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Adair Daufembach: "Rock In Rio é possibilidade real para metal em português"

Por Guilherme Soares
Postado em 22 de junho de 2016

Do interior de Santa Catarina para Los Angeles, nos Estados Unidos, o produtor musical Adair Daufembach garante: a participação de bandas como o Project46 e a John Wayne no Rock in Rio 2015 representa uma vitória e esperança de voos maiores para o metal cantado em português. "Aquilo foi a coisa mais legal que já aconteceu na minha carreira", define ele. "É uma esperança real para todas as bandas brasileiras".

Conhecido como workaholic nato, Adair pretende se desdobrar entre trabalhos no Brasil e nos Estados Unidos, que define com exatidão como "o maior mercado fonográfico do mundo". Após terminar a produção do último disco da Ponto Nulo no Céu, o produtor criciumense se prepara para a gravação do novo disco do guitarrista Tony Macalpine. Confira a entrevista abaixo.

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Vi você trabalhando igual a um desgraçado nos bastidores do Rock in Rio. Como foi estar ali, junto com duas bandas que você ajudou a tornar grandes no cenário nacional (Project46 e John Wayne tocaram no dia 24 de setembro, no Palco Sunset). Como foi essa experiência?

É uma responsabilidade muito grande, porque foi transmitido pela internet para o mundo inteiro esse que é um dos maiores, se não o maior, festival do mundo. O nível de profissionalismo da produção foi gigantesco. Foi muito louco porque aquele dia foi o primeiro dia que eu gostaria de assistir em um festival: ao mesmo tempo que eu corria para resolver os problemas, eu parava para tentar ver os shows. Eu havia produzido todo o material das duas bandas. Então, eu lembro do dia que eles chegaram para gravar os primeiros trabalhos, e ver aquelas bandas naquele palco tocando para aquele público....E o melhor de tudo foi esse público tocando. Foi incrível, porque poderia ser uma apresentação que as pessoas não conheciam, ou não tivessem gostado. Aquilo foi a coisa mais importante que aconteceu comigo na minha carreira.

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Um produtor pode crescer indo atrás de bandas grandes, que já têm visibilidade, ou optar pelo caminho que eu trilhei, de trabalhar com bandas que ninguém conhece, até elas se tornarem mais conhecidas. Ver shows dessas bandas em casas pequenas no Hangar, Ledslay, casas undergroundaças de São Paulo, e depois acompanhar elas em palco onde tocaram Deftones e o Lamb of God foi demais!

Que momento deve ter sido. O que rolou nos bastidores?

Eu encontrei muita gente grandona, até o Steve Vai. E lá atrás,nos bastidores, era uma choradeira sem fim. O Rogério (Torres, guitarrista da John Wayne), logo antes de subir, falou: ‘Cara, não acredito que estamos aqui, tenho que te agradecer", e eu percebi: ‘Ih, ele vai chorar’. Falei: ‘a gente conversa depois porque se não você não vai conseguir subir no palco" (Risos). É importante salientar que não foi a vitória de duas bandas, foi a vitória de um movimento de bandas. Isso representa esperança e uma possibilidade real para que mais bandas que saíram do zero estejam lá, que acreditem que isso é possível. Aquilo ali foi só a ponta do iceberg, para que as pessoas saibam que tem uma leva de bandas que estão fazendo um trabalho bom para caralho e que as pessoas procurem por essas bandas.

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Como produtor, você trabalhou diretamente com essas duas citadas, Ponto Nulo No Céu e Hangar, e faz parte do cenário há 10 anos, com produção de várias outras bandas. Acha que esse é o momento para trabalhar fora do Brasil? Está preparado para isso?

Então, eu tive o meu primeiro contato internacional com o Tony (Macalpine, guitarrista), por causa do Aquiles (Priester, baterista, ex-Angra e Hangar), porque ele é um baterista mundial, e participou do DVD dele. A partir do trabalho do Tony, outras duas bandas já demonstraram interesse em trabalhar comigo, então isso abriu uma porta. Tem muita coisa a ser feita no Brasil ainda, não vou parar de trabalhar no Brasil. Mas se nesse momento surgiu isso, eu obviamente não vou perder a oportunidade de trabalhar e vender meu nome para fora, especialmente nos Estados Unidos, que é o maior mercado musical do mundo. E esse direcionamento da minha carreira está ligado diretamente à evolução do metal nacional. Já tivemos dois shows do Project46 nos Estados Unidos, em Los Angeles, no Whisky a Go Go. Eles tocaram em português. Temos que acreditar em exportar esse heavy metal em português, que está bem consolidado há cinco anos no Brasil. É nisso que eu estou apostando agora. Existe essa possibilidade de expandir o que está sendo feito no Brasil para fora.

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Me conta sobre seus próximos projetos. O que já está definido?

O que tem definido é o próximo disco do Tony Macalpine, o que é muito bom, porque ele vai lançar pouco tempo depois de ter lançado o Concrete Gardens (2014), duas bandas de São Francisco e outras bandas que nós estamos esperando alguns detalhes para gravar.

Seu último projeto aqui no Brasil foi o último disco da Ponto Nulo No Céu, "Pintando Quadros do Invisível". Como foi a produção desse disco?

Esse disco foi muito legal a forma como se deu, e começou bem lá atrás. A Ponto Nulo estava entre as bandas para tocar no programa Superstar, mas a banda tinha acabado (em 2013), e a produção não sabia disso. O Dijjy (Rodrigues, vocalista) veio para São Paulo e tentamos criar uma nova versão da banda só para o programa. Foi o momento que eu tentei convencer ele. E ele é um artista da mais pura forma, é muito honesto. Ele disse: "Eu estou numa outra vibe, e a história da Ponto Nulo é muito bonita, acho que do jeito que está tá bom", eu disse pra ele que colocasse essa vibe no disco, pra criar uma nova fase da banda, chamar novos músicos.

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Na hora eu lembrei do Fau (Luiz Alberto, baixista da FAI) e dos irmãos Taboada (Lucas e Felipe), da Prólogo, que infelizmente acabou, porque era uma banda maravilhosa. A vibe do Dijjy era de reggae, de O Rappa, muita coisa brasileira, e se juntou ao Fau, que tem muito groove, e ao Lucas e ao Felipe, que tem muito essa coisa do Djent, mas também com brasilidade. A direção foi muito pensada, a "Fluxo Natural" (primeiro single após a volta da banda) já mostrava essa mudança. Depois, veio Nous Somme La Resistance, com uma vibe bem mais tranquila. E a banda voltou a tocar, adquirindo intimidade, confiança. Agora que o disco ficou lindo todo mundo elogiando, mas era uma incógnita, era uma preocupação de que se todo mundo ia ficar feliz com o conceito diferente das músicas. Esse disco é fruto de uma nova concepção, de letras e de música. Eu acho que tem tudo a ver com a Ponto Nulo, que sempre foi uma banda inovadora, e que está aí para acrescentar junto com Maieuttica, Project46, John Wayne, e estabelecer um padrão de qualidade no metal nacional.

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Tal qual workaholic nato, quero perguntar: COMO VOCÊ CONSEGUE, incluindo se dividir entre workshops e gravações?

Eu sou um cara exagerado em tudo que eu faço da minha vida. Eu nunca neguei trabalho com ninguém, sempre tive a filosofia de que se alguém quer trabalhar comigo, eu vou fazer. Vi bandas que tinha gente com os olhos brilhando só por estar lá comigo trabalhando. Nunca tive coragem de recusar trabalho. Foram 12 anos de duas, três folgas por mês. Tenho a Danubia, minha mulher, que entende isso e foi fundamental para me ajudar. E isso é inerente à carreira de produtor hoje: se você quiser trabalhar com produção, entenda uma máxima do mundo da música: ela não te espera.

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Algo que talvez pouca gente saiba: eu sempre tive agenda lotada. Só não quero trabalhar com quem não quer trabalhar comigo. Como intercalar com os meus workshops, é mais trabalho ainda (risos), só que é diferente, é até mais cansativo porque são produtores no estúdio, não uma banda, então é recompensador. Teve gente que veio de Rondônia, do Acre, de Porto Alegre para o meu workshop em São Paulo, e eu adoro fazer workshops. Mas é complicadíssimo conciliar agenda. Cheguei a ficar com um ano de agenda lotada em 2013, com horário a partir de 2014. E tinha sempre só a parte da manhã para ajeitar o estúdio porque o dia anterior inteiro estava gravando, era uma loucura(risos).

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Você está sendo endorsado agora pelo Pro Tools. Você mesmo me disse que não costumava utilizar esse software. O que aconteceu?

Eu fiz muitos workshops sem utilizar o Pro Tools, que é o software padrão de mercado. Um amigo que trabalha na Quanta (distribuidora do Pro Tools) no Brasil sempre me ofereceu para experimentar, experimentei e decidi mudar porque é melhor mesmo, (risos) simples assim. E o mundo da produção musical está cada vez mais inbox, dentro do computador. Os orçamentos estão diminuindo, e é natural que você não mantenha a estrutura de um estúdio gigantesco. Mesmo assim, eu prezo pelo resultado e acabo usando muito equipamento analógico nas minhas mixagens, porque são melhores. Então se eu já vou contra a maré tendo tanto equipamento analógico como eu tenho, porque é melhor, não faria sentido eu não mudar para um software que tem mais som e facilita as mixagens. Eu estou sempre disposto a mudar de idéia quanto a isso, a me atualizar, saber se tudo que eu estou fazendo está valendo ainda

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Para terminar: que bandas você considera que possam atingir a mesma importância que outras como Project 46 e John Wayne adquiriram, principalmente no cenário do metal em português?

O que eu sonho é que aquilo que aconteceu no último Rock in Rio aconteça sempre, com essa nova geração. Até 2015, era sempre as bandas dos medalhões do metal nacional, e isso era óbvio que tinha que acontecer, com Angra, Hibria, Sepultura. Era justo que isso acontecesse, mas tem que haver mais espaço para essas bandas novas, como a Savant Inc., que assinou com a Deckdisc, e logicamente o Ponto Nulo no Céu, que é precursor da galera toda. Tomara que outros festivais enxerguem essas bandas novas.

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No geral eu acredito em todas as bandas que eu produzo, é engraçado, quando eu termino um disco eu sempre penso: "Nossa! Esse vai rolar, tenho certeza" (risos). O Semblant, por exemplo, é uma banda que fizemos um disco em 2013 e acabou de assinar com a gravador do Dave Ellefson (baixista do Megadeth), quando terminamos esse disco eu tinha certeza que era algo muito especial, mas demorou 3 anos até algo mais concreto acontecer.

Eu finalizei a poucos meses uma banda de Fortaleza chamada "In No Sense", de Metalcore em português, que é muito atual. Em Fortaleza, tem também a Jack The Joker, uma banda de metal progressivo em inglês, que é um dos melhores discos de prog, pra mim, da história do metal brasileiro. Espero que as pessoas tenham a mesma conclusão quando ouvirem, estou ansioso demais para que todos conheçam.

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Há outra banda do Paraná, chamada Ankhy, com um trabalho fantástico. Metal melódico com metalcore, muito berro, com algumas coisas orquestradas e uma proposta bem moderna. Tem ainda o Black Days, que teve algumas mudanças de formação, mas eu acredito demais. É um som extremamente moderno, muito bom. Para completar, Nothing Lies Above, com uma proposta de Black Metal moderno, esses na velocidade da Luz (risos), e o Maestrick, banda de prog metal, que seria uma banda que eu tocaria. Eles têm uma proposta bem anos 90, é um trabalho caprichado, conceitual total. O OUDN tem um metalcore sensacional com um novo disco sendo produzido em breve.

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Resumindo, essas foram as bandas mais recentes que eu fiz e algumas que eu vou fazer e eu trabalho acreditando que todas vão rolar."

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