Rock Progressivo Italiano: terceiro passeio pelo sub-gênero
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 20 de fevereiro de 2015
O prog rock floresceu tanto na península itálica que se batizou até sub-gênero em sua homenagem. Muitos grupos não passaram do álbum de estreia, que frequentemente encontrava um mundo surdo, determinando o debande da banda. De qualquer modo, o RPI deixou (ainda deixa) produção considerável que merece ser (re)descoberta. Já convidei o leitor a dois passeios pelo sub-gênero:
Que tal mais uma voltinha por esse mundo fascinante?
QUELLA VECCHIA LOCANDA lançou seu primeiro álbum, homônimo, em 1972. 8 faixas não muito longas, influenciadas pelo também italiano – e muito mais famoso – PREMIATA FORNERIA MARCONI e pelo britânico JETHRO TULL. As letras são em italiano e os vocais bons. Prologo resume o álbum com sua fusão de clássico operático, momentos pastorais e rock energético, especialmente turbinado com violino elétrico. Ao longo do álbum estimulante interplay entre flauta, teclados e violino. Um Villaggio, Um’Illusione começa como barroco no violino elétrico pra se transformar em hard rock com flautas andersonianas. Em Realta, a flauta vem doce, mais PETER GABRIEL, num clima de piano bem PFM e GENESIS. Immagini Sfuocatte começa como experimentação eletrônica pra terminar em guitarra lisérgica e bateria galopante, que se repete no início de Il Cieco, energética (e meio sem graça) no início pra metamorfosear-se em calma paisagem onde piano, violino e flauta se encontram, antes da volta da energia. O ponto alto é Sogno, Risveglio E... com sua linha melódica de piano capaz de enternecer rochas. Num álbum onde a soma vale mais do que as partes, esta seria a canção pra ouvir caso fosse só pra conhecer QUELLA VECCHIA LOCANDA.
Geralmente bombástico, o Italo Prog tem em Príncipe di Um Giorno (1976) - estreia do infelizmente obscuro CELESTE – sua exceção mais encantadora. Os tropos árcades de calmaria duma natureza amiga compõem essa obra pastoral e homogênea, na qual nenhuma faixa destoa da plangência bucólica e delicada criada por violão, flauta, piano, harpa, xilofone e órgãos, nunca vindo em turbilhão, antes fluindo suavemente. Os vocais e o bocadinho de experimentalismo são duma calma e beleza fantasmagóricas que acompanham o ouvinte muito depois de findo o álbum. Soa mais ou menos como se os momentos mais suaves e acústicos do GENESIS fase Trespass, de certos álbuns-solo de Anthony Phillips e Steve Hackett tivessem sido estendidos por 37 minutos. Agradará fãs de MPB setentista e de música sensível em geral.
O MURPLE botou apenas um álbum: Io Sono Murple (1974). A escolha do verbo foi porque Murple é o nome dum pinguim, cujas aventuras são narradas mais instrumentalmente do que por letras. Excentricidade a parte, o álbum é dividido em 2 longas suítes, compostas por canções menores emendadas. Sem inovar ou experimentar, o MURPLE entrega prog sinfônico com vigorosos jorros de Mellotron e guitarras. Os belos momentos lentos de piano clássico e harmonizações vocais apenas realçam as diversas e taludas descargas de órgãos em timbres variados. Dramático, mas não exagerado, Io Sono Murphy acerta em cheio pra quem curte ELP, PFM ou THE NICE.
O segundo álbum do IL BALLETTO DI BRONZO é fundamental pra se sentir o drama e exagero de certa vertente do sub-gênero na Itália. Ys (1972) é baseado na lenda bretã da cidade que submerge devido a uma princesa devassa. São 5 faixas, 2 delas, a Introduzione e o Epilogo, suítes longas. O álbum começa com um canto feminino evocando a sedutora princesa. Um dos poucos momentos relaxantes; o restante é sinfônico veloz com teclados endiabrados a la ELP e guitarras que lembram YES. Alguns trechos antecedem o turbilhão criado pelo grupo de Jon Anderson em Gates of Delirium, faixa de Relayer (1974). Só que a produção é mais apagada e os vocais nem comparação. Ys é tão intenso que pode causar overdose e também desagrada quem não curte muito jazz-rock e experimentalismos, porque em vários momentos essas características ressaltam. Descontados esses senões, indispensável pra amantes de grandiloquência, complexidade de arranjos e alta velocidade de órgãos analógicos e guitarras.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
A performance vocal de Freddie Mercury que Brian May diz que pouca gente valoriza
O álbum clássico do Iron Maiden inspirado em morte de médium britânica
O baterista que Neil Peart dizia ter influenciado o rock inteiro; "Ele subiu o nível"
A banda que superou Led Zeppelin e mostrou que eles não eram tão grandes assim
Turnê atual do Dream Theater será encerrada no Brasil, de acordo com Jordan Rudess
A música que surgiu da frustração e se tornou um dos maiores clássicos do power metal
Os "pais do rock" segundo Chuck Berry - e onde ele entra na história
A música do Machine Head inspirada em fala racista de Phil Anselmo
O baterista que Phil Collins disse que "não soava como nenhum outro", e poucos citam hoje
Loudwire elege os 11 melhores álbuns de thrash metal de 2025
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
O melhor álbum do Led Zeppelin segundo Dave Grohl (e talvez só ele pense assim)
Pink Floyd: tudo sobre "Another Brick in the Wall"
Michael Jackson: para ele, Elvis não era rei e Beatles não eram melhores que negros
Mustaine recebeu mensagens de Hetfield, Ozzy e Paul Stanley quando anunciou câncer

Bon Jovi: o mistério de Tommy e Gina em "Livin' On A Prayer"
Rolling Stone: As 500 melhores músicas segundo a revista
James Hetfield, do Metallica, admite que não aguenta o pretensioso Jon Bon Jovi
O único compositor brasileiro na história que foi gravado por Elvis Presley
Iron Maiden e os gigantes que abriram seus shows: "Era difícil entrar depois deles"
Fotos de Infância: Evanescence



