Sebastian Bach: Acertando as contas com o público em Porto Alegre
Resenha - Sebastian Bach (Opinião, Porto Alegre, 15/04/2012)
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 17 de abril de 2012
Os problemas de logística que afetaram o show de SEBASTIAN BACH e do GUNS N’ ROSES na capital gaúcha em 2010 representavam um atrativo a mais para quem queria assistir o ex-SKID ROW ao vivo em 2012. Por isso, poucos se surpreenderam com o tamanho da expectativa criada em torno do espetáculo que mostrava na prática o porquê de "Kicking & Screaming" (2011) ser apontado como uma das melhores obras do ano passado. O público compareceu em peso e praticamente lotou o Opinião para conferir uma performance que não pode ser considerada perfeita. No entanto, SEBASTIAN BACH compensou as falhas com muito carisma e vontade em cima do palco.
Sebastian Bach - Mais Novidades
O histórico de incidentes que envolvem o cantor norte-americano e a capital gaúcha é impressionante. Com a sua ex-banda em 1992, uma bomba arremessada no palco montado no Gigantinho por pouco não encerrou precocemente o debut de SEBASTIAN BACH na cidade. O fraquíssimo público que compareceu ao espetáculo de 2005 deixou praticamente subentendido que seria difícil o ex-SKID ROW retornar no futuro. Porém, muitas coisas ficaram no passado e os problemas de ordem técnica na abertura para o GUNS N’ ROSES dois anos atrás serviram para reacender uma vontade da plateia gaúcha por muito tempo adormecida. O repertório do SKID ROW ainda causa delírio até mesmo entre os menos fanáticos e o set-list complementado a partir de dois ótimos discos – "Angel Down" (2007) e "Kicking & Screaming" (2011) – é mais do que suficiente para uma boa noite de rock n’ roll.

A abertura da noite ficou por conta da porto-alegrense ZERODOZE. Com um repertório de pouco mais de vinte minutos baseado no seu disco novo, intitulado "O Peso que Corrói", o power-trio apresentou um hard rock encorpado e extremamente direto. A sonoridade de Cristiano Wortmann (vocal e guitarra), André Lacet (baixo) e Alberto Andrade (bateria) é moderna e possui muita personalidade. Embora tenha executado um set curtíssimo, o grupo deixou o palco do Opinião sob uma forte chuva de aplausos e comprovou o porquê de ser mencionada como o principal expoente do underground sulista. Os destaques do show ficaram por conta das faixas "Da Onde Veio" (do disco novo) e "Ninguém". A última possui um ótimo videoclipe no Youtube e soou ainda mais pesada ao vivo. O recente "O Peso que Corrói" pode ser baixado gratuitamente no site oficial da ZERODZE (http://www.zerodoze.com).
A banda comandada por SEBASTIAN BACH subiu ao palco do Opinião pontualmente às 22h para dar início ao espetáculo que muitos estavam ansiosos para finalmente assistir. O atraso de mais de quatro horas na abertura para o GUNS N’ ROSES foi um obstáculo difícil de ser superado por uma parcela de admiradores do ex-SKID ROW. A desistência por conta do horário e o show praticamente vazio cinco anos atrás davam à turnê de "Kicking & Screaming" (2011) a cara de uma primeira vez na cidade. O cantor abriu a noite com a óbvia "Slave to the Grind" e a emendou com a faixa-título do seu mais recente trabalho. Por mais que o comprometimento de SEBASTIAN BACH em cima do palco fosse extremamente visível e até mesmo comovente, a qualidade do espetáculo foi um pouco comprometida por dois aspectos. As guitarras de Johnny Cromatic e do jovem Nick Sterling pecavam pela ausência do peso típico dos trabalhos de estúdio e a voz do ex-SKID ROW nitidamente não esbanja a mesma potência de anos atrás.

Entretanto, as duas falhas do espetáculo foram contornadas de maneira mais do que eficiente. A performance contagiante de SEBASTIAN BACH – que girava o microfone a todo momento como nos tempos de SKID ROW – e o seu envolvimento com a plateia compensaram qualquer nota mais alta que não era atingida. Para suprir o desgaste natural da voz ocasionado pelo tempo e pelo uso excessivo, o cantor deixava em muitos momentos o público comandar as partes mais enérgicas dos clássicos do seu ex-grupo. A banda – que ainda contava com Jason Christopher (baixo) e o sensacional Bobby Jarzombek (bateria) – intercalou a nova "Dirty Power" com outras duas faixas do SKID ROW que foram muito ovacionadas pelos gaúchos: "Here I Am" e "Big Guns". Na sequência, uma das principais músicas do disco "Angel Down" (2007) comprovou a consistência do trabalho solo mais recente de SEBASTIAN BACH: "(Love Is) a Bitchslap" foi cantada por boa parte dos presentes.
O carisma do cantor norte-americano – que completou no início de abril quarenta e quatro anos de idade – é a marca mais evidente de todo o seu show. Porém, o repertório possui pontos altos que se estendem para além das músicas inevitáveis e extremamente bem recebidas do SKID ROW. A faixa "Stuck Inside" – outra retirada do ótimo "Angel Down" (2007) – funcionou (mais uma vez) perfeitamente ao vivo. Os ajustes que foram feitos aos poucos melhoraram consideravelmente o som das duas guitarras a partir daqui. A verdade é que o público não deixou de interagir com SEBASTIAN BACH um minuto sequer. O suporte dado pelos gaúchos foi fundamental para que a dobradinha "Piece of Me" e "18 and Life" atingisse o ponto mais alto de todo o espetáculo. A faixa "18 and Life" foi a mais ovacionada da noite e foi cantada em uníssono pela plateia do início afim. Os mais fanáticos pelo SKID ROW certamente ficaram arrepiados com a performance caprichada – mesmo que limitada – de SEBASTIAN BACH. A pesada "American Metalhead" foi executada depois e manteve a plateia antenado.

O clima de nostalgia permaneceu no ar. Na sequência, o vocalista comandou uma espécie de medley sem instrumentos com outros dois sucessos do SKID ROW: "Wasted Time" e "In a Darkened Room". O público obviamente cantou em uníssono os dois pequenos trechos – que não ultrapassaram a marca de dois minutos cada – e que ainda foram brindados com um pedacinho de "By Your Side", uma das pouquíssimas baladas de "Angel Down" (2007). No entanto, o espetáculo perdeu um pouco do seu pique em "As Long as I Got the Music". O desgaste na voz de SEBASTIAN BACH dava o seu indício mais forte e a falta de conhecimento pleno da plateia quanto ao recente "Kicking & Screaming" (2011) impossibilitou uma resposta compensadora aqui. O momento de baixa foi rapidamente revertido assim que os primeiros acordes de "Monkey Business" indicaram o que vinha pela frente. A clássica faixa do SKID ROW foi outro momento absoluto da noite.
Na sequência, SEBASTIAN BACH executou as duas músicas de "Kicking & Screaming" (2011) que foram compostas unicamente pelo guitarrista-prodígio Nick Sterling. Com apenas vinte e um anos de idade e uma cara ainda de bebê, o jovem instrumentista não era sequer nascido quando SEBASTIAN BACH despontou com o SKID ROW e o álbum homônimo no fim dos anos oitenta. Entretanto, o músico se manteve firme durante todo o espetáculo, mesmo que "My Own Worst Enemy" e "I’m Alive" não possam ser apontadas como faixas de impacto extremamente positivo se comparadas com o que foi executado antes e depois delas. A voz de SEBASTIAN BACH falhou um pouco na reta final do espetáculo, mas o cantor sabe como poucos dominar uma plateia ensandecida. A camiseta do Brasil com que apareceu em "Monkey Business" e a usou até o fim do show serve como prova disso.
Com o apoio da plateia que cantou junto, o ex-SKID ROW dedicou a bonita "I Remember You" para todos os gaúchos. O curioso apenas é que a faixa não obteve a mesma resposta de clássicos do mesmo naipe, como "18 and Life" e "Monkey Business". Em seguida, antes de executar uma última música de "Kicking and Screaming" (2011), SEBASTIAN BACH proporcionou um dos momentos de maior envolvimento com os presentes. A banda executou um pequeno trecho de "Iron Man" (BLACK SABBATH) e o cantor assumiu a guitarra de Nick Sterling para mostrar para todos que também sabe tocar o famoso riff. O peso de "Tunnelvision" antecedeu o derradeiro fim com a também óbvia "Youth Gone Wild". Para surpresa de muitos, o repertório de 1h40 foi executado de modo ininterrupto (sem pausa para o bis). A fórmula funcionou muitíssimo bem e o pique de SEBASTIAN BACH foi uma interessante constante em toda a noite.
A verdade é que SEBASTIAN BACH proporcionou um show estável e sem nenhum deslize comprometedor. Porém, os fãs mais exigentes do vocalista provavelmente se decepcionaram com a performance técnica um tanto quanto limitada de SEBASTIAN BACH. O uso de efeitos para estender os vocais mais agudos se mostrou um artifício desnecessário para um espetáculo que tem a virtude de ser vibrante e animado do início ao fim, mesmo que muita coisa não seja mais como era nos anos oitenta e noventa. Em cima do palco, quase nenhum outro artista do hard rock mundial consegue possui o mesmo carisma que SEBASTIAN BACH. O cantor definitivamente acertou as suas contas com o público gaúcho em 2012.
Set-list:
01. Slave to the Grind (Skid Row)
02. Kicking and Screaming
03. Dirty Power
04. Here I Am (Skid Row)
05. Big Guns (Skid Row)
06. (Love Is) a Bitchslap
07. Stuck Inside
08. Piece of Me (Skid Row)
09. 18 and Life (Skid Row)
10. American Metalhead
11. Wasted Time/In a Darkened Room (Skid Row)
12. By Your Side
13. As Long as I Got the Music
14. Monkey Business (Skid Row)
15. My Own Worst Enemy
16. I’m Alive
17. I Remember You (Skid Row)
18. Tunnelvision
19. Youth Gone Wild (Skid Row)
Fotos: Liny Oliveira (http://www.flickr.com/linyrocks) - veja mais imagens no link abaixo:
Outras resenhas de Sebastian Bach (Opinião, Porto Alegre, 15/04/2012)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Festival Sonic Temple anuncia 140 shows em 5 palcos para 2026
Axl Rose ouviu pedido de faixa "esquecida" no show de Floripa e contou história no microfone
O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
O álbum do Rush que Geddy Lee disse ser "impossível de gostar"
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
Fabio Lione e Luca Turilli anunciam reunião no Rhapsody with Choir & Orchestra
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
Nicko McBrain revela se vai tocar bateria no próximo álbum do Iron Maiden
Dave Grohl elege o maior compositor de "nossa geração"; "ele foi abençoado com um dom"
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
Os tipos de canções do Guns N' Roses que Axl afirma terem sido as "mais difíceis" de compor
O único guitarrista que, para Lindsey Buckingham, "ninguém sequer chega perto"


Sebastian Bach destrata fã que pediu um abraço
Sebastian Bach acredita que reunião do Skid Row daria muito certo
"Façam pelos fãs": Mike Portnoy pede reuniões de Pink Floyd e Skid Row
"Olha a faca!" Sebastian Bach lembra atitude de Dimebag Darrell após consumir ácido
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista


