Rafael Bittencourt: Ele nega veto a DVD de Edu Falaschi, explica caso e detona cantor
Por Igor Miranda
Fonte: Heavy Talk
Postado em 28 de outubro de 2020
O guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, comentou sobre os recentes problemas que teve com o ex-vocalista da banda, Edu Falaschi, em entrevista ao canal de YouTube "Heavy Talk". As declarações foram transcritas pelo Whiplash, com sutis adaptações para o texto escrito.
O assunto foi apontado pelo apresentador Moita, que entrevistou Edu Falaschi semanas antes. A pauta da conversa foi o novo DVD solo do vocalista, "Temple of Shadows in Concert", que traz o álbum "Temple of Shadows" (2004), do Angra, sendo tocado na íntegra com orquestra.
Dessa forma, o apresentador perguntou: "O Edu deu a entender que o DVD dele está sendo lançado no Japão porque, lá, burocraticamente, pode. Aqui, não estaria conseguindo. O pessoal começou a supor que seria por sua causa. Assim como eu o vi dando entrevista em outros canais e repetindo essa questão. Era uma questão melhor de ser resolvida nos bastidores, mas veio ao mundo e a galera começou a tomar partido. Em seu ponto de vista, o que é verdade sobre o impeditivo de lançar o DVD aqui?".
Em sua resposta, Rafael Bittencourt destinou praticamente 30 minutos, sem interrupções, para compartilhar sua visão sobre o caso e fazer uma série de críticas a Edu Falaschi. O guitarrista disse que o problema começou ainda em 2015, antes mesmo da confusão que levou o cantor a mudar o nome de sua turnê solo, de "Angra Years" para "Rebirth of Shadows".
"Quando o Edu fala que a gente não o procurou, é mentira. Anos atrás, quando começou a história, já o procurávamos. Eu conversava com ele sobre esse e outros assuntos. Acho desonesta a maneira que ele aborda, vindo sempre a público distorcendo informações ou contando uma mentira que o favorece. Acho isso bastante desleal", disse, inicialmente.
Rafael contou que, em 2015, Edu "fez uma grande besteira". "Ele fez um contrato com uma editora musical e em um anexo ao contrato, ele colocou as obras dele, com as autorias dele, só que completamente diferentes dos cadastros já feitos, ou seja, acordos existentes. Nessa lista, tem músicas que nem são dele. Tem músicas do Andre Matos, músicas até de outras bandas. Ele assinou para a editora constando, por exemplo, músicas do Iron Maiden e do Genesis", afirmou.
Isso, de acordo com o guitarrista, gera duplicidade nos cadastros de direito autoral. Em função disso, todos os envolvidos estão sem receber o rendimento dessas obras. "Quando se cadastra uma obra autoral e você vai lá e faz outro cadastro, gera duplicidade. Se houver inconsistência, cadastros diferentes, nenhum autor recebe. Há mais ou menos 50 obras que os autores não estão recebendo - inclusive ele. É um contrato que precisa ser feito com atenção, com advogado, mas não sei o que foi... só pode ter sido desatenção. Eu e muitos outros autores não estamos recebendo dessas obras há 5 anos", disse.
Bittencourt descreveu o ex-colega como "ingênuo" e "descuidado" e afirmou que nunca tentou proibi-lo de cantar músicas do Angra. "Quando veio a ideia dele fazer o show do 'Angra Years', gerou celeuma dentro da banda, em um grupo de WhatsApp que eu tinha com o (empresário Paulo) Baron, o Kiko (Loureiro, guitarrista)... eu fui o único a falar: deixa o cara cantar as músicas. Quanto mais pessoas cantarem músicas do Angra, melhor", afirmou.
Havia receio de que Edu Falaschi "estourasse" e fizesse algo imprevisível com o nome do Angra, conforme relata Rafael Bittencourt. "Eles (grupo de WhatsApp) diziam: você sabe como o Edu é, ele vai lá, liga a câmera, faz vídeo falando de 'chupa p*u de gringo'. O que dá na cabeça dele, de repente, ele estoura. Eu pensei que comigo ele não iria fazer isso. Desde quando ele começou a ter problema com a voz, eu o defendo e protejo a imagem dele. Achei que não iria, nunca, depreciar minha imagem, por ser grato, por ser amigo meu. Nunca imaginei que ele pudesse trair isso", disse.
O guitarrista, então, propôs que a turnê do vocalista cantando músicas do Angra fosse promovida de forma semioficial, com apoio da banda. "Falei para o Edu para fazermos algo semioficial, usando o Facebook do Angra, endossando. Ouvi coisas do tipo: 'você quer ganhar do meu pô, vai fazer o seu e eu ganho o meu'. Eu falei que não era uma questão de dinheiro e, sim, como usar a reputação do Angra, como vamos falar do Angra. Eu já estava fazendo um disco novo, já queria fazer o disco do 'Temple of Shadows' ao vivo com orquestra, estivemos na casa do Maestro, junto do Edu. Eram ideias em pauta", declarou.
Rafael destacou sua decepção após Edu falar sobre o caso abertamente na internet e em entrevistas. Para ele, era arriscado fazer algo do tipo, pois divide os fãs.
"Não acho o Edu do mal, mas eu o acho inseguro e paranoico. Sempre acha que está sendo perseguido. Por isso, é difícil elaborar um acordo com ele. Não é um cara que é 'exemplo'. Ele fez essa c*g*d* da Warner, que deixou um monte de gente sem receber, e eu estava quieto. Acho errado até eu vir falar sobre isso, mas são anos. E há muito mais histórias. Eu protejo a imagem do Edu. Tenho dó dele, pela fragilidade e insegurança. Se eu venho e falo tudo que ele já fez, não sei como ele reagiria", afirmou.
"Falta de profissionalismo", diz Rafael
Na sequência de seu depoimento, Rafael Bittencourt definiu a situação como "despreparo, imaturidade e falta de profissionalismo". "Desde 2017, quando veio à tona, com ele endossando isso... ele deu muitas entrevistas com essa história de ser perseguido. Acho que é c*g*r na água que todo mundo bebe. Todo mundo se vale do Angra", disse.
O guitarrista comentou que tolerou problemas causados pelo vocalista durante os últimos 7 anos dele na banda. "O Edu foi tentar uma carreira solo, passei 7 anos tolerando os problemas que ele tinha, e não era só voz, mas também comportamentais. Tolerávamos o problema um do outro. Ninguém ia na internet falar do outro. Subíamos no palco e endossávamos. Há muitas outras histórias", afirmou.
Rafael definiu a situação do DVD como "apenas a ponta do iceberg". "Estou sem receber meus direitos autorais de pelo menos 50 músicas desde 2015. E há outros assuntos mais pesados que entram até na área criminal. Não quero ficar nisso, não sou de briga. Sou de conciliar", disse.
A entrevista com Rafael Bittencourt pode ser assistida no player de vídeo a seguir. O trecho em que a situação com Edu Falaschi passa a ser comentada começa a partir do 51° minuto.
A notificação extrajudicial
Em junho de 2017, Edu Falaschi fez uma transmissão ao vivo no Facebook para contar que precisou mudar o nome da turnê solo "Angra Years" para "Rebirth of Shadows Tour" por "questões legais".
"Todos sabem do respeito que tenho pela história do Angra [...], mas a turnê 'Edu Falaschi Angra Years'... venho conversando com o Rafael, e ele responde pelo Angra. Existe um descontentamento pelo fato de eu voltar a fazer Angra, com a turnê chamada 'Edu Falaschi Angra Years'. Expliquei que é uma turnê solo, nem coloquei o logotipo da banda, mas está a palavra Angra para comunicar que voltei a cantar Angra. [...] Hoje, tive uma notícia oficial de que por questões judiciais, eu poderia ter os shows cancelados ou embargados", afirmou.
Diante da reação dos fãs, Rafael Bittencourt se manifestou nas redes sociais, em seguida, publicando um vídeo que havia sido enviado para Edu Falaschi em meio à confusão. O músico explicou suas razões e reconheceu que tudo foi uma "bobagem", pois poderiam resolver em um telefonema.
"Fiquei, sim, chateado, não de você tocar Angra, mas de não ser informado. Fui o último a saber e nunca ninguém falou comigo sobre uma autorização, sendo que toda vez que vão criar, vender ou usufruir comercialmente de um produto do Angra, com o nome, a marca, eu quero estar envolvido. Não só na parte de grana, mas de decisões. Temos a banda, que está gravando CD agora. Conciliar isso, para não atrapalhar. E o respeito, a vontade de ser comunicado", disse.
[an error occurred while processing this directive]Recentemente, em entrevista ao "Flow Podcast", Edu Falaschi comentou: "Quando começamos (a carreira solo), o meu empresário, que era o mesmo do Angra, sugeriu o nome: 'Edu Falaschi Angra Years'. Só que, aí, o Rafael Bittencourt mandou, através do advogado, uma notificação extrajudicial, tipo: 'vou te processar'. Fiquei muito triste, pois eu estava na Itália, fazendo shows, e falei: 'caraca, não acredito que estou recebendo esse e-mail de um advogado do cara que tem meu telefone'. Era só me ligar, né? E estava de boa, não tínhamos treta".
Angra: A bombástica entrevista de Rafael Bittencourt ao Heavy Talk
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