Guns no Olimpo do rock
Por Daniel Corrêa Sanes
Postado em 06 de janeiro de 2004
Ame-o ou odeio-o, caro leitor, você tem que admitir: Axl Rose é um fenômeno do showbiz. Só pode ser. Senão, como se explica o fato de sua banda - que dispensa apresentações - não lançar um disco de estúdio desde 1993 e mesmo assim ainda ser idolatrado por tanta gente? E não estamos falando apenas daquelas pessoas que viveram o fenômeno Guns N'Roses na virada dos aos 80 para os 90. Há garotos de doze, treze anos que têm os gunners como seus ídolos. Pirralhos que molhavam as fraldas quando mr. Axl estava apenas começando a causar estardalhaço na cena americana.
"Sweet Child O'Mine" ainda hoje é um hit incontestável. Toca em rádios como se fosse a última da Kelly Key. E já tem nada menos que quatorze aninhos!!! Ou seja, o Guns angariou um bom punhado de fãs que sequer eram nascidos na época de Appettite for Destruction. Não é pouca coisa, se considerarmos que a banda praticamente não existe mais há uma década.
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Para manter essa sobrevida, o que fez Axl Rose? Quase nada. Uma música mediana em trilha sonora de filme, um cover dos Stones não mais que passável e uma ameaça de retorno aos palcos em 2001 (que teve sua apoteose no Rock In Rio III). O tal Chinese Deocracy está engavetado há uns bons anos, e virou motivo de gozação. Tanto que os malucos do Offspring já cogitaram lançar seu próximo álbum com o mesmo título do disco que nunca saiu, em virtude da demora no lançamento da bolacha.
Enfim, em dez anos o Guns N'Roses não fez praticamente nada que motivasse a renovação de seu público. No entanto, a quantidade de fãs que o moribundo grupo de Axl conquistou nesse tempo é de dar inveja a muita banda que está na ativa.
A explicação para esse fenômeno pode parecer impossível, mas é lógica. O G N'R, queiram ou não seus detratores, deixou sua marca na história da música. Seja através de um punhado de pérolas do hard rock, seja através das atitudes polêmicas de seu fundador e único membro fixo, o grupo figura entre um dos mais populares de todos os tempos.
O Led Zeppelin durou pouco, mas virou lenda. The Doors, menos ainda, e nem por isso perdeu a aura cult em torno de Jim Morrison. Kurt Cobain precisou se matar para que seu Nirvana atingisse o patamar de banda definitiva dos anos 90. Se ignorarmos a inatividade de Axl e seus asseclas na última década e aceitarmos as comparações com as bandas citadas (embora elas devam causar indignação dos fãs destas), podemos acreditar que, daqui a vinte, trinta anos, o Guns N' Roses figurará entre uma das maiores bandas de rock'n'roll de todos os tempos. E Axl, quem diria, de imbecil mal-humorado poderá ser transformado em um herói rebelde incompreendido.
Com méritos ou não, isso pouco importa. O que interessa é que muitos dariam tudo para conseguirem lembrados dessa forma. E você, caro leitor que já foi a algum show dos gunners, poderá contar aos seus netos com orgulho semelhante a quem hoje se gaba de ter visto o Black Sabbath. Exagero? Só o tempo vai dizer.
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