O motivo que levou ator Marlon Brando a odiar rock e não achar que merece rótulo de arte
Por Gustavo Maiato
Postado em 04 de novembro de 2023
Como um representante cinematográfico da Geração Beat, Marlon Brando ajudou a levar a representação teatral para o século 20. Seu talento pioneiro pode ser visto em atuações memoráveis, como em "O Poderoso Chefão" e "Apocalypse Now".
Em suas raras, mas cativantes entrevistas, Brando se destacava. Ele preferia discutir questões sociopolíticas e fazer um apelo pela justiça social, especialmente quando se tratava dos povos nativos americanos.
Durante uma conversa com a revista Playboy em 1979 (via Far Out), Brando discutiu sua visão sobre entrevistas. "Não vou me colocar aos pés do público americano e convidá-los para a minha alma", disse ele. "Minha alma é um lugar privado. E eu tenho ressentimento pelo fato de viver em um sistema em que você tem que fazer isso. Me vejo fazendo concessões porque, normalmente, não falaria sobre nada disso, é apenas conversa fiada. Não é envolvente, significativo ou relevante, não tem muito a ver com nossas vidas."
Mais adiante na conversa, um Brando obstinado e intransigente foi questionado sobre quais vocações e mídias ele considerava como verdadeira arte. O entrevistador sugeriu que letristas como Cole Porter e Harold Arlen deveriam, no entanto, ser considerados artistas. "Shakespeare é um letrista; ele escreveu muitas músicas", respondeu Brando. "Sim, eu suponho que qualquer forma de escrita criativa. Mas você vai muito para baixo na escala."
Na época, com cerca de 40 anos, o ator criticou a música rock contemporânea. Ao contrário de Joan Jett e os Blackhearts, Brando estava farto do rock 'n' roll muito antes de o Status Quo ganhar o cenário global.
"Você não vai chamar os Rolling Stones de artistas", afirmou Brando. "Ouvi alguém compará-los - ou os Beatles - a Bach. Alegaram que haviam criado algo tão memorável e importante quanto Bach, Haydn, Mozart e Schubert. Eu odeio o rock 'n' roll. É feio. Eu gostava quando os negros o tinham em 1927."
Ao longo de grande parte de sua carreira, Brando foi um defensor do Movimento Americano pelos Direitos Civis. Ele explicava que uma classe corporativa predominantemente branca estava liderando injustamente uma nação apropriada dos povos nativos americanos. Em sua declaração sobre o rock 'n' roll, o ator aparentemente sugeriu que uma apropriação semelhante havia ocorrido no mundo da música nas décadas de 1950 e 1960.
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