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Steve Vai: Depois de 12 anos, deixando marcas profundas em BH

Resenha - Steve Vai (Freegells Music, Belo Horizonte, 05/11/2007)

Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 10 de novembro de 2007

Voltando a Belo Horizonte depois de 12 anos, o início da turnê brasileira de Steve Vai deixou marcas profundas na capital de Minas. Com tamanho hiato, nenhum marketing mais agressivo foi necessário. Bastou o boca-a-boca para que o Freegells Music estivesse abarrotado, com todos os lugares tomados por fãs, músicos apaixonados, admiradores de longa data, apreciadores casuais, entusiastas e também curiosos. Para a maioria, incrédula e salivando de ansiedade, bastou que Vai surgisse no palco, decorado com um belo pano de fundo da nova turnê e bem armado com um jogo de luzes marcantes, para que a ovação fosse completa.

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Fotos: Thiago Sarkis

Desde que o anúncio foi feito, no entanto, logo passei a lembrar das inúmeras críticas que artistas virtuosos vêm sofrendo nos últimos anos. E duma espécie de indisposição geral da mídia em lidar com eles. Simplificados a meros velocistas ególatras e excêntricos fazedores de acrobacias desnecessárias. Como se a arrogância e o puro exibicionismo gratuito fosse regra em detrimento da música bem composta, pensada e elaborada de forma a dar vida às mais intensas aspirações, refletindo os anseios e sentimentos de seu criador. Em resumo, costumo sintetizar minha visão sobre música dizendo que ela é a maior força que tenho notícia. E, dentro de algumas das possibilidades que proporciona, Vai mostrou, em duas horas e meia de espetáculo, ser um mestre inquestionável daquilo que faz.

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Seu virtuosismo, velocidade e pirotecnia são absolutamente orgânicos e contextuais, trabalhando em prol daquilo que suas mãos imprimem nas seis cordas. Ele sabe, perfeitamente, como impactar, entreter e arrebatar seu público, no fundo, brincando com a alma de cada um ali.

"Now We Run", pesadíssima, abriu a noite e logo conquistou a ala mais "heavy" dos presentes, aqueles que chegaram até Vai essencialmente por ouvirem rock e metal. Já "Building The Church", ainda com um peso acima do normal, deu uma amenizada nas coisas e abriu caminho para que "Tender Surrender", o primeiro clássico, começasse a fazer o público lacrimejar. Depois, a apresentação da banda foi a oportunidade ideal para Vai revelar-se um autêntico "mestre de cerimônias", regendo os vários momentos do espetáculo e seu próprio grupo, dando oportunidade para cada um se destacar e demonstrar seu talento – algo decorrente ao longo do show nos solos individuais e "duelos" memoráveis. Para acompanhar um artista deste porte, sua banda de apoio não pode ser menos que excelente. E, embora Dave Weiner (guitarra) e Philip Bynoe (baixo) estejam com ele há muitos anos em idas e vindas, não deixa de fascinar a competência e a qualidade monstruosa apresentada, especialmente do último que, pasmem, está substituindo Bryan Beller no Brasil. Troca-se a peças, não há perda de técnica e profissionalismo. Jeremy Colson era o que mais claramente destoava do resto do grupo, mas não num mal sentido. Sua jovialidade e visual agressivo, nitidamente influenciado por metal e punk rock – o primeiro por gosto e trabalhos prévios e o segundo principalmente pela postura – Jeremy adiciona um punch intenso e sadio ao equilíbrio da musicalidade do conjunto. Numa intervenção curiosa, aliás, Colson saí detrás de seu kit tradicional, e aparece em pé com uma "bateria modificada" acoplada ao corpo, tendo um diálogo cômico com Steve e se apresentando em seguida – apenas um exemplo da dinâmica diferenciada dada ao evento.

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Deixados por último não por acaso, Alex DePue e Ann Marie Calhoun – violinistas - são absolutamente fundamentais ao conceito e à atmosfera de "String Theories". Mais que isso, suas intervenções adicionam cores, tons e texturas interessantíssimos à música de Vai. Donos de uma virtuose embasbacante e suculenta (assim como a beleza de Ann Marie, alvo da testosterona masculina ali reunida), acabam dividindo com Vai as atenções e os méritos pelo sucesso do projeto. A presença dos dois é marcante, freqüente e loquaz, com diversos clímax, como se proporcionassem orgasmos múltiplos à platéia. O momento onde "duelaram", executando também trechos de peças de Paganini, foi um presente a parte do resto. Ao vivo, tudo que por si só é bom no cd duplo lançado torna-se mais marcante. A proposta de fundir a música clássica à pegada essencialmente rocker – permeada por jazz, funk e progressivo – deixou as composições ainda mais sensíveis e harmônicas, no sentido de expandir seus horizontes.

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E aqui vale ressaltar que, para o show ser completamente apreciado, faz-se necessário que o espectador saboreie o som do violino. Em dado momento da noite, inclusive, notava-se uma certa ausência de guitarras (entre o solo da dupla e o de bateria, intercalados por "All About Eve", "The Beast" e "Angel Food"), o que só foi resolvido quando Steve retomou o controle e executou a soberba "The Audience Is Listening".

Nesta altura, já impressionava a simpatia e o carisma de Vai. Desde o início do show extremamente simpático e solto em cima do palco, ele demonstrava uma desenvoltura fora do comum, com pleno domínio do que acontecia ao seu redor e conquistando a todos com gags hilárias e comentários bem-humorados. Steve nem de longe se assemelha ao estereótipo do rock star ranzinza, pedante e insuportável. Ao apresentar o baixista, perguntou "do you like funk? funk, hum?" – não sei se fazendo uma referência irônica a existência do estilo brasileiro de "funk", na verdade um pastiche piorado do miami beat que nada se assemelha à fantástica obra de Sly & Family Stone e Parliament, por exemplo – para logo após dizer, "eu gosto de James Brown, ele dançava mais ou menos assim", e começou a imitar os clássicos passos do "Mr. Dynamite". O tempo todo agradecendo, apontando, fazendo comentários, arriscando diálogos, usando a guitarra para brincar com o público, além de suas tradicionais caras, bocas e trejeitos característicos, Vai é um autêntico showman, um performer como nenhum outro no mundo da guitarra. O esperado gesto de "tocar com a língua", por exemplo, não poderia faltar.

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"Freak Show Excess", ressaltada como "difícil de tocar" por ele mesmo – palmas para o eufemismo cômico do rapaz – foi realmente um dos grandes destaques da noite: intrincada, rica em melodias, flertando com a quebradeira do prog e toques de world music. Dentro de tantos pontos altos, a que se fazer apenas uma ressalva a parte vocal do show. Steve sempre gostou de cantar, mas, ainda que sirva para quebrar o caráter estritamente instrumental da apresentação, não me parece algo muito saudável. Embora se esforce, tais momentos não se justificam. Nota-se um silêncio embaraçoso e constrangedor na platéia, desagradável porém respeitoso, como se o público permitisse a ele aquela regalia porque, afinal, o resto está muito acima disso.

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Se até "The Murder" a noite já havia valido o ingresso, o set final foi covardia. O que dizer da seqüência de "The Juice", "Whispering A Prayer", "Tarus Bulba", "Liberty" e "Answers"? Aí estão algumas das faixas mais clássicas e mais queridas de Steve, onde encontramos a essência de sua carreira, executadas com maestria, feeling e o adendo inestimável do violino.

Por fim, a composição mais amada e reverenciada: "For The Love Of God". A parte inicial, feita pelo violino de Ann Marie, foi simplesmente de se lacrimejar. Sendo um dos solos mais belos e tocantes de todos os tempos, estes 10 minutos foram indubitavelmente inesquecíveis. Inefável, acredite. Faltam palavras para descrevê-la.
Ovacionado e coberto de aplausos, Steve ainda demonstra humildade ao agradecer de forma inesperadamente sincera, juntando toda a banda no tradicional gesto de reverenciar o público: quando este o fazia de volta em retribuição.

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A conclusão é óbvia. Nenhum outro guitarrista consegue conciliar tão bem o aspecto técnico, a virtuose, a grandeza das composições e ser, ao mesmo tempo, artista no palco, entretendo, divertindo, fazendo um espetáculo completo e nunca entediante em suas duas horas e meia de duração. Um feito notável para a música instrumental. Coisa que só é possível por tudo que foi descrito aqui. Vai é pirotécnico e performático sim, muito, mas faz isto com desenvoltura, carisma e, principalmente, tem composições fortíssimas e inquestionáveis para amparar tudo isto.

Trocando emails com o colega e sub-editor Thiago Sarkis antes da data, lembrei que a segunda-feira seria um dia ingrato para a apresentação e, brincando, perguntei se compensaria. Ao passo que ele me respondeu:

"Você não vai se arrepender. Aliás, digo mais, nenhuma noite de segunda-feira vai valer tanto a pena quanto essa... você nunca gostará de uma noite de segunda-feira tanto quanto vai gostar dessa."

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Profético. Realmente, esta foi a melhor segunda feira da minha vida. Creio que, não só para mim, mas para a imensa maioria dos presentes ali, esta tenha sido o melhor começo de semana que já tiveram.

Como se a perfeição de fato existisse, a música escolhida para tocar nos PA’s após o encerramento foi "Hallelujah", na interpretação orgástica de Jeff Buckley – algo que merece muitos pontos para Steve ou a sua equipe. Música sublime para uma noite idem.

Não há nenhum receio em sentenciar: coisa de gênio!

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Sobre Maurício Gomes Angelo

Jornalista. Escreve sobre cultura pop (e não pop), política, economia, literatura e artigos em várias áreas desde 2003. Fundador da Revista Movin' Up (www.revistamovinup.com) e da revrbr (www.revrbr.com), agência de comunicação digital. Começou a escrever para o Whiplash! em 2004 e passou também pela revista Roadie Crew.
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