A justificativa de Bob Dylan para recusar regravar seu hit com lenda da música
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de julho de 2025
Bob Dylan é conhecido por transformar sua voz em um instrumento de expressão. Mesmo que sua afinação nunca tenha sido o ponto forte, o que sempre chamou atenção foi a visceralidade de sua interpretação. Por isso, quando o trovador americano recusou cantar em uma música — apesar de admitir que a adorava —, o gesto chamou a atenção.
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Nos anos 1990, Stevie Nicks, vocalista do Fleetwood Mac e artista solo de prestígio, estava gravando seu disco "Street Angel". Em meio a um período pessoal conturbado, marcado por vícios e distanciamento emocional, ela encontrou espaço para prestar homenagem a um de seus maiores ídolos: Bob Dylan. A faixa escolhida foi "Just Like A Woman", composição clássica de Dylan lançada originalmente em 1966 no disco "Blonde on Blonde".
Stevie Nicks contou que ligou para Dylan após finalizar a música e pediu sua opinião. "Eu disse: ‘Você odiou, né?’", relembra. "E ele respondeu: ‘Não, eu gostei muito.’" Empolgada, ela perguntou se ele toparia cantar na gravação, ao que ele respondeu: "Não, não vou cantar, mas posso tocar guitarra ou harmônica, se quiser." Para Nicks, isso já foi um presente divino: "Pensei: ‘Graças a Deus’." As entrevistas foram resgatadas pela Far Out.

O jornalista Tim Coffman, que assina o texto, traz sua perspectiva dos fatos: "Apesar da recusa, Dylan não se afastou completamente da faixa. Sua presença instrumental garantiu uma benção simbólica à reinterpretação. A decisão de não cantar, contudo, pareceu cuidadosa e consciente. Em tempos nos quais a letra de ‘Just Like A Woman’ era frequentemente acusada de misoginia — dependendo da leitura e de quem a interpretava —, Dylan evitou ofuscar a proposta de Nicks, que trazia uma nova perspectiva feminina à composição", concluiu.
Além disso, a potência vocal de Nicks, eternizada em músicas como "Landslide" e "Rhiannon", provavelmente superaria a entrega vocal rouca e irregular que Dylan carregava nos anos 1990. O próprio artista, sempre ciente de seus limites, preferiu abrir espaço para que sua colega brilhasse sem interferências.

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