A banda casca-grossa que fez um coronel da ditadura baixar a guarda e voltar atrás
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de março de 2025
O Secos & Molhados foi um dos maiores fenômenos musicais do Brasil nos anos 1970. Misturando MPB, rock e teatro, o grupo conquistou o público com seu som inovador e performances extravagantes.
Seu vocalista, Ney Matogrosso, se destacava pelo visual andrógino e pela voz inconfundível, desafiando os padrões conservadores da época. Em plena ditadura militar, a banda não só revolucionou a música brasileira, mas também protagonizou um episódio histórico ao confrontar a repressão policial durante um show.
Secos e Molhados - Mais Novidades
O caso aconteceu em 10 de fevereiro de 1974, no Maracanãzinho, no que seria o maior show nacional já realizado no ginásio. "Jamais um artista ou banda nacionais tinham se apresentado sozinhos no ginásio, que é anexo ao Maracanã", explica o canal Julio Ettore, no YouTube. Até então, o espaço era reservado para eventos esportivos, programas de TV ou shows de artistas internacionais.
O policiamento estava sob o comando do coronel Ardovino Barbosa, que fez questão de deixar claro sua autoridade. Antes do show, reuniu os três integrantes do Secos & Molhados e advertiu: "Não quero ninguém se metendo no trabalho da polícia." Mas logo a tensão se instalou.
O público, ansioso para se aproximar do palco, começou a pressionar as grades que delimitavam o espaço. "As pessoas de trás pressionavam e machucavam as da frente", narra o canal. Percebendo a situação, Ney Matogrosso pegou o microfone e disse: "Ô guardas, deixa o povo chegar mais perto."
Foi o suficiente para desagradar o coronel, que respondeu das coxias: "Continua fazendo o seu trabalho." O show seguiu por mais alguns minutos, até que Ney tomou uma decisão ousada. Ele parou de cantar e ficou encarando os policiais em silêncio, enquanto a banda interrompia a música. O coronel berrava para que o show continuasse, mas, naquele momento, Ney percebeu que quem tinha o controle da situação era ele.
"Aí decidiu abaixar o microfone e a banda toda parou", conta o vídeo. Em resposta, o público começou a gritar. A pressão foi tanta que os policiais acabaram cedendo e abriram caminho para que os fãs chegassem mais perto do palco.
O show continuou com "Rosa de Hiroshima", um poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad, e o coronel, antes rígido, viu seu poder ser desafiado por uma banda que estava no auge. "O coronel abaixou a guarda e ninguém foi preso."
Confira o vídeo na íntegra abaixo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A maior canção já escrita de todos os tempos, segundo o lendário Bob Dylan
As cinco melhores bandas brasileiras da história, segundo Regis Tadeu
Guns N' Roses fará 9 shows no Brasil em 2026; confira datas e locais
O grupo psicodélico que cativou Plant; "Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos"
A melhor banda de rock progressivo de todos os tempos, segundo Geddy Lee
Com mais de 160 shows, Welcome to Rockville anuncia cast para 2026
Kiko Loureiro diz o que o levou a aceitar convite para reunião do Angra no Bangers Open Air
Os quatro clássicos pesados que já encheram o saco (mas merecem segunda chance)
Quem é Alírio Netto, o novo vocalista do Angra que substituiu Fabio Lione
Bangers Open Air acerta a mão mais uma vez e apresenta line-up repleto de opções
O que pode ter motivado a saída abrupta de Fabio Lione do Angra?
Guns N' Roses anuncia lançamento dos singles "Nothin" e "Atlas" para 2 de dezembro
O disco que John Lennon disse que os Beatles jamais fariam; "Odiaria um álbum assim"
FM confirma show no Brasil em março de 2026
O mascarado lunático que chocou Gene Simmons muito antes do Kiss e do Secos & Molhados
Porque Secos & Molhados e Raul Seixas "viraram a chave" do rock brasileiro em 1973


