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Muse: confira nova entrevista de Matt Bellamy

Por Danilo F. Nascimento
Fonte: Red Bulletin
Postado em 06 de agosto de 2015

Desde o seu surgimento, em 1999, o trio britânico MUSE já vendeu aproximadamente 17 milhões de cópias e angariou inúmeros prêmios fonográficos mundo afora. Em entrevista concedida ao portal "Red Bulletin", Matt Bellamy, líder, vocalista e guitarrista do grupo, respondeu à alguns questionamentos, mostrando-se auto-confiante, no que tange o patamar atingido por sua banda.

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Confira abaixo trechos da entrevista:

THE RED BULLETIN: Qual é a sensação de ser considerado o Jimi Hendrix da sua geração?

MATTHEW BELLAMY: Claro que gosto de elogios como este, mas a verdade é que este tipo de elogio é uma estupidez. Há vários ótimos guitarristas por aí.

THE RED BULLETIN: Mas estes elogios não surgem do nada. Afinal de contas, você – assim como Hendrix nos anos 1960 – apresentou uma nova maneira de tocar guitarra.

MATTHEW BELLAMY: Toco guitarra desde que tinha 11 anos. Quanto mais eu melhorava, mais me sentia limitado pelas possibilidades que o instrumento pode oferecer. Não é por acaso que as pessoas criativas de hoje gostam de usar o computador para fazer música. Por isso, inventei uma guitarra para o século 21.

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THE RED BULLETIN: O que sua guitarra tem de diferente?

MATTHEW BELLAMY: Tem touch screen conectado ao computador, o que abre uma dimensão completamente nova para o músico. Espero poder inspirar os jovens que gostam de tecnologia.

THE RED BULLETIN: Ela custa mais de R$ 13 mil. O que você diz para um jovem músico que não pode comprá-la?

MATTHEW BELLAMY: Ele deve fazer a mesma coisa que eu fiz: projetar sua própria guitarra e encontrar alguém que a faça. Há milhares de ideias e de projetos na internet. O princípio de tudo é muito simples: se você não está satisfeito com aquilo que a vida te deu, então transforme de acordo com suas ideias. E não deixe ninguém te dizer como fazer.

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THE RED BULLETIN: Como você lida com a frustração na vida privada? Você acelera o carro?

MATTHEW BELLAMY: Muito pelo contrário. Minha ex-mulher [a atriz Kate Hudson] chegou a me obrigar a fazer um curso de direção agressiva há alguns anos.

THE RED BULLETIN: Isso existe?

MATTHEW BELLAMY: Agressivo não no sentido de tornar-se um risco no trânsito. O que aprendi lá foi uma forma rápida e ágil de direção. Sou mais o tipo do cara tranquilão atrás do volante. Para ela, isso não era esportivo o suficiente.

THE RED BULLETIN: Hoje você passou a dirigir mais rápido?

MATTHEW BELLAMY: Na verdade, não. Uma vez meu baterista e eu apostamos numa pista de corrida para ver quem era o mais rápido. Achei que tinha feito um bom tempo, mas ele tinha sido cinco segundos mais rápido. Pode ser que os bateristas simplesmente sejam melhores pilotos que os guitarristas.

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THE RED BULLETIN: Como você combina paixões diametralmente opostas como seu interesse por tecnologia de ponta e seu amor por carros antigos como seu Ford Thunderbird 62?

MATTHEW BELLAMY: Eu amo esse carro. Exatamente por ele ser tão antiquado. Quando dirijo o Thunderbird, me sinto quase como se estivesse velejando. Quero dizer, ele é lento e desajeitado – perfeito para a Califórnia.

THE RED BULLETIN: Você já não teve um esportivo Tesla completamente elétrico?

MATTHEW BELLAMY: Tive. Mas já o vendi, assim como vendi a maioria dos meus carros. Só porque chegou uma hora em que achei que eram carros demais. Agora eu tenho somente um Mustang 66, o Thunderbird 62 e um Mercedes. Ah! E na Inglaterra eu também tenho um Mini. Ele é perfeito para o tráfego em Londres que é tão denso que não dá para enfrentar com nenhum outro carro.

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THE RED BULLETIN: O novo disco do Muse – Drones – também tem como tema a tecnologia. Você apresenta uma tese interessante na letra das músicas: a de que somos todos drones controlados por drones.

MATTHEW BELLAMY: É verdade. Você pode interpretar assim. A questão do controle sempre foi importante para mim. Não sei bem dizer o porquê disso. Talvez seja porque meus pais se separaram quando eu era adolescente. Houve uma fase em que a minha vida saiu completamente dos eixos. Eu perdi totalmente o controle e não podia fazer nada a respeito. A segurança familiar simplesmente desapareceu. Foi por isso que criar a banda, para mim, não foi nada mais que uma forma de fuga. E, ao mesmo tempo, uma forma de retomar o controle sobre o meu destino. Esses pensamentos também estiveram presentes na elaboração do novo álbum.

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THE RED BULLETIN: Então o álbum é um apelo à emancipação pessoal?

MATTHEW BELLAMY: É um apelo a mais individualidade, mais liberdade de pensamento e mais capacidade de empatia – e isso também com respeito à tecnologia. Devemos aceitar as limitações do pensamento humano para o nosso próprio bem. Porque se nos concentrarmos apenas na tecnologia vamos perder nosso lado humano. Neste disco tento manifestar minha dúvida de que o desenvolvimento tecnológico nos esteja levando na direção certa.

THE RED BULLETIN: Uma ideia muito interessante…

MATTHEW BELLAMY: Acho que nos últimos tempos as pessoas aprenderam a ver com um olhar mais crítico as ideias do século 20, que foi uma época na qual se tinha a impressão de que a tecnologia nos impulsiona adiante. É verdade que a eficiência e a produtividade aumentaram. Mas, por outro lado, muitas pessoas perderam seus empregos porque não puderam acompanhar o desenvolvimento e se tornaram supérfluas. Essa é uma consequência direta da opção pela eficiência acima de tudo.

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THE RED BULLETIN: Você quer dizer que ao aceitar o avanço tecnológico sem reservas acabamos nos prejudicando?

MATTHEW BELLAMY: Sim! E para mim os drones representam aquela linha que não podemos cruzar. É hora de dizer: "As decisões sobre vida e morte – veja o que acontece nas ações com drones – não podem ser tomadas por um computador."

THE RED BULLETIN: Você acha que será possível superar o último show ao vivo do Muse com os robôs e balões gigantes?

MATTHEW BELLAMY: Essa é uma boa pergunta. Mas há outra questão que é se queremos outra vez um show muito ostentoso ou se queremos reduzir um pouco desta vez. A ideia agora é limitar um pouco o exagero com os vídeos e focar mais na música. E ao mesmo tempo vamos usar alguns objetos voadores. Então: menos vídeos, mais música – e mais ação acima das cabeças do público. Vai ser muito divertido!

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Sobre Danilo F. Nascimento

Administrador por casualidade. Músico por instinto. Escritor por devaneio. Fascinado por música, literatura e cinema. Seu primeiro contato com o mundo do rock data de meados dos anos 90, uma época de transição entre o analógico e o digital, e, principalmente, uma época onde a MTV ainda era aprazível e relevante. Idolatra e cultua o legado instituído pela maior banda de todos os tempos, o Queen.
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