Fórmula 1, Plano Collor e Roberto Marinho: como foi 1a vinda de Paul McCartney ao Brasil
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de fevereiro de 2022
A primeira vinda do beatle Paul McCartney ao Brasil foi repleta de desafios logísticos que precisaram ser superados. Em entrevista ao podcast Corredor 5, o empresário Luiz Oscar Niemeyer relatou os percalços durante o processo, que envolveram desde disputas políticas sobre o uso do Maracanã como palco até o fato do Rio de Janeiro ter perdido a Fórmula 1 para São Paulo.
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"Tivemos várias dificuldades para realizar esses shows do Paul McCartney. Tanto políticas quanto negociais. Em todas as frentes, mas fomos coroados com um sucesso extraordinário. Na época, em 1989, a prefeitura do Rio era do PDT, com o Marcelo Alencar. Mas o governador era o Moreira Franco, do partido rival. Então o Moreira Franco não queria liberar o Maracanã de jeito nenhum. Consegui resolver isso através de uma reunião com o Roberto Marinho. Em 3 dias ele conseguiu fazer com que o Moreira liberasse o Maracanã para o show!", comemorou.
Os problemas, entretanto, estavam apenas começando. Como era ano eleitoral, Niemeyer utilizou isso a seu favor para fazer lobby para o Rio de Janeiro abrigar o show de Paul McCartney após ter perdido o evento da Fórmula 1 para São Paulo. No final, a capital paulista acabou incluída no giro.
"Era um ano eleitoral. Seria Collor contra Lula, em 1989. Começamos a tentar patrocínio. O Rio de Janeiro perdeu a Fórmula 1 para São Paulo. Então, a imprensa caiu de pau na prefeitura do Rio. Eu tive a sacada de vender esse projeto para a prefeitura. Vamos trazer um beatle pela primeira vez para a América do Sul. E seria só no Rio, sem São Paulo! Consegui um encontro com o prefeito Marcelo Alencar, fui na casa dele e apresentamos o projeto. Ele fechou com a gente. Ele disse que garantia o dinheiro e a operação", explicou.
Além da forte chuva que caiu no dia do primeiro show no Rio, outro problema grave foi o Plano Collor, que mudou as regras do jogo às vésperas do evento e quase impossibilitou a realização.
"O show seria nos dias 20 e 21 de abril. Só que 1 mês antes do show, estourou o Plano Collor. Isso tirou o dinheiro de todo mundo. As pessoas ficaram com tipo R$ 50 na conta. Não só das pessoas físicas, como das empresas. Estávamos alinhados com as empresas, mas elas disseram que não ia dar mais. Eu estava nos EUA assistindo aos shows do Paul. Fui para o hotel e meu sócio ligou falando do Plano Collor. A prefeitura não tinha mais como manter o acordo. Não ia rolar mais o show. Eu fiquei enlouquecido. Era uma situação fora de controle. Fui negociando e a prefeitura pediu uma redução de US$ 1 milhão no projeto. Fomos analisar nosso orçamento, corta aqui, corta ali, conseguimos cortar. Eu consegui o cheque e deu tudo certo. Foi um dos maiores sustos que tive na vida", concluiu.
Assista ao episódio completo abaixo.
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