A cantora da MPB que Renato Russo achava muito linda, segundo sua irmã
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de outubro de 2025
Renato Russo é lembrado como um dos maiores compositores do rock brasileiro, dono de letras profundas e de uma sensibilidade rara. Mas, segundo sua irmã, a cantora Carmen Manfredini, o líder da Legião Urbana também tinha um lado musical surpreendentemente eclético - e um gosto curioso dentro da MPB. Em entrevista ao canal Violão com Roberto Farias, Carmen revelou que Renato tinha verdadeira admiração por uma das maiores vozes do gênero: Simone.
"O Renato Russo acho que escondia um pouco o gosto musical dele dos amigos [risos]. Ele ouvia muito progressivo, mesmo na fase do punk rock. Focus, Yes, Genesis, Electric Light Orchestra, Emerson, Lake and Palmer e Michael Oldfield. Ele também ouvia muito os mineiros do Clube da Esquina - Lô Borges, Milton Nascimento, Beto Guedes. Ele fazia medleys dessas músicas nos shows da Legião Urbana. Ele ouvia também Simone, adorava o disco Cigarra. Ele adorava, acho que ele gostou porque achava ela bonita. Ela era linda. Ele ouvia de tudo, ouvia as divas do jazz e blues até Ernesto Nazareth e Pixinguinha", contou Carmen.


O gosto musical de Renato Russo
A revelação ajuda a entender a vastidão de referências de Renato Russo, que transitava entre o punk rock, o rock progressivo e a MPB, absorvendo influências sem preconceito. Mesmo assim, esse gosto amplo nunca se traduziu em muitas parcerias com artistas do universo da música popular brasileira.
Enquanto bandas como Titãs e Paralamas do Sucesso construíram pontes com nomes como Marisa Monte, Caetano Veloso e Djavan, Renato Russo manteve-se distante desse tipo de aproximação. De acordo com matéria de Gustavo Maiato, publicada em fevereiro de 2024, a única parceria registrada entre o vocalista da Legião Urbana e um nome da MPB foi com Leila Pinheiro, na canção "Hoje", lançada postumamente no álbum Presente (2003).

O youtuber Julio Ettore explicou em entrevista ao canal Manual do Homem Moderno que o comportamento reservado de Renato foi determinante para essa distância. "Renato enfrentou consideráveis desafios ao se integrar, pois era uma pessoa bastante reservada, insegura e fechada. Ele teve pouquíssimo contato com o pessoal da MPB por isso. Ninguém naquele meio era muito brother dele, sabe?", afirmou. Segundo Ettore, o cantor também atravessou um período de dependência alcoólica, o que acabou dificultando ainda mais os laços pessoais e profissionais.

Curiosamente, mesmo sem buscar parcerias, Renato Russo teve algumas conexões indiretas com artistas da MPB. Um dos exemplos mais emblemáticos foi Cássia Eller, que gravou "Por Enquanto" em seu disco de estreia. Segundo Julio Ettore, a versão usada no álbum era uma demo, incluída sem que Renato tivesse sido consultado - mas ele acabou gostando tanto que chegou a dizer que preferia a gravação dela à sua própria. Apesar do elogio, os dois nunca chegaram a desenvolver uma amizade próxima.
Confira a entrevista completa abaixo.

Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps