice Unto Sebek
Defiling the Gates of Ishtar
Kafir!
Hittite Dung Incantation
The Inevitable Degradation of Flesh
Enduring the Eternal Molestation of Flame
Supreme Humanism of Megalomania
The Blessed Dead
The Howling of the Jinn
Ithyphallic
Sarcophagus
Lashed to the Slave Stick
Unas Slayer of the Gods
Black Seeds of Vengeance

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Sobre Durr Campos

Graduado em Jornalismo, o autor já atuou em diversos segmentos de sua área, mas a paixão pela música que tanto ama sempre falou mais alto e lá foi ele se aventurar pela Europa, onde reside atualmente e possui família. Lendo seus diversos artigos, reviews e traduções publicados aqui no site, pode-se ter uma ideia do leque de estilos que fazem sua cabeça. Como costuma dizer, não vê problema algum em colocar para tocar Napalm Death, seguido de algo do New Order ou Depeche Mode, daí viajar com Deep Purple, bailar com Journey, dar um tapa na Bay Area e finalizar o dia com alguma coisa do ABBA ou Impetigo.
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