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G3 e Robert Fripp: Combinações indigestas para deixar artistas deslocados

Por Thiago Sarkis
Postado em 11 de dezembro de 2004

Se você já está pronto para ir ao mural de mensagens detonar este artigo só pelo título e xingar até a minha quinta geração familiar, ótimo, achei quem eu procurava. Traga um refresco, firme sua bunda na cadeira, e vamos conversar um pouquinho.

O G3 deu repercussão equivalente à magnitude de seus integrantes, mas deixou muita gente surpresa por comentários negativos ao invés de grandes comemorações. Além disso, parece ter aberto um fórum de partidos e endeusamentos: de um lado os que amam Vai e Satriani, do outro os admiradores de Robert Fripp. O que sinceramente me espanta é não terem percebido que tudo isto estaria acontecendo um dia após o show, e que renderia discussões por semanas, meses... anos!?

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Por maior que seja o meu respeito pelos dois 'cabeças' do projeto, parece-me que eles leram e levaram à cabo a famosa apostila do homem por trás do Rock In Rio, Roberto Medina: "Como fazer combinações indigestas, deixando artistas deslocados e em situações constrangedoras." Abdução, é isto o que aconteceu com os heróis da guitarra. Triste, mas o resultado não é novidade para os brasileiros, já experientes por três edições do mega-evento sobredito.

Há vários aspectos fundamentais ao analisarmos, em especial, o sentimento de desgosto em relação a Fripp e uma posterior 'disputa' efervescente entre os seguidores deste e os seus ferrenhos críticos instantâneos. Por este motivo, divido o texto em três partes: "A conceituação do G3"; "A alegação 'masturbatória'"; "O percurso e a personalidade de Robert Fripp".

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A conceituação do G3

A forma como o G3 foi conceituado pelo próprio público está ultrapassada e, no mais, mesmo Joe Satriani discordaria de tais concepções acerca de sua criação, e ficaria decepcionado ao ver como elas deturparam seu significado real.

O que deveria conservar um encontro histórico de legendários músicos, iniciado por Steve Vai, Joe Satriani e Eric Johnson, tornou-se, para muitos, a reunião dos três melhores guitarristas do planeta, num misto de desinformação, idolatria perene e má fé.

Estilos diferentes e a própria particularidade na escolha dos ‘favoritos’ são suficientes para findarem esta idéia. Também a rotatividade que deu a tônica às turnês, deixando a marca da pluralidade, e o vasto leque de opções para shows do G3. Diversamente de uma rigidez ou necessidade de escolha pelo "melhor".

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Em 1996, antes mesmo da gravação oficial do primeiro CD, houveram apresentações com Adrian Legg, o qual retornaria em 1997 na Europa. Neste mesmo ano, Robert Fripp estreou na festa, passando pela América do Norte, no segundo semestre, acompanhado de Satch e Kenny Wayne Shepherd. As anotações e resenhas dos shows do trio na época merecem destaque. Cada participante tinha suas músicas relatadas em lista, o que é normal em qualquer parte do mundo. Todavia, nas menções a Fripp, a mensagem " não toca nos conformes de um set list tradicional " foi recorrente.

Um ano depois, Satriani estaria excursionando ao lado de Michael Schenker e Uli Jon Roth. Por fim, em 2001, o aclamado John Petrucci (Dream Theater) viria à cena, antes do novo álbum "Rockin’ In The Free World" com Yngwie J. Malmsteen (2003).

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O erro de incluir o líder do King Crimson na conjuntura G3 repetiria-se logo na seqüência e o Brasil finalmente entrava na rota do incrível espetáculo das guitarras. Expectativas demais, impecavelmente moldadas pra rolarem penhasco abaixo frente a reclamações extremamente previsíveis e concretizadas antecipadamente em Budapeste, Hungria, no mês de Julho de 2004. O jornalista local Endre Hübner chama o que viu de G2 e 1/3, e classifica a performance de Fripp de "interessante por alguns segundos." Apesar do público húngaro não vaiar, faz questão, após o show, de entrar na "alegação masturbatória" que domina os dois lados da moeda, e que ecoa no Brasil.

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A alegação ‘masturbatória’

A alegação masturbatória é, por si só, a punheta sem fim, mal-sucedida. Um antro de argumentos desarazoados de ambas as partes num caminho de furos e tropeções.

Os fãs de Robert Fripp, longe de figurarem entre os apreciadores do estilo de Satriani e Vai – em sua grande maioria -, bradam: "estes caras tocam bilhões de notas por segundo. É só sobe e desce de escalas, pura masturbação." Diabos, é uma idéia bem interessante e não descarto a possibilidade de que as guitarras sejam extensões corporais e, especificamente, complementos penianos para noventa e nove por cento dos músicos que tocam-na (aliás "tocar" pode significar diversas coisas. Termo ambíguo, não?). Todavia, a percentagem dada é só uma tentativa imbecil que faço de evitar cair na generalização. Um fracasso particular, posso assim dizer, pois não encontro este "um por cento" de transcendentais da realização sexual e, conseqüentemente, incluo Fripp entre os "punheteiros".

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O que hei de ressaltar é que independentemente do estilo de fricção, ressalta-se aqui a multiplicidade de considerações acerca da "masturbação". Por informações obtidas neste último século, não creio que ela persista como um crime, ou algo a ser censurado. É uma prática bem comum, tradicional e de formatos variados.

Digamos que Steve Vai "toque" de mão cheia, e Robert Fripp siga um estilo clássico e singelo, levando seu instrumento com dois, três dedos, quase tomando um vinho. Vai, vai rápido; Fripp, mais lento. Vai segue o Kama Sutra; Fripp é guiado pelas noções tântricas. O impacto visual da prática de Vai atinge logo de fronte uma massa maior. Para Fripp, calma, paciência, e compreensão abrangentes são indispensáveis na via do alcance do prazer. Os dois extremos obtêm sucesso, satisfação própria, e suas músicas e histórias provam isto.

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Quem dança nisso tudo são os que "masturbam" falácias de afrontas e contra-ataques, preferindo estas ao (re-) conhecimento do talento do incômodo. Por fim, perdendo a chance de transformar a parte "estranha-a-si" em familiar, integrando o próprio corpo e construindo maiores possibilidades à ejaculação, já atingida há tempos por seus ídolos.

O percurso e a personalidade de Robert Fripp

Entre todos os indicados ao G3, Robert Fripp é disparado o nome menos adequado (e enfatizemos a adequação aqui). Boas explicações para isso estão para além de seu estilo diferenciado. Falamos de percurso e personalidade.

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Músicos de vias alternativas que poderiam ‘co-presidir’ um evento destes são muitos e dentre eles acharemos vários com potencial a cair no desgosto. Steve Hackett do Genesis, dependendo do repertório que escolhesse, poderia desagradar ou causar insatisfação a uma considerável gama dos fãs do "estilo Satch". Seria respeitado e compreendido, contudo. O mesmo para Vernon Reid (Living Colour) se decidisse por explorar seu álbum "Mistaken Identity" no palco; ou Nuno Bettencourt, caso optasse por "Schizophonic". Porém, há uma distinção entre todos eles e Fripp e esta se encontra principalmente na maneira de inserção no mundo da música.

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Nem é preciso chegar ao ‘mainstream’. O King Crimson trouxe, através de seus ricos trabalhos, o estranho dentro do já não convencional. Quebrou barreiras com qualidade tamanha que pôde dizer, simbolicamente à indústria fonográfica, aquilo que Zagallo emocionadamente repetia à imprensa esportiva: "Vocês vão ter que me engolir." E assim foi.

Falar mal da banda, sem se explicar basicamente pelo puro gosto pessoal, é pleitear ignorância. Criações magníficas, e de originalidade tal conquistaram o meio musical, se não por gosto, no mínimo, pelo respeito merecido. Pete Townshend do The Who expressou o pródigo Robert Fripp / King Crimson com clareza inigualável ao definir o debute "In The Court Of The Crimson King" (1969) como "uma estrambótica obra-prima."

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Um culto à esquisitice e ao fora de parâmetro que, além da contribuição irrefutável no passado, persiste vivo e atual, soando contemporaneamente desafiador como pouquíssimas bandas de rock (novas ou velhas) são capazes de soar. A intensidade imposta por Robert Fripp nas composições deve mesmo esvaziá-lo de expressões faciais e contatos ‘pessoais’, ‘verbais’. Está tudo exposto em sua música.

A sobrevivência na colocação de um caráter próprio que se fez respeitar, passando por várias formações ao longo dos anos, e incluindo monstros como Tony Levin, Bill Bruford, Greg Lake, John Wetton, Boz Burrell, Adrian Belew, Ian Wallace, Trey Gunn, transformou o King Crimson na "galinha dos ovos de ouro" da música. Se Fripp desovasse, era melhor correr e checar a preciosidade da vez. De "Red" (1974) a "The Power To Believe" (2003), perpassando épocas, superando modismos, dentro e fora do rock, e inspirando grandes sucessos da atualidade como o mais evidente filhote do grupo, o Tool (com o qual o King Crimson excursionou em 2001). Também há aqueles confessos admiradores influenciados, e incluem-se aí Primus, Living Colour, Corrosion Of Conformity, Entombed, Saxon e Metallica.

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Se isto não bastar como referencial, e você, como autêntico filho de São Tomé precisar ver para crer, achando assim outros motivos para respeitar o King Crimson, bem, procure pelo DVD "Eyes Wide Open" (2003).

Excêntrico, Robert Fripp é bem capaz de ser provocativo e se comportar à sua ‘natural maneira esquizóide’ frente a um público despreparado, ao qual ele não quer dar maiores explicações, após três décadas e meia de carreira e uma irrupção desigual na cena musical. Atitude sensata, ainda que possa ser chamada de "chata", "anti-social", etc. Um homem que derrubou paradigmas, inovou e revolucionou como ele, recebe o título de "notório saber" e não precisa passar por ‘provas’ ou ‘bancas examinadoras’.

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Há, não obstante, o lado do brasileiro que nada compreendeu daquilo dada a uma desqualificação por falta de acesso. Em outras palavras, eliminado deste histórico King Crimson antes mesmo de escolher se quer ou não fazer parte dele.

Qualquer material da banda no Brasil, quando encontrado, sai, no mínimo, à bagatela de trinta reais. Todavia, freqüentemente o resultado das buscas é um "NÃO DISPONÍVEL" em frustrantes letras garrafais. Praticamente tudo é importado, exceto "The Power To Believe" e o DVD, lançados pela BMG, que finalmente parece ter caído na real, apesar de não aliviar no preço também.

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Enfim, nos subterrâneos do G3, construíram-se dois alicerces para uma relação tensa e insustentável nos palcos brasileiros, cujo lamentável resultado foi a vaia. No entanto, pela postura de Fripp e suas dificuldades de comunicações não musicais, posso garantir que a apupada foi mais ofensiva aos fãs do que a ele mesmo.

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Sobre Thiago Sarkis

Thiago Sarkis: Colaborador do Whiplash!, iniciou sua trajetória no Rock ainda novo, convivendo com a explosão da cena nacional. Partiu então para Van Halen, Metallica, Dire Straits, Megadeth. Começou a redigir no próprio Whiplash! e tornou-se, posteriormente, correspondente internacional das revistas RSJ (Índia - foto ao lado), Popular 1 (Espanha), Spark (República Tcheca), PainKiller (China), Rock Hard (Grécia), Rock Express (ex-Iugoslávia), entre outras. Teve seus textos veiculados em 35 países e, no Brasil, escreveu para Comando Rock, Disconnected, [] Zero, Roadie Crew, Valhalla.
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