Anos 80: o brilho e a queda de muitos colegas por conta das drogas, segundo Guilherme Isnard
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de abril de 2025
Os anos 1980 ficaram marcados como uma era de explosão criativa, liberdade e excessos. Mas o que para muitos foi o auge da música pop e do rock brasileiro, também representou um tempo de comportamentos autodestrutivos. Em depoimento franco ao Corredor 5, o vocalista do Zero, Guilherme Isnard, apontou o uso desenfreado de cocaína como um dos maiores problemas.
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"Mano, nos anos 80, os caras só queriam saber de cheirar pó. Foi a década do nariz branco", resume Isnard. Segundo ele, o desejo constante de repetir o efeito da primeira vez levava muitos músicos ao vício. "O cara cheirava o que tivesse de pó na hora, querendo sentir de novo aquilo. Acabava, ele subia o morro pra pegar mais com traficante. E continuava cheirando."
Mas o alerta mais grave veio na forma como Isnard descreve os efeitos do consumo contínuo — e especialmente da adulteração das substâncias. "O pó não tem bula, mano. Ninguém sabe o que tá ali. Era lâmpada fluorescente moída, bórax, sal de fruta. Isopor! Os caras mandando aquilo direto pro nariz e pro pulmão."
Para Isnard, por exemplo, P.A., do RPM, não morreu simplesmente por "cheirar muito pó", como ele mesmo pondera. "Na minha percepção, o P.A. morreu de uma insuficiência pulmonar, por conta de vitrificação dos alvéolos. Acho que é silicose o nome. Os alvéolos não conseguiam mais absorver oxigênio."
A morte de P.A do RPM
A causa oficial da morte de Paulo Pagni, anunciada em 2019, foi fibrose pulmonar, uma doença que de fato compromete a função dos pulmões. Isnard acredita que o consumo repetido de cocaína misturada com resíduos tóxicos — como pó de mármore ou outros materiais sólidos — pode ter sido determinante. "Acho que o P.A. foi por conta de uma quantidade absurda disso. Ninguém sabe o que ele estava inalando."
Embora tenha admitido já ter feito uso de maconha por muitos anos, Isnard diz que nunca mergulhou nas drogas mais pesadas. "A primeira vez que experimentei pó, tive a consciência de que nunca mais sentiria aquilo de novo. E decidi parar ali mesmo."
O relato de Isnard é um testemunho de época. Ele fala como quem viu de perto o brilho e a queda de muitos colegas. "Eu gosto de lembrar das coisas. Gosto de estar presente. E tem gente que se perde tentando recuperar uma sensação que só existe na primeira vez."
Fundador e vocalista da banda Zero, considerada a principal representante do New Romantic brasileiro, Guilherme Isnard teve uma trajetória marcada tanto pela inovação estética quanto pela proximidade com nomes importantes do rock nacional. Seu olhar direto, e por vezes doloroso, sobre os bastidores da década de 1980 ajuda a lançar luz sobre os altos custos de um tempo em que, muitas vezes, o palco era apenas a superfície do que realmente acontecia.
Confira a entrevista completa abaixo.
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