Kiko Zambianchi diz que estranhou ausência de artistas no enterro de Raul Seixas
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de janeiro de 2024
Raul Seixas é considerado por muitos como um dos maiores cantores e compositores do rock nacional de todos os tempos. Na ocasião de sua morte, entretanto, quase nenhum artista compareceu ao seu enterro.
Em entrevista ao Papagaio Falante, Zambianchi, que foi um dos poucos músicos que compareceu à solenidade, disse que estranhou muito essa ausência e reforçou que o legado de Raul está presente até os dias de hoje, inclusive sendo perpetrado por figuras internacionais, como Bruce Springsteen.
"Contato com Raul Seixas? Não tive, não conheci pessoalmente, mas fui ao enterro dele. Foi estranho porque quase nenhum outro artista compareceu, só eu e mais dois, talvez o Marcelo Nova, que havia gravado um disco com o Raul. Os fãs acabaram me associando a ele por causa desse lance de eu ter ido ao enterro. Ele era meu grande ídolo, o maior do rock, especialmente dessa época raiz, com letras geniais, coescritas com Paulo Coelho. A maioria dos grandes sucessos foi feita por eles. A ausência de artistas no enterro foi estranha, não entendi. A música do Raul até hoje é muito importante, viram o Bruce Springsteen tocando ‘Sociedade Alternativa’no Rock in Rio? Sensacional! Ele abriu o show e conquistou o público, até a música nova dele foi cantada pelos fãs depois. Ele é um gênio".
A morte de Raul Seixas
Raul Seixas faleceu aos 44 anos em 1989, vítima de uma parada cardiorrespiratória decorrente de pancreatite crônica e hipoglicemia, segundo o laudo médico. No entanto, como ocorreu seu declínio a partir de 1984? Em entrevista ao podcast "Isto Não É", Sylvio Passos, músico, amigo e colecionador de Raul Seixas, explicou como esse processo se deu em sua visão.
"O Raul Seixas sempre soube o que estava fazendo. Ele sabia que no final quem estaria com ele seriam os amigos dele. Eles não poderiam fazer nada por ele. As mídias e os grandes jornalistas do Brasil adoravam o Raul e estavam vendo que ele estava deteriorando. Ele entrou em um processo de não administrar a própria carreira. Ele dizia que não queria ser um artista fake e ficar bonitinho na televisão sendo que a realidade dele era visceral. Ele não ia ser um produto descartável. Eu e Raul tínhamos uma identificação muito grande. Essa característica do Raul era igual ao pessoal da periferia.
Ou seja, poderia morrer, mas não se vender ao sistema. No final da vida dele, por essa postura de autenticidade, ele estava sendo mal visto pelos empresários. Como ganhar grana com um cara chapado, doidão e que falava coisa que não podia? O álcool e as mulheres foram os maiores problemas do Raul. São duas coisas parecidas que deixam a gente meio doido, né? [risos]. O que ferrou ele no final foi o álcool. Ele estava entregue mesmo, muito inchado. A decadência dele começa em 1984. A decadência física".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps