O navio que vinha da Austrália e acabou fazendo Ratos de Porão inventar o crossover
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de outubro de 2025
O ano era 1987. No final de setembro, pescadores do litoral de Maricá (RJ) encontraram algo estranho boiando no mar: latas idênticas às de leite em pó, mas cheias de maconha. Cada uma pesava cerca de 1,5 kg. O caso se espalhou pela costa brasileira - do Rio de Janeiro até Santa Catarina - e entrou para a história como o lendário "Verão da Lata". Segundo investigações da época (via UOL), o navio Solana Star, vindo da Austrália, despejou cerca de 25 mil latas com a droga antes de ser interceptado.
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Enquanto as autoridades tentavam entender o que estava acontecendo, a notícia se espalhou entre surfistas, curiosos e músicos - inclusive entre os integrantes do Ratos de Porão. Em entrevista ao Instituto Cultiva, o vocalista João Gordo relembrou o episódio e revelou que a maconha vinda do mar acabou, de forma inusitada, influenciando o som da banda.

"Um navio despejou 25 mil latas de maconha na costa - pegou Rio, São Paulo, Paraná, foi até lá embaixo. Foi o verão da lata, tá ligado? A gente conhecia uns surfistas da revista Fluir e conseguiu uma dessas latas, cara! Cada uma vinha com uns dois quilos, e tinha três tipos diferentes dentro. Uma delas era uma maconha preta, tipo Thai Stick, que eu nunca tinha visto. A primeira vez que fumei, passei mal, tive alucinação, vomitei. Era impressionante!", contou o vocalista.
João Gordo, drogas e crossover
Gordo acredita que aquele período de ensaios intensos - e "viagens intensas" - acabou sendo decisivo para moldar o estilo que tornaria o Ratos de Porão uma das bandas mais originais do país. "A gente ensaiava todo dia lá na Vila Piauí e começou a desenvolver o crossover. Era punk tosco querendo fazer metal, e deu certo", explicou.
Segundo João, a mistura de influências virou a marca registrada do grupo. "O Ratos de Porão é uma mistura de tudo: Slayer com S.O.D. e Terrorizer. O Slayer tem aquele thrash metal malvado, e o Discharge e o Terror têm aquele crust sujo, punk inglês mesmo. A gente misturou tudo isso. Pegamos também as palhetadas das bandas da Bay Area, ali da Baía de São Francisco. E o som do Ratos ficou uma coisa única. Eu conheço banda pra caramba por aí, mas nenhuma soa como o Ratos de Porão. Nenhuma."
Com o tempo, essa fusão entre a velocidade e agressividade do hardcore e o peso do metal passou a definir o crossover - gênero que o Ratos ajudou a consolidar no Brasil e que inspirou uma geração de bandas. "Era um som sujo, mas bem tocado. A gente queria ser pesado igual o Slayer e rápido igual o Discharge. E deu no que deu", brincou João Gordo.
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