As músicas dos Beatles que nem os próprios Beatles quiseram cantar
Por Bruce William
Postado em 21 de abril de 2025
Brigas internas são comuns em qualquer banda, mas nos Beatles esses atritos quase nunca atrapalhavam o resultado final. Mesmo quando as tensões estavam no limite, eles sabiam deixar as diferenças de lado e concluir os trabalhos. Ainda assim, há raros momentos em que um ou outro membro simplesmente se recusou a cantar determinada música, e esses casos dizem muito sobre a dinâmica entre eles.
O episódio mais conhecido envolveu Paul McCartney, durante as sessões do álbum "Revolver" em 1966. A faixa "She Said She Said", composta por John Lennon, não contou com a participação de Paul, que abandonou o estúdio após uma discussão: "Acho que foi uma das únicas músicas dos Beatles em que não toquei. Tínhamos tido um desentendimento e eu disse: 'Ah, vão se danar!'. Eles responderam: 'Então a gente grava sem você'", contou McCartney no livro Many Years From Now (Amazon). Segundo ele, George Harrison assumiu o baixo na gravação.


Ringo Starr também teve seu momento de recusa, por motivos inusitados. A música "With a Little Help From My Friends" foi escrita especialmente para ele, mas trazia um verso provocativo: "O que você faria se eu cantasse desafinado? Você se levantaria e me jogaria tomates?" Ringo, que ainda guardava memórias de fãs jogando jujubas e brinquedos no palco, vetou a linha. "Pensei: se a gente voltar a fazer shows, vão começar a me bombardear com tomates. Não tem chance de eu cantar isso." A frase foi substituída.

Já John Lennon recusou cantar "Good Night", apesar de ter escrito a música. A faixa encerra o "White Album" e foi dedicada a seu filho Julian. No entanto, John optou por entregar os vocais a Ringo, por considerar que a canção não combinava com sua imagem, relata a Far Out. Paul McCartney lembrou o momento com carinho: "John cantou para ensinar a Ringo e foi belíssimo. Ele raramente mostrava seu lado terno, mas ali estava. Acho que ele achou que não combinava com sua imagem cantar aquilo."
Essas recusas são raras, mas reveladoras. Mostram como até os Beatles, em meio à criatividade explosiva que definiu os anos 1960, também enfrentavam conflitos, inseguranças e impasses artísticos. Cada silêncio ou ausência deixava uma marca, como um lembrete de que mesmo as maiores lendas do rock eram, acima de tudo, humanos.

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