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Lacuna Coil: "abrindo caminho para bandas"

Por César Enéas Guerreiro
Fonte: Blabbermouth
Postado em 03 de outubro de 2006

O site ModernGuitars.com recentemente fez uma entrevista com o guitarrista do LACUNA COIL, Cristiano Migliore. Alguns trechos desse papo:

ModernGuitars.com: O seu produtor, Waldemar Sorychta, trabalhou com vocês nos últimos álbuns. Ele também ajuda a compor as músicas?

Cristiano Migliore: Na verdade não. Ele nos dá algumas idéias, é claro, mas acho que todo produtor faz isso. Mas, na verdade, ele nunca co-escreveu nenhuma música, especialmente no último álbum. Ele compôs em alguns dos álbuns anteriores. No álbum ‘In a Reverie’, por exemplo, ele escreveu uma música completa sozinho, bem, juntamente com a Cristina [Scabbia, vocalista]. Mas foi a única vez, desde que começamos a trabalhar com ele.

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Já no álbum ‘Karmacode’ ele obviamente nos dava algumas idéias que decidíamos se iríamos usar ou não, de acordo com a música na qual estivéssemos trabalhando. Mas ele não chega e diz ‘Bem, vocês devem fazer isso’ ou ‘Eu escrevi esta parte, vocês deveriam usá-la’. Ele está mais pra um supervisor. Ele chega e, quando você já está trabalhando numa música que já está 80 ou 85% completa, ele diz ‘Ok, esta música é muito boa, mas eu tentaria mudar algumas coisas. Então talvez você possa tocar esta parte duas vezes como você está fazendo agora ou talvez deva cortar esta outra parte porque está muito longa’.

O que ele faz é mais parecido com isso, ao invés de escrever as partes para nós. Sempre tem sido assim. E isso é ótimo, porque ele tem, eu diria, um ótimo ouvido e uma opinião mais independente para dar dicas. Você acaba saindo um pouco do rumo que determinada música deveria tomar quando se concentra demais nela. Às vezes você fica tocando sem parar e acaba pensando ‘Puxa, agora não tenho certeza’. E não consegue achar o caminho certo. Então ele chega e diz ‘Bem, por que vocês não tentam isto?’, e a idéia acaba funcionando muito bem porque é a opinião de alguém de fora que nunca tinha ouvido as músicas.

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Ele é muito bom nisso. Ele diz coisas do tipo ‘É, tente isto talvez’. Então você vai mudando as coisas e ele diz ‘É, isso está ótimo’ ou talvez ‘Não, eu não gosto disso’. Ele está mais pra conselheiro do que pra compositor.

ModernGuitars.com: Como foi tocar no festival de Donington? Vocês tocaram com várias bandas, como o GUNS N' ROSES e o METALLICA.

Cristiano Migliore: Eu adoro o GUNS N' ROSES! Eu costumava ser um grande fã deles, e do METALLICA também, é claro. Para uma banda como a nossa, vinda da Itália, um país que não tem grande tradição em relação ao rock, poder tocar num palco como aquele, o principal de Donington, com uma platéia de 65.000 pessoas, foi incrível! Você sobe no palco, com todas essas pessoas ali, e sabe que elas não vão te jogar pedras ou ovos podres. Todo mundo fica ouvindo e a maior parte fica pulando também. É muito, muito emocionante. E, quando acaba o seu show, você tem a chance de ver essas grandes bandas tocando também.

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Por exemplo, quando estivemos no Ozzfest, acho que vi o show do SYSTEM OF A DOWN umas 15 vezes. Isso é ótimo porque é como se você tivesse um ingresso grátis toda noite, além de estar no palco tocando. Então é muito legal. É algo que eu fiz e que nenhum de nós achava que fosse possível a uns dez, ou até mesmo cinco, anos atrás. Essa foi certamente uma experiência inesquecível.

ModernGuitars.com: A Itália nunca teve uma grande tradição roqueira. Você acha que o LACUNA COIL está abrindo caminho para outras bandas italianas?

Cristiano Migliore: Já pensamos muitas vezes sobre isso. Esperamos ter conseguido dar a outras bandas italianas uma chance de serem descobertas. Quando começamos, a Itália era uma espécie de ‘terceiro mundo’ do rock e do metal porque ninguém conhecia outras bandas italianas que tocassem esse tipo de música. Quer dizer, o PFM [Premiata Forneria Marconi, banda de rock progressivo] e outras bandas semelhantes são muito populares, mas apenas na Itália, porque cantam em italiano. Mesmo que tenhamos começado com a intenção, com o objetivo de fazermos sucesso internacional, é claro que nunca imaginamos que poderíamos estar no Ozzfest um dia.

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Em qualquer banda, quando você começa, você sempre espera que alguma coisa boa vá acontecer. Quando começamos, pensávamos: ‘Ok, se quisermos fazer isso direito, vamos ter que começar a cantar em inglês. Vamos tentar conseguir um contrato, mas não com uma gravadora italiana, porque isso vai nos limitar muito’. Então tentamos a Roadrunner, a Century Media, a Nuclear Blast e todos os grandes selos independentes que naquela época já eram bem grandes, como ainda são, é claro.

Naquele momento houve o surgimento de muitas bandas MOONSPELL, TIAMAT e THE GATHERING. Nós basicamente enviamos algumas fitas e esperamos para ver o que acontecia. Acho que o momento foi bem oportuno, se você observar o que aconteceu hoje. Eu realmente espero que tudo o que fizemos até agora realmente ajude outras bandas italianas, porque há muitas delas que deveriam estar onde estamos hoje ou, pelo menos, merecem serem ouvidas.

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Leia a entrevista completa neste link.

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Sobre César Enéas Guerreiro

Nascido em 1970, formado em Letras pela USP e tradutor. Começou a gostar de metal em 1983, quando o KISS veio pela primeira vez ao Brasil. Depois vieram Iron, Scorpions, Twisted Sister... Sua paixão é a música extrema, principalmente a do Slayer e do inesquecível Death. Se encheu de orgulho quando ouviu o filho cantarolar "Smoke on the water, fire in the sky...".
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