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Como um par de sapatos roubados mudou a história do rock dos anos oitenta

Por Bruce William
Postado em 11 de julho de 2024

Na história, há certos acontecimentos que mudam completamente o rumo das coisas, e muitas vezes são pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Se Slash tivesse se juntado ao Poison meses antes de ingressar no Guns N' Roses, a história do rock dos anos 80 poderia ter sido radicalmente diferente. A entrada de Slash no Poison provavelmente teria alterado o som da banda, trazendo uma abordagem mais crua e menos glamourosa, o que poderia ter mudado a dinâmica interna e atraído um público distinto.

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Foto: Travis Shinn
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Por outro lado, com Slash no Poison, o Guns N' Roses talvez nunca tivesse atingido o mesmo nível de sucesso icônico, já que a formação clássica que definiu o som visceral e a atitude rebelde da banda não existiria ou seria completamente diferente. Essa mudança poderia ter impactado significativamente a trajetória de ambos os grupos, influenciando a evolução do rock naquela década e além.

Mas como isso aconteceu? No livro "Reckless Road And The Making Of Appetite For Destruction" o autor, Marc Canter, amigo próximo do Guns N' Roses, diz que ele quem ficou insistindo para que Slash fosse lá fazer o tal teste, e que o guitarrista, já de antemão, não estava interessado.

"Slash realmente não queria fazer aquilo, ele não gostava da música, ele não gostava do spray de espuma e da imagem. Eu disse a ele: 'Cara, você tem que fazer isso, você não tem uma banda, você poderá gravar um álbum e isso será um trampolim para outras coisas', mas ele ainda realmente não queria fazer a audição. Ele foi porque eu basicamente continuei insistindo e na verdade o levei para vê-los tocar em um show esgotado e o convenci a fazer a audição dizendo: 'Cara, olha isso', embora ele claramente não estivesse interessado e basicamente estragou a audição. Ele não estava interessado na música ou na imagem e acho que ele deixou isso muito claro para os caras do Poison. Eles sabiam que ele era claramente habilidoso nas partes da guitarra, mas, no final das contas, eles estavam procurando alguém que estivesse realmente interessado em toda a apresentação e disposto a jogar esse jogo".

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Outra pessoa também ligada que comentou o assunto foi a empresária Vicky Hamilton, em entrevista com a Metal Sludge: "Eu também gerenciava o Poison. Eles fizeram uma audição com o Slash, e o Poison acabou oferecendo o trabalho para ele. Ele ficou animado e disse que aceitaria. Ele disse OK. Mas depois ele disse que não usaria toda a maquiagem e que não diria, 'Eu sou o Slash!' como todos no Poison costumavam se apresentar no palco: 'Eu sou o Bret! Eu sou o Rikki! Eu sou o Bobby!' Slash disse que de jeito nenhum, ele não faria isso. Então, no dia seguinte, o Poison acabou ficando com C.C. DeVille. Ele foi quem conseguiu o trabalho depois que o Slash recusou".

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Bret Michaels queria que Slash fosse o guitarrista do Poison

Conforme aponta a Loudwire, no livro "Nothin' But a Good Time: The Uncensored History of the '80s Hard Rock Explosion", o vocalista Bret Michaels conta que ele queria Slash no posto, mas o baixista Bobby Dall e o baterista Rikki Rockett optaram por Deville. "Foi uma das nossas primeiras discussões na banda porque o Slash arrasou. Já C.C. entrou e mal aprendeu nossas músicas. Ele começou a tocar suas próprias coisas. Ele disse: 'Eu tenho essas outras músicas! Vocês precisam ouvi-las!' Nós imediatamente batemos de frente".

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A admiração de Michaels por Slash não é segredo. Ele disse ao Austin American-Statesman em 2012: "Slash é um dos meus guitarristas favoritos de todos os tempos, e eu acredito que ele teria direcionado nosso som um pouco mais na direção do Aerosmith. Ele era basicamente o mesmo cara que é hoje. O que você vê é o que você tem. Mas nunca teve realmente uma chance de dar certo ou não. A banda decidiu que o C.C. era a melhor escolha para nós".

Porque Slash não entrou no Poison, conforme o ponto de vista do guitarrista

No livro "Slash - A Autobiografia: Parece exagero, mas aconteceu" (Amazon), o guitarrista conta seu ponto de vista sobre o teste que ele fez para o Poison em 1985, que como sabemos acabou chamando C.C.DeVille para a vaga.

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Conforme Slash, o convite veio do então guitarrista do Poison, Matt Smith, que decidiu deixar a banda e voltar para a Pensilvânia com a esposa, que estava grávida. "Matt era um bom sujeito, com os pés no chão - o menos venenoso do bando. Ele sabia que aquela não era a minha praia, mas disse que seria um bom show, que pagariam bem, e eu já sabia que a banda fazia sucesso. Fui contrário à ideia, mas Matt me persuadiu a fazer o teste", conta.

No dia marcado, Slash seguiu lá para o apartamento. "Apareci para o teste usando meu uniforme típico: jeans, camiseta e, naquele dia, um par de mocassins irados que havia roubado no mercado dos fazendeiros – não eram enfeitados, apenas calçados simples de couro marrom", relata o guitarrista. "Eu aprendera umas quatro ou cinco músicas de uma fita que haviam me dado, e simplesmente arrasei quando tocamos. Eles me chamaram de volta para um segundo teste, e me lembro de Bobby Dall, o baixista, me observando enquanto eu tocava. A vibração era bastante diferente; havia uma atenção palpável aos detalhes".

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Neste ponto, conta Slash, se deu o seguinte diálogo: "E então, cara, o que você costuma usar? Não usa esses sapatos no palco, né?", perguntou o baixista. "Não pensei muito nisso, para dizer a verdade", respondeu Slash, acrescentando que Bobby parecia preocupado e confuso. "Eu era um entre os três que eles estavam testando para fazer uma escolha, e vi outro cara lá naquele dia. Tinha cabelo platinado, usava uma jaqueta brilhosa de couro branca e maquiagem completa, com um batom rosa cintilante. Lançando um olhar a ele na saída, soube que o cara conseguiria o trabalho. E conseguiu, é claro – era C.C. Deville. Eu quase me matara para tocar bem o material do Poison, mas era apenas nesse aspecto que me encaixava perfeitamente no que eles estavam fazendo" disse o guitarrista, que meses mais tarde, naquele mesmo ano, se juntou ao Guns N' Roses. O resto, como se diz, é história.

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Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
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