O recado subversivo escondido na letra de "Rádio Pirata", clássico do RPM
Por Gustavo Maiato
Postado em 23 de junho de 2024
O clássico "Rádio Pirata" é um dos maiores sucessos do RPM e sua letra – como a grande maioria dos lançamentos da banda – foi escrita pelo vocalista e baixista Paulo Ricardo. Seus versos trazem uma forte mensagem subversiva de rebeldia contra o poder e por incrível que pareça não fala sobre produtos piratas.
Em vídeo no canal A História de uma Revolução, trechos de entrevistas com Paulo Ricardo foram compilados onde ele explica a motivação por trás de trechos rebeldes, como: "Abordar navios mercantes / Invadir, pilhar, tomar o que é nosso / Pirataria nas ondas do rádio / Havia alguma coisa errada com o rei".
De acordo com Paulo Ricardo, essa ideia surgiu quando ele estava entre a estadia em Londres e a faculdade de jornalismo na USP.
"Eu fiz faculdade de jornalismo na USP. Na época, eu tinha amigos que estavam fazendo uma matéria sobre rádios piratas em Sorocaba. Foi uma coisa que me interessou muito e fiz essa música.
Essa música resume o que sentíamos naquela época. Esse espaço que queríamos ocupar. Tocar no rádio era um sonho e virou uma metáfora para essa invasão. A música é um rock básico, foi nossa segunda música de trabalho. Essa mensagem veio de uma ideia concreta de montar uma rádio pirata. Eu morava em Londres, e fiz essa música lá. Ela veio muito simples, mas eu tinha uma sonoridade na cabeça.
Toda banda precisa de um rock básico. As pessoas não esperavam essa música depois de ‘Louras Geladas’. Ele sintetizou o que queríamos dizer. Havia uma cena de rádios piratas em São Paulo começando. Era um grande gancho para a canção. Esse lance da caveira e toda a simbologia, que não tinha nada a ver com produtos piratas ou chineses.
É um símbolo da luta contra o poder. A letra me deu muito trabalho, virou uma febre de rádios. Estava acontecendo. Um jornalista fez uma matéria sobre isso, falando do fenômeno. Era uma excelente metáfora. A pirataria era outra coisa. Queríamos invadir as rádios, como aquele filme que rolou depois com o Brendan Fraser que tem uma banda de metal e ele invade uma rádio e obriga a tocarem a música dele. Comecei a costurar essas metáforas".
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