Como Paula Toller sobrevivia no rock nacional dos anos 80
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de novembro de 2025
Durante décadas, Humberto Barros foi uma das presenças mais discretas - porém essenciais - dos bastidores do rock brasileiro. Tecladista, compositor e produtor, ele integrou grupos como Heróis da Resistência, trabalhou com Frejat e, por mais de uma década, acompanhou Paula Toller e o Kid Abelha, uma das bandas mais populares da música nacional. Em entrevista recente ao canal Corredor 5, Barros falou sobre suas experiências com artistas femininas e refletiu sobre o machismo ainda presente no meio musical.
Ao relembrar os bastidores da banda liderada por Paula Toller, Humberto comentou como o ambiente de estúdio sempre foi dominado por homens - e como isso tornava o trabalho mais desafiador para as mulheres. "O ambiente de estúdio de música sempre foi muito masculino, né? Muito masculino. Quando convivi com a Paula, sentia que ela tinha um pé atrás com tudo. Quando queria alguma coisa que tinha a ver com a banda, já vinha explicando, tentando convencer, porque sabia que tinha uma parede de caras na frente dela", contou o músico.

Segundo o tecladista, essa postura cautelosa era uma forma de Paula se proteger em um meio ainda resistente à liderança feminina. "Ela não sabia exatamente a quantidade de coisas legais - ou de escrotidão - que existia na mente de cada um daqueles caras. Era uma situação totalmente masculina. Ver uma pessoa como a Paula vencer e fazer o que ela fez é muito importante. Assim como a Rita Lee, que passou por tudo isso antes", afirmou.
Humberto também destacou que, apesar de avanços pontuais, o cenário do rock nacional ainda carece de espaço e respeito para artistas mulheres. "Tem horas que as mulheres desistem de ter voz. Eu já vi isso acontecer. E olha que eu sou um dos caras que mais tocou com mulheres - esse é o meu orgulho", declarou.
Entre as artistas com quem já trabalhou, o tecladista cita nomes de diferentes gerações: "A Érika Martins, a Jesuton, a Paula, a Fernanda Abreu... Só com a Paula foram quase 11 anos. E agora, dessa geração novíssima, tem a Marília Bessy e a Kátia Jorgensen, que é uma cantora nova e incrível." Barros também revelou que gravou recentemente uma faixa com Kátia.
Ao refletir sobre o papel das mulheres no rock, Humberto observou que a sensibilidade feminina sempre foi uma força criativa que o inspirou. "O pensamento feminino abre muito mais espaço pra coisas sensíveis. Sempre me fascinou isso. Quando eu via uma garota gostando do som que eu fazia, aquilo ganhava um significado ainda maior. Eu pensava: 'Caraca, eu acertei alguma coisa, consegui ser sofisticado o bastante pra conquistar esse ser tão curioso e sofisticado'."
Confira a entrevista completa abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
AC/DC anuncia terceiro show em São Paulo; ingressos estão à venda
AC/DC anuncia show extra em São Paulo para o dia 28 de fevereiro; ingressos estão à venda
A melhor banda de metal de todos os tempos, segundo Scott Ian do Anthrax
A única música do "Somewhere in Time" do Iron Maiden que não usa sintetizadores
Os três melhores guitarristas base de todos os tempos, segundo Dave Mustaine
A banda que mais pode repetir sucesso do Iron Maiden, segundo Steve Harris
A banda que não ficou gigante porque era "inglesa demais", segundo Regis Tadeu
Slash dá a sua versão para o que causou o "racha" entre ele e Axl Rose nos anos noventa
O "detalhe" da COP30 que fez Paul McCartney escrever carta criticando o evento no Brasil
A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio
A maior lenda do rock de todos os tempos, segundo Geezer Butler do Black Sabbath

Paula Toller do Kid Abelha comenta sua semelhança com Paulo Ricardo do RPM
Os 10 maiores discos de estreia do rock nacional de todos os tempos


