Ameaça, calote e morte suspeita: A desastrosa passagem do Deep Purple pela Indonésia
Por Mateus Ribeiro
Postado em 30 de agosto de 2023
A lendária banda inglesa Deep Purple teve uma passagem terrível pela Indonésia em 1975. Na época, o grupo estava divulgando "Come Taste The Band", único álbum de sua discografia a contar com o talentoso guitarrista Tommy Bolin. David Coverdale (vocal), Glenn Hughes (baixo/vocal), Ian Paice (bateria) e Jon Lord (teclado) completavam a formação da banda, que passou por momentos complicados.
Fraser Lewry, colaborador da revista Classic Rock, contou a história da desastrosa excursão, que envolveu ameaça, calote e uma morte suspeita.
"A história desde o início era que íamos tocar em um teatro em Jacarta com capacidade para 7.000 pessoas e, como estávamos a caminho da Austrália para o Japão e tínhamos nosso próprio avião, parecia uma boa maneira de pegar um dinheiro extra", afirmou o gerente de turnê do Deep Purple, Rob Cooksey, ao escritor Chris Charlesworth em seu livro de 1983, "Deep Purple: The Illustrated Biography".
Pois bem, o Deep Purple chegou em Jacarta (capital da Indonésia) e viu que o show seria em um lugar "um pouco" maior do que o suposto teatro. O grupo iria se apresentar por duas noites no Senyan Sports Stadium, estádio com capacidade para 125 mil pessoas. Cooksey não gostou muito do que viu, mas mesmo assim, a banda tocou na primeira das duas noites para cerca de 100 mil espectadores, que deveria render 750 mil dólares à banda. O cachê pago não passou nem perto disso e o Purple recebeu 11 mil dólares.
A situação, que já não estava muito boa, ganhou contornos trágicos algum tempo depois, com a morte suspeita de Patsy Collins, um dos guarda-costas pessoais da banda. Patsy caiu em um poço de elevador e não sobreviveu aos ferimentos. Cooksey, Glenn Hughes e outro membro da equipe da banda foram levados pela polícia por conta do acidente e o empresário passou a noite preso.
"A banda teve que tocar novamente naquela noite e eles foram literalmente tirados do hotel sob a mira de uma arma e empurrados para o palco. Eles deixaram Glenn sair para fazer o show, mas a banda tocou por 20 minutos quando o lugar enlouqueceu", relembrou Cooksey.
O empresário do Deep Purple foi solto, mas ele e a banda ainda passariam por mais problemas no aeroporto, onde o capitão do avião exigiu 10 mil dólares para que um pneu furado pudesse ser consertado. O advogado do grupo havia voado dos EUA até a Indonésia para agilizar o pagamento que o Purple deveria receber, porém, ao ser supostamente ameaçado com um facão, o homem da lei picou a mula no primeiro avião em que teve a oportunidade de embarcar.
Para Jon Lord, falecido tecladista do Deep Purple, Patsy foi assassinado. "Parecia que ele havia caído no poço de um elevador, mas sabíamos que ele foi assassinado", relatou Lord, durante entrevista concedida à Guitar World em 1999.
"Foi depois daquela primeira noite que Patsy foi assassinado. O promotor nunca nos pagou. Ele pegou todo o dinheiro e nos deportou. Ele prendeu nosso gerente de turnê, um dos roadies e nosso baixista, Glenn Hughes, por suspeita de assassinato", complementou o saudoso Jon Lord.
O Deep Purple voltou a se apresentar na Indonésia em 2002 e 2004. Felizmente, as outras passagens foram muito mais tranquilas que a primeira.
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