A banda apenas uma "boa ideia" que Bono acredita ter aniquilado o espírito do U2
Por Gustavo Maiato
Postado em 05 de outubro de 2025
Bono, vocalista do U2, sempre se colocou como alguém disposto a usar a música para tentar mudar o mundo, mesmo que isso, em muitos momentos, tenha rendido críticas de que soava excessivamente messiânico. Essa postura, no entanto, só se consolidou após uma grande decepção ainda no início da trajetória do grupo.
No fim dos anos 1970, o cenário musical europeu estava em ebulição. O punk rock surgia como resposta ao excesso do rock progressivo, trazendo uma atitude crua, agressiva e antissistema. Bandas como The Clash e Ramones conquistavam multidões pela honestidade de sua rebeldia, e os jovens irlandeses do U2 viam nesse movimento a força que poderia dar sentido às suas próprias ambições artísticas.

Bono, em especial, nutria uma enorme admiração pelos Sex Pistols, considerados na época o exemplo máximo da energia punk. Mas a desilusão veio cedo. Ao descobrir que o grupo era, em grande parte, fruto de uma ideia calculada pelo empresário Malcolm McLaren, mais preocupado em chocar e vender do que em transmitir autenticidade, o vocalista do U2 sentiu que o chão lhe havia sido tirado.
"Foi triste para nós no U2 descobrir, aos 18 anos, que os Sex Pistols eram apenas uma 'boa ideia' que alguém havia pensado. Porque, aos 16, nós acreditávamos naquilo, acreditávamos no rock and roll. Muitas vezes ele é uma farsa. Pode ser divertido ou até esclarecedor, mas não é disso que eu gosto", disse Bono anos depois em entrevista resgatada pela Far Out.
Para o cantor, perceber que a rebeldia do grupo londrino era mais encenação do que verdade foi devastador. A sensação era de que toda uma geração havia sido enganada - e, por consequência, o próprio espírito do U2, ainda em formação, também havia sido "esmagado".
Tim Coffman, que assina o texto, reforça: "A partir dessa decepção, Bono e seus companheiros decidiram buscar outro caminho: construir uma banda que não apenas aparentasse sinceridade, mas que realmente acreditasse naquilo que dizia em suas canções. Essa postura moldou discos icônicos como The Joshua Tree (1987), onde músicas como Where the Streets Have No Name são carregadas de uma fé quase religiosa no poder transformador da música".
Ele conclui: "Curiosamente, essa mesma busca por autenticidade fez de Bono um dos primeiros grandes defensores do grunge no início dos anos 1990. Ele viu no movimento de Seattle - com bandas como Pearl Jam e Nirvana - a mesma verdade que havia procurado em vão nos Sex Pistols. Tanto que levou o Pearl Jam como banda de abertura na turnê ZooTV, consolidando um elo entre gerações".
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