A verdadeira aula sobre palavrão que Dercy Gonçalves deu para João Gordo
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de março de 2025
A saudosa Dercy Gonçalves nos deixou aos 101 anos, mas não sem antes marcar a história da televisão, cinema e teatro do Brasil. Despojada e atrevida, ficou conhecida por seu jeito peculiar de se expressar que envolvia sempre falar muitos palavrões.
Em entrevista a João Gordo no programa Gordo Visita, o apresentador explicou que ele próprio fala também muito palavreado chulo. "Eu estou aqui com uma lenda viva da dramaturgia e da televisão brasileira. Eu gosto desse jeito da senhora espontâneo, de falar palavrão. Eu falo muito, sabia?", disse.
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Foi então que Dercy deu uma verdadeira aula para João Gordo sobre o que ela considera palavrão de verdade. A atriz explicou que palavras que comumente são consideradas feias para ela não faz sentido serem rotuladas como proibidas.
"Não é palavrão. Nunca falei palavrão. Eu acho que palavrão não é isso o que falo. O que é para você? Cu? Porra? Você é feito da porra. Quando Deus resolveu fazer a humanidade, ele tirou do sexo masculino uma droga ordinária e fedorenta, nojenta, e jogou dentro da mulher, e saiu isso. Saiu até a internet e o celular. É uma coisa muito estranha e que impressiona. O palavrão para mim não é esse que vocês criaram. Não senhor! O palavrão é a fome! É o condomínio. Você pagar a casa que é da gente. Palavrão é o tóxico, que devia ser proibido. Nem devia entrar no país", concluiu.


A relação do rock nacional com o palavrão
Embora os palavrões costumem ser evitados por bandas que almejam um sucesso mais mainstream, dentro do rock nacional há exceções. Em entrevista ao canal "Music Thunder Vision", João Gordo relembrou de uma música do Camisa de Vênus chamada "Bota Pra Fudê", que foi a primeira vez que o músico do Ratos de Porão ouviu música nacional com palavrão.

"O que era isso? Que horror! [risos]. Nossa, os caras falavam palavrões nas letras! Uau! O som não era lá essas coisas, mas os caras falavam palavrões nas letras! Eles faziam versões de bandas punks também. Eles fizeram muito sucesso assim", disse.
Já Renato Russo, lenda da Legião Urbana, não costumava usar esse tipo de palavreado. É o que relatou o jornalista e escritor Arthur Dapieve: "O Renato Russo tinha preocupação em fazer com que a música dele fosse atual em toda época e todo lugar. Essa é uma diferença dele para o Cazuza, por exemplo. O Renato escrevia as letras de modo a não chamar muita atenção para o lugar e nem para o tempo. Ele usava alegorias e figuras de linguagem. Brasília está escancarada mais em ‘Faroeste Caboclo’. Ele queria que a letra dele fosse entendida no futuro e no passado. Ele evitava palavrões, por exemplo. Tem uns quatro ou cinco palavrões ao todo nas músicas da Legião Urbana, mas as pessoas nem reparam. Ele pensava: ‘Tem criança que gosta do que faço’. Então, você nem nota. As pessoas nem percebem! [risos]".

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