Costume Blue: lançado clipe mostrando lado festivo do blues
Por JC ARAUJO
Postado em 31 de maio de 2020
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Um bluseiro americano que escutar ‘Fogo’, nova música da banda paulista Costume Blue a ganhar vídeo, certamente ficará intrigado. Afinal, os elementos do blues estão ali, claríssimos – inclusive com a marca de "raiz" plantada e colhida nos solos do Sul. Mas o ouvido identifica "algo" incomum no gênero afro-americano. Esse "algo" é um molho rítmico contagiante, cultivado e condimentado em solo brasileiro, nordestino. Mas especificamente, vem do baião, gênero que se eternizou em diversas composições de Luiz Gonzaga com Zé Dantas e Humberto Teixeira.
"Fizemos uma espécie de baião de dois com o blues, pois misturamos o baião nordestino com o rockabilly", comenta o vocalista Marcelo Bulhões. De fato o ouvinte identifica um "molho" brasileiro com triângulo e batida de zabumba – na verdade uma alfaia. Cristiano Araujo, baterista e compositor, dispensou o arsenal intrincado do instrumento e se concentrou apenas na caixa. Foi o que deu a direção de "balanço" a essa espécie de blues-forró.
‘Fogo’ traz a marca que singulariza a banda, em que a identidade do grupo reside na capacidade de "customizar" diferentes ritmos e gêneros sem produzir nenhuma colcha de retalhos musical. "Nunca precisamos fazer esforço para essas combinações, para forçar a costura. Já estava tudo ali, fundido", diz Ricardo Marins.
Tal caminho se argamassou com o álbum Ausência" (2019), o segundo da carreira da banda. Se no álbum as faixas ‘Fogo’, ‘Fuligem’ e ‘Entulho do Tempo’ são como blues nordestinos, em outras, como ‘Febre’ e ‘Contanto que Eu Vá’, a tonalidade é do rock e da canção brasileira. Mas o resultado é um raro senso de unidade.
Enquanto o vocalista Marcelo Bulhões, que também assume em algumas faixas a guitarra, o violão dobro e instrumentos de percussão como alfaia e triângulo, traz consigo o sangue nordestino, mais precisamente alagoano, na veia, Cristiano Araujo é o baterista que não esconde sua paixão pelo heavy metal. Aos dois, somam-se a ousadia de Ricardo Marins (que junto com Marcelo e Cristiano também assina a composição de ‘Fogo’) nos teclados, a pegada soul de raiz de Celso "Blues" Ferreira no baixo e a experiência de Alessandro Sá, produtor musical e responsável pela guitarra solo do álbum "Ausência".
Quanto ao clipe de ‘Fogo’, mais especificamente um lyric video (áudio acompanhado de letra e imagens), recebeu direção de Marcos Américo (Tuca), professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação de Mídia e Tecnologia da Unesp. A opção pelas imagens antigas se fez necessária como alternativa nesses tempos de isolamento social pelo coronavírus. Com talento de alfaiate audiovisual, Tuca costurou imagens antigas dos negros do Sul dos Estados Unidos em momentos festivos, contagiantes.
"De modo geral, o blues é visto como lamentação, mas essa é só uma das vertentes", lembra Cristiano Araujo. Se no blues também há alegria e vibração, a despeito de todo o sofrimento do povo negro, nas imagens do lyric video de ‘Fogo’ é como se esse o povo voltasse à vida para um festa coletiva. Mas agora dançando ao som de zabumba e triângulo nordestino.
Em tempos de reclusão e intolerância, é uma celebração que ultrapassa limites culturais e fronteiras de tempo e espaço.
O lyric video de ‘Fogo’, do Costume Blue, pode ser assistido no canal oficial da banda no YouTube, em todas as redes sociais/mídias do grupo, ou diretamente abaixo.
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