A balada do Alice In Chains que virou hino do grunge e nasceu prontinha pro Unplugged
Por Bruce William
Postado em 23 de junho de 2025
Quando o Alice In Chains subiu no palco do Majestic Theatre, em Brooklyn, para gravar o MTV Unplugged em 1996, a plateia sabia que estava diante de um momento raro. Layne Staley, cada vez mais frágil por causa do vício, tinha se afastado dos palcos por mais de dois anos. O show, gravado num clima tenso e cheio de pausas para refazer trechos, acabou virando um dos registros mais icônicos do grunge, mesmo com toda a vulnerabilidade exposta ali na frente de todo mundo.
O formato "desplugado" era o truque da MTV para tirar o peso elétrico das bandas de rock e mostrar que, por trás da barulheira, havia boas canções e letras de verdade. Nirvana, Pearl Jam e Stone Temple Pilots se saíram bem nessa, mas para o Alice In Chains o acústico parecia ainda mais natural. Entre riffs pesados e letras pesadas, sempre existiram faixas quase folk, com arranjos que pediam violões e vozes em harmonia.
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Nesse show, vieram clássicos como "Nutshell", "Rooster", "Heaven Beside You" - mas nada superou o impacto de "No Excuses". A música, lançada em 1994 no EP "Jar of Flies", já tinha sido hit de rádio e líder de paradas nos EUA. Quando voltou no "Unplugged", soou exatamente como tinha nascido: crua, limpa, perfeita para voz, violão e uma batida sutil que ficou grudada em quem assistiu.

Ao contrário de outras faixas que precisaram ser rearranjadas para caber no formato intimista, "No Excuses" já era uma balada moldada para soar bem sem amplificadores, pontua a Far Out. No palco, Staley e Jerry Cantrell trocaram vocais como se estivessem num ensaio de garagem, uma química que nenhuma overdose ou pausa na carreira conseguiu apagar. Foi a música que fez fãs acreditarem, por alguns minutos, que tudo poderia voltar a ser como antes.
Além de bonita, a letra é quase uma confissão sobre recaídas, amizade e perdão, temas que ecoam em quase todo o repertório do grunge. Quando Layne canta "You, my friend, I will defend. And if we change, well, I love you anyway" ("Você, meu amigo, eu defendo. E se mudarmos, tudo bem... eu vou te amar do mesmo jeito"), fica claro que não era só pose de roqueiro deprimido: era um pedido de compreensão, do jeito mais simples e sincero que o Alice In Chains sabia fazer. Para muita gente, até hoje, não existe balada acústica que represente melhor o coração partido que o grunge deixou no rock.

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