Vera Loca: lançado CD "A Certeza de Como Valeu Navegar Nesse Mar"
Por Assessoria Márcia Stival
Fonte: Assessoria Márcia Stival
Postado em 05 de junho de 2017
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Vital a qualquer artista é dar um passo depois do outro, sempre em frente. Seja lá o tipo de música, regredir criativamente é reconhecer uma falta de combustível perigosa. Mas essa caminhada não significa ter de caçar o novo a toda hora, como se só isso valesse. Significa crescer em seu universo, arejar as ideias, amadurecer dentro de uma proposta.
O Vera Loca percorreu 15 anos de estrada sem desperdiçar oportunidades. Fabrício Beck, Hernán González, Filipe "Mumu" Bortholuzzi, Luigi Viera e Diego Dias digeriram cada passo de maneira produtiva. A Certeza de Como Valeu Navegar Nesse Mar ilustra uma banda ainda melhor, com entrosamento à flor da pele. O rock pop sofisticado que fazem ganhou temperatura, realces e minúcias que sublinham seus predicados. E mais: "Pela primeira vez, temos composições dos cinco integrantes", destaca Fabrício.
Os textos abordam questões universais, só que usando da poesia para causar efeito. Não se trata de um olhar adolescente. Pelo contrário, são homens feitos, calejados, refletindo conquistas e intempéries da vida, amparados por melodias precisas. "Quase todos nós já temos filhos, e vivemos um momento pessoal muito feliz", diz Diego.
Em 13 faixas, o material desenha-se por um prevalecente rock pop tranquilo. Levadas que trocam a virulência de distorções ácidas pela rouquidão certeira do drive bem aplicado. É o que ouvimos, por exemplo, nas deliciosas Pode Ser Pra Sempre, Todo Amor Que Cabe em Nós, A Procura do Sol, Novos Acordes e Onde o Céu é Azul.
Essa abordagem menos tensa é um traço do Vera Loca. Preserva algo que vem do ar acústico original de como surgem suas composições. Não é à toa que funciona tão bem quando a performance é desplugada, haja vista o registro anterior, Acústico (2014). "Sempre flertamos com o violão, seja por causa da música folk ou da regional", explica Mumu.
O contraponto está no jeito de esquentar o repertório com passagens que nos empurram pra valer. O rock pop desses caras vem calibrado por uma energia contagiante, a qual empurra músicas como Vai Buscar e a beatlemaníaca Pensando na Volta. Ou então, Amanhã Pode Ser Bem Melhor, que conta com a participação de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii). "A letra fala de esperança, persistência, personalidade, obstáculos", diz Fabrício, antes de festejar o convidado especial. "Quando poderia imaginar que algum dia dividiria a voz em uma canção com aquele alemão cabeludo, um de meus maiores ídolos?".
O que agrada de imediato em A Certeza de Como Valeu Navegar Nesse Mar é um elemento que há muito se perdeu por aqui, no Brasil. É aquela veia afiada para esmerilar canções radiofônicas de qualidade. Temos um espectro que vai do trivial, com Do Trabalho Pro Bar e Canção Folk, ao denso, de Quem Sabe, Longas Tardes e A Nossa História – sobre a qual Mumu conta que trata da busca por algo perdido entre duas pessoas. "Só quem já sentiu um relacionamento arrefecer sabe que, se você acredita mesmo, tem que tentar algo".
Foi o próprio Vera Loca que assumiu a produção, cuidando para que sua nau não desviasse do traçado. Eis aí um sinal de personalidade, pois nada é fácil na via do independente! E eles conseguiram se firmar com solidez nessa via, seguindo um percurso próprio em 15 anos de história. Não se chega de graça ao sétimo título de uma discografia e uma agenda movimentada por diferentes estados brasileiros. É preciso força, conteúdo e amadurecimento.
"Se acertamos ou erramos em algum momento, foi por total responsabilidade nossa", avalia Diego. "Construímos esse norte álbum a álbum, e penso que na música nada é definitivo. Hoje é um trabalho mais pop, mas o de amanhã ninguém sabe!".
Por Henrique Inglez de Souza
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