Dia Mundial do Rock: O rock não está morto, você que é mala demais
Por Mateus Ribeiro
Postado em 13 de julho de 2019
Há algum tempo surgiu uma conversa tão velha, chata e batida quanto desfile de 07 de setembro: o enfadonho papo de que "o rock está morto". A frase já foi falada tanto por grandes nomes da música quanto por ilustres sujeitos que vivem nos anos 1970.
Pois bem, possivelmente você já tenha ouvido essa frase abominável em algum momento de sua vida. Essa afirmação vem acompanhada de duas ótimas notícias: a primeira é a de que você tem a audição perfeita (mesmo que for para ouvir barbaridades) e a segunda é que isso é uma baita de uma conversa pra boi dormir.
Desde que eu me conheço por fã do estilo, ouço essa conversa, que começou a ganhar força em meados dos anos 1990, que alguns chamavam de década perdida, por conta da falta de popularidade do estilo, mesmo que alguns anos antes, Metallica, Nirvana e Guns N´Roses duelassem para ver quem era a maior potência da música mundial.
Não é segredo para ninguém que ver bandas e artistas de rock/metal no mainstream é uma raridade. Salvo algumas bandas gigantescas que são exceção, a música pesada não é, não foi e nunca será a música que você vai ouvir no corredor de supermercado, no elevador ou na propaganda do motel. E sabe o que isso significa? Pois é, isso mesmo, nada. Afinal de contas, um dos maiores motivos de orgulho para o METALEIRO MÉDIO é falar aos quatro cantos do planeta que se ele quiser ouvir sua banda preferida, ele tem que procurar, comprar o CD, ir até o inferno para comprar uma camiseta e toda aquela ladainha. Então, vamos lá, o fato do rock não ser um fenômeno de popularidade entre TODAS as "tribos" não vem de hoje e não causa tanto dano assim quanto as pessoas imaginam.
Outra tecla que a turma bate é na do tolo, desnecessário e maldito saudosismo. "Ah, não se faz mais bandas como nos anos 1970". Ainda bem que não se faz mesmo. Porém, antes de completar meu raciocínio, fica um aviso:
Eu não sou um idiota a ponto de achar que o que surgiu em décadas passadas não foi importante. É claro que foi, já que bandas como Led Zeppelin, The Who, Black Sabbath e outros tantos grupos e artistas de renome foram extremamente importantes na historia não apenas do rock and roll/metal, mas na da música como um todo. Porém, já parou pra pensar na chatice que seria se o mundo parasse ali, ou se todas as bandas futuras inventassem de copiar o pessoal da época. Pare, pense por cinco minutos e imagine que o planeta da música seria basicamente um monte de Greta Van Fleet fazendo cover autoral.
E se você acha que para o rock permanecer vivo é necessário cultuar o passado e não se renovar, é bom mudar um pouco os conceitos. Bandas surgem todos os dias, e por sorte, soam diferentes do que já existiu um dia, mesmo tendo influências de grandes nomes. O Black Sabbath influenciou o Metallica, que foi inspiração para mais uma porrada de bandas, e assim o ciclo continua. Querendo você ou não.
Continuando a linha de raciocínio da briga passado x presente, não se pode ignorar de forma alguma que a pessoa presa no passado na maioria das vezes tem medo do presente e de tudo o que soa moderno e/ou diferente. Então, é lógico que ao mesmo tempo que o tiozão coveiro do rock venera seus discos do Sabbath, vai detestar as bandas de new metal, além de achar que "a modernidade matou o rock". Sim, gosto é pessoal, e cada um tem o direito de ouvir o que bem entende. Porém, falar que não surgem mais bandas é sintoma de falta de conhecimento, de bom senso ou só babaquice movida pela preguiça. Se você é do clubinho "Rock Is Dead" e estiver lendo o texto, segue uma dica importante: caso você ache que não exista banda boa surgindo, existe um mecanismo chamado internet que não serve apenas para falar besteiras. Dá até pra descobrir músicas novas nesta rede, acredita?
O rock não está morto, como muitos dizem. Se está morto, o velório está bem cheio, já que festivais vendem todos os ingressos, bandas lotam estádios e casas de shows, além do infinito número de pessoas que fazem downloads.
No fim das contas, esse papo é coisa de quem gosta de alimentar o caos e não quer pensar além do insuportável mito de que dos anos 1990 para a frente tudo degringolou. Aliás, segue aqui uma pequena lista de bandas surgidas dessa década pra cá que podem fazer o cortejo fúnebre da música pesada mudar de opinião: Mastodon, Trivium, Children Of Bodom, Slipknot, Soilwork, In Flames, Apocalyptica, Angra, Shinedown, Linkin Park, Avenged Sevenfold, Queens Of The Stone Age, Spiritual Beggars, The Gathering, Lacuna Coil, Lamb Of God, Killswitch Engage, Ghost, The Night Flight Orchestra, Foo Fighters, Limp Bizkit, Bullet For My Valentine, Thy Art Is Murder, Gojira, System Of A Down, Disturbed, Soulfly, Claustrofobia, Rammstein, AS I Lay Dying, Theory Of A Deadman, Edguy, Avantasia, Nightwish, Sonata Arctica, Machine Head, mais uma tonelada de novos artistas. Basta procurar. Ah, qualquer dúvida, tem um site legal chamado Whiplash.net, que certamente vai quebrar um baita galho.
Portanto, opções existem. A cena está mais viva do que nunca, e o rock nunca esteve tão acessível quanto está na era da tecnologia. Artistas nascem todos os dias. Não são todos como os Beatles, Rolling Stones, Ramones ou qualquer outro monstro sagrados dos primórdios do rock and roll, é bem verdade. Mas não é todo dia que nasce um Pelé, não é?
Então, se você vive espalhando essa falácia sem nexo (um passatempo que se tornou hábito do brasileiro, aliás), espero que esse texto abra um pouco a sua mente e te faça respeitar um pouco mais o trabalho de bandas e artistas que tentam inovar. Afinal, imagina só se as primeiras bandas de rock and roll e heavy metal não tivessem tentado renovar as coisas, como o mundo seria monótono, chato e careta.
Um abraço e até a próxima!
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