Pantera sem Dimebag Darrell e Vinnie Paul é, na melhor das hipóteses, uma banda cover
Por Mateus Ribeiro
Postado em 16 de julho de 2022
Uma notícia impactante agitou o mundo do metal nos últimos dias. O vocalista Phil Anselmo e o baixista Rex Brown, integrantes remanescentes do Pantera, "reativaram" a banda e farão uma tour em 2023. Os guitarrista Zakk Wylde (Black Label Society) e o baterista Charlie Benante (Anthrax) completam o time.
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Como todos sabem, o Pantera encerrou suas atividades no início dos anos 2000, por conta de conflitos internos. Em 2004, o guitarrista (e membro fundador) Dimebag Darrell foi assassinado enquanto se apresentava com sua nova banda, chamada Damageplan. Anos depois, em 2018, o baterista Vinnie Paul (irmão de Dimebag) faleceu.
A forma como o Pantera acabou e as mortes fundadores seriam razões suficientes para a colocar um ponto final na história da banda. Porém, há quem pense de forma diferente, inclusive os dois ex-parceiros dos falecidos irmãos Abbott.
Antes de qualquer opinião sobre a reunião, é importante relembrar a carreira do Pantera. Vamos lá!
A fase glam
O Pantera iniciou suas atividades no início dos anos 1980, em Arlington (Texas). Os jovens irmãos Darrell Lance Abbott e Vincent Paul Abbott se juntaram ao baixista Rex Brown e ao vocalista Terry Glaze. Na época, o grupo tocava uma mistura de glam metal e hard rock, como pode ser ouvido nos discos "Metal Magic" (1983), "Projects In The Jungle" (1984) e "I Am The Night" (1985).
Em 1986, Terry Glaze foi demitido e a história do Pantera nunca mais foi a mesma.
A entrada de Phil Anselmo
Nascido em Nova Orleans, Phil Anselmo foi escolhido como o substituto de Terry Glaze. Phil gravou "Power Metal" (1988), último disco da fase farofa do Pantera. Mas a partir de 1990, a sonoridade do quarteto mudou do suco para a cerveja.
Os explosivos anos 1990
Se nos anos 1980, Dimebag e seus companheiros apostaram no glam, na década seguinte a chave virou. Com o excelente "Cowboys From Hell" (1990), o Pantera deixou o passado para trás e começou a investir em um interessante e agressivo mix de thrash e groove metal.
A violência continuou sendo parte vital do som do Pantera no disco seguinte, "Vulgar Display Of Power" (1992), que tal qual a sua capa, é um verdadeiro murro no meio da cara. Faixas do calibre de "Mouth For War", "Walk", "Fucking Hostile" e "Hollow" mostraram que o som da banda havia atingido um novo nível de confiança, poder e ignorância.
Após os lançamentos de seus discos mais pesados, o Pantera se tornou um dos maiores nomes do heavy metal, estilo que não estava vivendo seus melhores dias na época. E o que parecia impossível, aconteceu: o som dos caras ficou mais nervoso em "Far Beyond Driven" (1994), ótimo trabalho que conseguiu atingir o topo das paradas da Billboard, façanha que nem mesmo o Metallica conseguiu realizar.
Aparentemente, nada poderia parar o Pantera. Mas alguns problemas apareceram e o triste final começou a se desenhar.
O início do fim
Lançado em maio de 1996, "The Great Southern Trendkill" é um disco muito pesado, que foi criado em um momento complicado tanto para o Pantera quanto para o metal. Em 1997, Vinnie Paul falou sobre o álbum durante entrevista concedida ao jornalista Jon Wiederhorn. "Phil estava passando por uma grande angústia mental e está tudo naquele disco. Você pode sentir a dor, pode ver, pode ouvir. E isso afetou a todos nós, sem dúvida. Estávamos todos sofrendo e acabamos fazendo o álbum mais extremo que já havíamos feito (...). Saiu em 1996, quando a coisa do rap metal estava caindo. Toda a indústria da música mudou totalmente. E enquanto trabalhávamos nisso, nossa mentalidade era: ‘Este é o maior dedo do meio que podemos dar a toda a indústria’".
Como se não bastasse todo o cenário, a relação entre os integrantes já não era tão boa. Para completar o combo, em 13 de julho de 1996 Phil Anselmo teve uma overdose e quase passou dessa para outra vida.
Apesar das circunstâncias adversas, o Pantera continuou na ativa e no dia 21 de março de 2000, foi lançado "Reinventing The Steel", que viria a ser o último disco de estúdio. Por fim, em 26 de agosto de 2001, Dimebag Darrell, Vinnie Paul, Rex Brown e Phil Anselmo tocaram juntos pela última vez. O show, que ninguém imaginou ser o derradeiro, foi realizado em Yokohama, no Japão.
Enfim, em 2003, Dimebag Darrell informou que a trajetória de sua banda havia acabado. Entretanto, as notícias que viriam depois seriam muito piores.
O cruel assassinato de Dimebag e a morte de Vinnie Paul
Com o fim do Pantera, os irmãos Abbott fundaram o Damageplan. Phil Anselmo, por sua vez, continuou com seus projetos, com destaque para o Down. Além de cantar, o frontman soltou a língua na imprensa e em uma dessas entrevistas, afirmou que Dimebag deveria tomar um cacete.
"Só de saber que ele era muito menor do que eu, eu poderia matá-lo como um pedaço de vapor, você sabe, ele se transformaria em vapor - seu queixo, pelo menos, se eu batesse nele. E ele sabe disso. O mundo deveria saber disso. Então fisicamente, é claro, ele merece ser severamente espancado.
Mas é claro, isso é criminoso e eu não vou fazer uma coisa dessas (...) E com toda a honestidade, eu realmente gostaria que eles fossem homens, o que é muito difícil para eles, imaginando que viveram na casa da mãe até os 30 anos", disse Phil, durante entrevista concedida à Metal Hammer.
Não demorou muito para que algum imbecil fizesse o que o vocalista gostaria que fosse feito. Em 8 de dezembro de 2004, o lendário guitarrista Dimebag Darrell foi assassinado enquanto fazia um show com o Damageplan. Sem dúvidas, um dos episódios mais tristes da história da música.
Durante anos, o guitarrista foi celebrado por seus inúmeros fãs, que mal imaginariam a porrada que iria chegar em 2018: Vinnie Paul faleceu em junho, aos 54 anos.
Os dois alegres irmãos, que mudaram a vida de muita gente, se encontraram do outro lado do palco que chamamos de vida. Mas, pelo visto, nem assim os dois teriam sossego.
O retorno faz sentido?
Mesmo com todos os acontecimentos acima citados, em julho de 2022, algumas pessoas acharam uma boa ideia reativar o Pantera. E essa "reunião" faz algum sentido? A resposta é simples: não.
Para começo de conversa, não falo sobre a questão de direitos autorais e assuntos relacionados, pois não faço a mínima ideia de quais acordos foram (ou não foram) feitos. A MINHA opinião é a de um fã, que admira o trabalho do grupo na mesma proporção que repudia certos atos feitos por um dos membros da tal reunião.
Dito isso, vamos lá: resumidamente, não existe Pantera sem Dimebag e Vinnie Paul. Além de fundadores, os talentosos irmãos começaram tudo do zero e eram a alma do grupo. "Só" por isso, o "revival" já seria uma tremenda barca furada.
Talvez, se o guitarrista tivesse morrido em circunstâncias menos trágicas, a reunião poderia ser mais aceitável. Mas não custa lembrar que as palavras de um ídolo influenciam qualquer idiota, e como idiota é o que mais existe neste Planeta, não é de se duvidar que o assassino de Dimebag tenha atendido o desejo de Anselmo, que tanto desceu a mamona em seus ex-parceiros.
Falando no vocalista, vale ressaltar que ele não é mais nem sombra do que foi um dia. E aqui, é necessário ser justo, afinal de contas, uma pessoa com mais de 50 anos, que não teve uma vida muito regrada, dificilmente repetiria as (insanas) performances realizadas quando tinha seus 20 e poucos anos.
Quanto aos substitutos, não há muito o que falar. Ambos são amigos dos finados Abbott Brothers. O carismático herói da guitarra, que era camarada dos integrantes do Anthrax, participou de três álbuns do quinteto: "Stomp 442", "Volume 8 – The Threat Is Real" e "We've Come For You All". Zakk Wylde, por sua vez, dedica a linda balada "In This River" ao amigo Dimebag em todos os seus shows.
Não há dúvidas que Zakk Wylde e Charlie Benante são monstruosos em seus instrumentos. Ambos tocam pra caralho. Porém, eles não são como Darrell Lance ou Vincent Paul. E sem Dimebag Darrell e Vinnie Paul, o atual "Pantera" é, na melhor das hipóteses, uma banda cover.
Fim de papo. Um abraço e até a próxima.
Pantera de volta com Phil Anselmo, Rex Brown, Zakk Wylde e Charlie Benante
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