A canção do The Who que o próprio Roger Daltrey classifica como "pretensiosa"
Por Gustavo Maiato
Postado em 06 de outubro de 2023
As relações entre composições musicais e seus autores são intrigantes, já que, embora alguns artistas possam não ter problema ao tocar uma determinada música, outros podem entrar em conflito com outras músicas de seu próprio repertório.
Dan Reynolds, do Imagine Dragons, por exemplo, admitiu anteriormente ter escrito uma música popular como ghostwriter, embora não estivesse muito disposto a discutir a canção. No caso de Roger Daltrey, do The Who, é provavelmente é seguro concluir que ele considerava uma certa música de sua própria banda como a "ovelha negra" do grupo.
Ao discutir as músicas favoritas de sua banda com a Uncut em 2015 (via Kark Post), Daltrey fez uma confissão. Foi uma surpresa quando, no meio de todas as músicas que o roqueiro amava, ele começou a falar sobre o quanto odiava cantar a esquecida música da banda "The Seeker" de 1971.
Já havia se passado tanto tempo desde que Daltrey tocou a música que ele a tinha completamente esquecido, então ele decidiu descartar "The Seeker" e fez o possível para evitar que ela aparecesse novamente em seus setlists.
Roger disse: "[Eu] nunca gostei de 'The Seeker'. Cantar essa música, para mim, era como tentar empurrar um elefante escada acima. Eu achava pesado, a primeira música que tínhamos feito onde eu pensava, 'Nah, isso é pretensioso'. Não ouço faz tanto tempo que, honestamente, nem consigo dizer como ela soa", disse.
Roger Daltrey e The Who
Na maior parte da década de 60, o The Who se destacou como uma banda pop, focada em singles de sucesso. No entanto, com a criação da ópera rock "Tommy" em 1969, deram um salto audacioso em direção a um álbum conceitual que era quase uma experiência cinematográfica para os ouvidos. Tanto que, na metade dos anos 70, esse épico musical foi transformado em um filme.
Pete Townshend, a mente criativa por trás dessas composições, não se contentou com isso e aspirou a algo ainda mais grandioso, mais pretensioso e complexo. O novo projeto recebeu o nome de "Lifehouse", mas era tão intrincado que a banda não conseguia executá-lo (nem mesmo entendê-lo). Infelizmente, o projeto foi colocado na prateleira depois que Pete enfrentou um colapso nervoso.
De acordo com uma reportagem de André Garcia, citando a Far Out Magazine, o vocalista Roger Daltrey lembrou: "Pete havia escrito um roteiro que era praticamente um script de filme e não fazia sentido. Mas tinha algumas boas ideias nele. Uma delas que me recordo era que, quando descobríssemos o significado da vida, era uma nota musical."
Após o arquivamento do Lifehouse, as partes mais promissoras do projeto foram reaproveitadas para criar um álbum mais convencional, resultando em "Who's Next" (1971). Este álbum, querido por muitos fãs, é considerado por Daltrey como "o melhor que já fizemos".
"Ele [Pete Townshend] queria transmitir a sensação de que a plateia era tão crucial quanto a banda no que diz respeito à interpretação da música. E, para ser justo, acredito que a evidência disso está na parte que funcionou, pois o álbum ['Who's Next'] é certamente o melhor que já fizemos."
O quinto álbum de estúdio do The Who, "Who's Next", lançado em 2 de agosto de 1971, apresenta alguns dos maiores sucessos da banda, incluindo "Baba O'Riley", "Behind Blue Eyes" e "Won't Get Fooled Again".
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