Os enfezadinhos do rock: piores que fãs de Bieber ou Timberlake
Por Igor Z. Martins
Postado em 03 de outubro de 2013
Tenho um amigo que sempre diz que você pode falar mal da mãe de uma pessoa, criticar seu modo de ganhar a vida, esculhambar com sua religião e time de futebol, mas não pode falar mal do Iron Maiden. Esse meu amigo, apesar de estar coberto de razão, não sabe que o problema não está restrito aos fanáticos xiitas que são fãs do Iron Maiden, mas aos fãs de qualquer banda de rock ou heavy metal.
Alguns dos amantes de música pesada são piores e mais tietes enlouquecidas que fãs de Justin Bieber ou Justin Timberlake. Fãs de Justins, ao se deparar com uma crítica desfavorável aos seus deuses, costumam soltar a famosa frase: "você tem inveja dele!". Já os fãs de música pesada desencavam insultos vindos direto das entranhas do inferno e te escracham da forma mais baixa possível.
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Se você critica um trabalho de uma das bandas favoritas desse tipo de gente, é cavaco voando para tudo que é lado. Chutariam o traseiro do crítico se o encontrassem na rua, tamanho o escândalo (normalmente autoexplicativo: os escandalizados não precisam sequer argumentar por que discordam; basta se escandalizar e xingar). E se você conta aos enfezadinhos que é jornalista, logo puxam uma cartilha sobre normas de imparcialidade e objetividade, tentando ensinar a você como exercer sua profissão, esquecendo-se de que existe no jornalismo um ramo chamado "jornalismo opinativo", que se trata, obviamente, de crítica, baseada na subjetividade do autor – e eu estou tendo que explicar isso DE NOVO!
Por que isso acontece? Porque os enfezadinhos do rock não conseguem separar o objeto da crítica de si mesmos. Isto é: um álbum, uma banda do peito, um músico admirável, são partes de sua vida. Logo, criticar um álbum, uma banda do peito de alguém ou um músico que alguém admira, é atingir o amante ou o admirador direto no coração. Sofrem e berram mais que porco indo para o abate.
Há algumas semanas, Ricardo Confessori determinou a aposentadoria do Iron Maiden. Em primeiro lugar, Confessori não está em posição de determinar a aposentadoria nem do Calypso, muito menos a do Iron Maiden. Mas o problema é que os fãs da Donzela ficaram absolutamente chocados. Se a casa de Confessori explodisse, saberíamos quem seriam os culpados. Eu, como fã do Iron Maiden, apenas declarei que o que o Confessori diz não se escreve; não porque ele criticou minha banda predileta, mas porque, de fato, o que um cara desses diz não faz diferença nenhuma na ordem do meu dia ou do meu gosto musical. Mas certos fãs do Maiden ficaram horrorizados, espantados, desferindo ao baterista todo tipo de insulto que conseguiram encontrar dentro de suas cabeças. É capaz de terem até procurado insultos num dicionário, tamanho seu escândalo e revolta.
Escrevi (link acima) uma resenha do novo disco do Dream Theater, publicada aqui no Whiplash.Net, criticando o trabalho da banda – um disco medonho, mesmo! Vodu e macumbaria contra mim não estão descartados. Quando eu comecei a escrever crítica musical e me defrontava com esse tipo de reação "calorosa" em defesa do objeto criticado, eu, às vezes, me irritava. Hoje, resta rir e me admirar com o louvor que algumas pessoas têm para com seus artistas prediletos, de modo que os tornam blindados e imunes a críticas de quem quer que seja.
Você, enfezadinho do rock/metal que está lendo isso, entenda: nem todas as pessoas no mundo, querido, vão gostar e idolatrar as mesmas coisas que você, e nem por isso os que pensam e gostam de coisas diferentes são idiotas e merecedores de insultos e calúnia - quando você faz isso, é VOCÊ quem está sendo um idiota! Você pode aparecer aqui e esculhambar com qualquer banda que eu goste. Tudo bem! É o seu direito de desprezar um produto cultural que, estando em público, é passível de receber críticas ou elogios. Simples assim. No mundo da arte existe a admiração e o desprezo, então, por que é que você quer banir o desprezo e ficar só com a admiração universal – especialmente em se tratando de suas bandinhas favoritas?
O Whiplash.Net, por exemplo, de um tempo para cá, começou a publicar notas se defendendo desse tipo de gente, que calunia o site quando se defronta com algo que lhe é desfavorável. Normalmente, pessoas que fazem isso são popularmente chamadas de "trolls": aquele tipo desocupado e abestalhado sem nada a dizer ao mundo. Em toda resenha que você lê no site, há uma mensagem em letras vermelhas deixando claro que a opinião é do autor do texto, não necessariamente do site. Para que isso? É por conta dos enfezadinhos do rock! Eu não tenho nenhum vínculo com o Whiplash.Net, além de ser um mero colaborador. Já li no site centenas de coisas que me desagradaram, mas nunca xinguei até à 10ª geração os autores de qualquer texto que me desagradou. Cada um é cada um e todo mundo tem o direito de pensar o que quiser. Isso se chama liberdade de expressão!
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