A importância do Jethro Tull na criação do primeiro álbum do Black Sabbath
Por Bruce William
Postado em 02 de agosto de 2024
Às vezes ficamos com a impressão que fatos marcantes na história acontecem "por um triz", com pequenos detalhes fazendo com que as coisas sigam determinados caminhos ao invés de outros. E um dos mais aterrorizantes no mundo do Rock foi o acidente envolvendo o guitarrista Tony Iommi, que perdeu as pontas dos dedos em um acidente numa metalúrgica quando ainda era bem jovem.
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"Depois do meu acidente, minha vida mudou completamente, porque muitos médicos me disseram que eu não seria capaz de tocar de novo, para eu esquecer isso. Bem, eu disse: 'Eu realmente quero fazer isso'. [Os médicos responderam] 'Bem, você terá que arrumar outra ocupação'. Mas eu realmente queria fazer isso, e respondi: 'Deve haver uma maneira de aprender a tocar e levar isso adiante'". E ele conseguiu, graças à persistência e uma "gambiarra" criada por ele, que foi fabricar pontas para seus dedos, a princípio usando um frasco de detergente e um ferro de solda, mas como não funcionou ele acabou usando o couro de sua própria jaqueta.
Mesmo após a superação, de forma brilhante, desse terrível obstáculo, as coisas ainda demoraram para acontecer. E neste meio tempo um episódio poderia ter mudado completamente a história, quando Iommi foi convidado para se juntar ao Jethro Tull, de Ian Anderson. Nesta época, o guitarrista fazia parte de um grupo chamado Earth, que contava ainda com Ozzy Osbourne no vocal, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria - sim, certamente você já ouviu falar desses quatro músicos :)
O Earth passava por dificuldades financeiras enquanto tentava conquistar seu lugar ao sol. "Éramos uma banda de blues na época, e fizemos um show de abertura para eles em Birmingham. E enquanto Tony estava fazendo seu solo de guitarra, vimos Ian Anderson entrar devagar no show, parar bem na frente de Tony, e ele estava simplesmente hipnotizado. Não estávamos fazendo nada na época. E depois, quando estávamos no furgão, voltando para casa, Tony disse, 'Ian Anderson me pediu para me juntar ao Jethro Tull'. Dissemos: 'Não temos nada, você pode ir tranquilo'", contou o baixista Geezer Butler.
Denio Alves relata em uma extensa biografia do Black Sabbath em seus primórdios: "Se por um lado isso representava um golpe no estômago de Ozzy, Bill e Geezer, - que já haviam se acostumado àquela formação e que achavam que Iommi, em uma banda em ascensão como o Jethro, nem pensaria em tocar mais com eles - por outro lado, era a garantia de dias melhores para o Earth, já que com o dinheiro que Iommi receberia por aqueles dias excursionando com o Jethro, as muitas contas e gastos pendentes do grupo poderiam ser pagas, e ainda sobraria um troco para comprar mais equipamento. A banda tinha que se desdobrar, afinal, se quisesse continuar vivendo de sua própria música, e a vida não estava fácil mesmo! Foi assim, então, que mesmo correndo o risco, Ozzy e os rapazes deram um 'até mais' a Iommi, mesmo imaginando que, no dia em que ele voltasse para revê-los, poderia ser para não ensaiar e nem entregar dinheiro algum, mas sim para dar uma notícia não muito agradável. Talvez fosse o futuro do cara como guitarrista - ninguém podia se intrometer no destino dele, afinal".
Mas Iommi não conseguiu se adaptar ao posto, principalmente pelo fato do Jethro Tull ser dirigido por Ian Anderson com mãos de ferro. "Eu me sentia realmente estranho por não me sentir parte da banda. Eu gostava dos caras, mas me sentia deslocado pois estava entrando em uma banda basicamente já estabelecida, e eu queria ser parte de uma banda assim, mas queria poder conquistar as minhas próprias coisas. Não queria entrar numa banda que já estivesse indo bem e ser apenas o guitarrista. Queria estar numa banda onde todos trabalhassem juntos e todos fossem a banda. Não queria ser o guitarrista do Jethro Tull meio que como se fosse um músico contratado, queria fazer parte de uma equipe".
Conforme relata a Far Out, Iommi então foi e conversou com Ian Anderson: "Olha, eu vou sair. Sinto falta da minha antiga banda". E Iommi retorna à Birmingham com dinheiro no bolso, reencontra Ozzy, Bill e Geezer, e todos juntos comemoram a sua volta com uma bela noite de bebidas num dos pubs locais após uma noite de show. "Vou te dizer, isso mudou nossa carreira", conta Iommi. "Eu disse para eles, 'Vamos nos reunir de novo e trabalhar duro para fazer isso acontecer. Nós também podemos nos tornar grandes'".
Depois de se renomearem Black Sabbath, os quatro integrantes estavam com o vento a favor. Iommi ficou impressionado com a ética de trabalho de Anderson e a liderança poderosa no Jethro Tull e trouxe essa energia para o Sabbath enquanto gravavam seu álbum de estreia com um entusiasmo renovado. "Percebi que era aquilo que a gente tinha que fazer", concluiu Iommi, em relação à mentalidade rigorosa de Anderson. "Aquilo realmente nos ajudou. Começamos a escrever nosso próprio material, e a partir daí tudo funcionou".
Inclusive, o próprio Ian Anderson sabe que, para a história, foi melhor que tudo acontecesse assim: "Tenho certeza de que para Tony a melhor coisa que ele fez foi não ter entrado para o Jethro Tull; se não ele não teria desfrutado da posição que alcançou com o Black Sabbath. De muitas formas, Tony virou o protótipo, o inventor dos riffs de heavy metal".
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