Sugar Ray: um ótimo show para público pequeno em POA
Resenha - Sugar Ray (Pepsi on Stage, Porto Alegre, 28/10/2012)
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 01 de novembro de 2012
O rock dos anos noventa está de volta. Depois de uma pausa de quase seis anos, a banda norte-americana SUGAR RAY retornou à ativa com o álbum "Music for Cougars", em 2009. Embora despretensioso e sem nenhum alarde, o trabalho colocou o grupo novamente em evidência, para uma excursão pela América do Sul, três anos depois. A breve turnê pelo continente, que passou por Peru e Paraguai, desembarcou no Brasil para apenas dois espetáculos, em Florianópolis e Porto Alegre. Na capital gaúcha, o pequeno público que compareceu ao Pepsi on Stage viu uma banda em plena forma física, mas que carece de um repertório de mais sucesso.
Fotos: Liny Oliveira
O hiato do SUGARY RAY e o acúmulo de shows nacionais e internacionais em Porto Alegre foram determinantes para que o Pepsi on Stage recebesse (apenas) cerca de mil pessoas para o show de Mark McGrath & Cia. A abertura da noite ficou por conta do artista solo gaúcho TWEEDY, que entrou em cena – acompanhado da sua banda – pontualmente às 21h. No repertório, músicas próprias como "Trilha", que já foi, inclusive, destaque na rádio Itapema FM. No entanto, as releituras é que embalaram a plateia ainda pequena formada no Pepsi on Stage. A faixa "Crazy" (do duo GNARLS BARKLEY) foi a que despontou à frente das demais. O show de cerca de trinta minutos do TWEEDY foi muito bom e merece casa cheia em uma próxima oportunidade.
Em atividade desde meados dos anos oitenta, o SUGAR RAY, que é atualmente formado por Mark McGrath (vocal), Rodney Sheppard (guitarra), Justin Bivona (baixo), Jesse Bivona (bateria) e Al Keith (percussão), entrou em cena também em ponto, às 21h30. Embora tivesse o disco "Music for Cougars" (2009) para mostrar ao público gaúcho, o foco do espetáculo foi o trabalho de longa data do conjunto. A primeira música a ser executada foi a pesada – e influenciada pelo rap – "Rhyme Stealer", do debut "Lemonade and Brownies", de 1995. O primeiro hit apareceu já na sequência do set-list: "Someday" foi a escolha perfeito para agradar também os menos acostumados com o rock extremamente alternativo do conjunto. Embora o repertório tenha mesclado altos e baixos, o carisma de Mark McGrath foi a principal constante durante toda a noite. Não há dúvidas de que o cara – e a banda também – tinha o intuito de proporcionar um show enérgico e divertido para o público.
O frontman Mark McGrath é extremamente comunicativo e certamente a principal estrela do SUGAR RAY. As piadas sobre o passado da banda com o POISON e os shows realizados ao lado do SEPULTURA anos atrás serviram para brincadeiras e muito bate-papo entre as músicas. O show prosseguiu com uma faixa relativamente conhecida: "Answer the Phone", do álbum "Sugar Ray", de 2001. Não há dúvidas de que a banda possui um bom repertório – mas é inegável que poucos hits atravessaram a Califórnia para se tornarem sucesso no mundo inteiro. Na sequência, "Is She Really Going Out with Him?" e a interessante "Speed Home California" deixaram claro que o SUGAR RAY consegue proporcionar um verdadeiro show de rock (como poucos). No entanto, a mistura de gêneros e de influências é provavelmente o maior pecado que o quinteto norte-americano comete. A sonoridade da banda fica sempre em cima do muro – entre o comercial radiofônico e o alternativo independente.
O espetáculo continuou com a boa "Under the Sun" e com as pouco expressivas "Falls Apart" e "Iron Mic". Porém, o SUGAR RAY rapidamente reverteu o clima apenas morno do espetáculo, ao investir em uma dupla homenagem aos RAMONES. A dobradinha nervosa "Mean Machine" e "Blitzkrieg Pop" animou os presentes e evidenciou o envolvimento do quinteto californiano com a plateia. Com um repertório curto de pouco mais de 1h15 de show, Mark McGrath & Cia. encaminhavam a noite para o seu final com uma trinca de faixas que fizeram relativo sucesso aqui no Brasil. A clássica "Every Morning" precedeu "When It’s Over" e "RPM", antes da despedida e do anúncio do retorno para o bis.
Na volta da banda para o palco, Mark McGrath comandou o momento mais hilário da noite. O cantor chamou ao palco dois fãs para assumirem o microfone em uma espécie de batalha de vocalistas. Os escolhidos cantaram trechos de "Jump Around" (do HOUSE OF PAIN) e de "I Gotta a Feeling" (do BLACK EYED PEAS), para o delírio dos que entraram no espírito da brincadeira. As piadas foram muitas e se estenderam até a derradeira despedida com o maior hino do SUGAR RAY: "Fly". A plateia que compareceu ao Pepsi on Stage deixou o local com um sorriso estampado no rosto. Embora correndo por fora na preferência do público, que aparentemente preferiu assistir SLASH e KISS ao invés do SUGAR RAY, nenhuma pessoa foi embora insatisfeita com o que viu. O que falta agora é Mark McGrath deslanchar com um disco mais impactante para uma próxima turnê por aqui.
Set-list:
01. Rhyme Stealer
02. Someday
03. Answer the Phone
04. Is She Really Going Out with Him?
05. Speed Home California
06. Under the Sun
07. Falls Apart
08. Iron Mic
09. Mean Machine
10. Blitzkrieg Bop
11. Every Morning
12. When It's Over
13. RPM
14. Fly
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