O estilo musical que George Israel não curte: "Sem conexão com o Rio de Janeiro"
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de outubro de 2024
Em entrevista ao canal MPB Bossa, George Israel, saxofonista e ex-integrante do Kid Abelha, comentou sobre sua aversão ao sertanejo e sua visão sobre o cenário musical brasileiro. Israel, que sempre esteve imerso no universo do rock e da MPB, revelou que o gênero sertanejo não faz parte de suas preferências musicais e disse se surpreender com a sua popularidade avassaladora, especialmente no Rio de Janeiro.
"Particularmente, nunca foi um gênero que eu gostasse de forma geral. Não me cativa, não gosto de ouvir. Pode até ser que, de vez em quando, tenha uma ou outra música que eu tolere, mas realmente não faz sentido para mim", disse o músico. Para ele, o sertanejo causa estranheza em quem cresceu no ambiente musical carioca, onde o samba, a bossa nova e o rock sempre tiveram forte presença. "O sertanejo foi, sem dúvida, a maior surpresa, principalmente para quem, como eu, é carioca e sente que não há nenhum ponto de conexão com o Rio de Janeiro."
Apesar da resistência pessoal, Israel reconheceu a força e a organização do gênero, que se consolidou com estratégias independentes, mesmo sem depender inicialmente das grandes gravadoras. "Quando as gravadoras entram no jogo, potencializam ainda mais o gênero", observou o músico.
A ascensão do sertanejo, segundo Israel, abriu menos espaço para outros estilos, como a nova MPB e o rock. "Essa expansão ocupou tanto espaço que a nova MPB, por exemplo, não conseguiu se firmar com tanta presença. Ela existe, claro, assim como ainda existem bandas de rock. Mas o rock ficou um tanto estranho, não há tantas novidades. As bandas de pop rock que já existiam continuam por aí, eventualmente lançando discos, mas a cena é diferente", afirmou.
O desabafo de George Israel reflete uma percepção comum entre artistas de gêneros tradicionais, que se veem deslocados diante do sucesso do sertanejo universitário, que, nos últimos anos, tornou-se dominante no mercado musical brasileiro. Ainda assim, o músico ponderou: "No fim, há espaço para todo mundo".
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