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Kiss: "a banda não estaria aqui se não fosse pelos quatro"

Por Renato Palhano
Fonte: Blabbermouth
Postado em 11 de outubro de 2009

Dean Goodman, da agência Reuters, conduziu uma entrevista com Paul Stanley, guitarrista/vocalista do KISS. Algumas partes da entrevista seguem abaixo.

Por anos e anos, voce esteva inflexível sobre não fazer uma sequência ao álbum "Psycho Circus". O que mudou?

Stanley: "Acho que esta banda se tornou tão, tão forte ao vivo com esta formação e tem sido estável já faz algum tempo. Acho que temos um grande álbum conosco. O único impedimento era produzi-lo. Eu não estava interessado em fazer outro álbum do KISS que iria se tornar confuso, difuso e sem foco. É muito difícil de estar no estúdio com quatro caras que tem sua própria visão do que nós devemos fazer, e infelizmente muitas vezes no passado nós tivemos situações onde pesssoas estavam mais preocupadas em ter suas canções no álbum do que ter as melhores canções no álbum. Ou lidando com advogados quando nós devíamos estar lidando com os membros da banda. Não foi produtivo. Houve tempos no passado onde compositores de fora se envolveram, o que fez com que membros da banda atuassem menos, e talvez isso tenha feito a banda perder parte de sua própria identidade e ter a interpretação de outra pessoa de quem você é".

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"Em primeiro lugar e acima de tudo, eu tive que produzir o álbum e isso foi aceito quase imediatamente. Todo mundo estava muito ávido por isso. Foi uma viagem fácil à partir daí. Eu comecei a pensar durante a grande tour que nós fizemos através da Europa — Eu acho que fizemos 30 shows em 7 semanas e tocamos para algo em torno de 400 mil pessoas — Eu comecei a pensar que nós tínhamos um grande álbum conosco, mas alguém tinha que aproveitar isso".

Existiram habilidades diplomáticas para dizer para Gene (Simmons) ficar de fora para que você pudesse ter o controle?

Stanley: "Não. Gene e eu temos uma relação maravilhosa há 40 anos. O tempo fala por sí. Se nós discordamos, é sempre pelo melhor para a banda. Ele certamente concordou, porque ele viu que eu me sentia seguro sobre isso. O tempo passou rápido, eu acho que ele ficou um pouco surpreso de como foi produtiva essa decisão. Eu acho que nunca tivemos tanta diversão, de acordo com todos na banda, trabalhando juntos para fazer o álbum. Todo mundo estava focado em fazer um grande álbum e alguém tinha que estar lá para lembrar de vez em quando quem somos e o que nós somos e não se desviar disso. Eu acho que essa coisa de democracia no estúdio é muito supervalorizada".

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Eu acho que numa banda a democracia é muito supervalorizada.

Stanley: "Claro que é supervalorizada, quando você está lidando com pessoas que são iludidas em termos de quais são suas contribuições ou habilidades. Ainda bem que nós temos uma banda onde todos são muito focados no que é o melhor para a banda. Mas alguém precisa ter a palavra final, alguém precisa cuidar de tudo. Isso funcionou maravilhosamente. É por isso que temos 11 canções no álbum e nenhuma só pra ocupar espaço. A que ocupa espaço, normalmente quer dizer que alguém teve que forçar a barra para colocá-la no álbum. Não houve quotas para compositores neste álbum, e funcionou maravilhosamente. Até agora as críticas no geral tem sido um bocado espetaculares".

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O que obriga a perguntar o motivo de vocês não terem feito isso há mais tempo

Stanley: "Eu sempre acreditei que as coisas acontecem quando é a hora certa. De novo, voce não pode dar menos ênfase à formação. Nós quatro fizemos este álbum, e ninguém mais poderia te-lo feito. Nós com certeza não poderíamos te-lo feito anos atrás. E 'Psycho Circus', honestamente, foi uma tentativa valiosa de fazer um álbum quando não havia banda alguma. Havia Gene, eu e advogados ligando uns pros outros, e pessoas fazendo exigências do que eles queriam para vir ao estúdio. Era como ir para um ringue com um braço amarrado as costas. Nós fizemos o melhor que pudemos, mas foi provavelmente parte do que nos causou mal estar em fazer um novo álbum. Mas com essa formação, foi apenas uma questão de direcionamento e regras estabelecidas. Não teve esforço algum. Todos concordaríamos que esta foi a época mais tranquila e divertida que tivemos, seja escrevendo, ensaiando ou gravando. O processo de gravação nos consumiu seis semanas, eu acho".

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Este é o primeiro album contendo cinco canções co-escritas por Simmons-Stanley (incluindo duas com os outros caras) e mais nenhum compositor de fora?

Stanley: "Foi maravilhoso. Eu estava certo que para este álbum ser o que tinha que ser, Gene e eu tínhamos que compor juntos. Ele estava hesitante, e eu acho que era porque nós dois tínhamos tido um longo tempo basicamente fazendo as coisas do nosso jeito, o que significa fazer as coisas separados e isso não necessariamente produz os melhores resultados. O que isso produz é o que o indivíduo quer, mas não necessariamente algo para o bem da banda. Assim que começamos a escrever juntos, a mágica estava lá. Mas de novo, tudo era motivo para fazer um grande álbum, não para promover suas ambições como indivíduo".

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Quando voce diz escrever juntos, voce quer dizer sentar de frente um pro outro como fazemos agora, empunhando guitarras?

Stanley: "Sim, exatamente. Sentados desse jeito. E parece que foi ontem que fizemos isto. Era Gene e eu; Gene, Tommy [Thayer] e eu; eu e Tommy, Tommy e Gene. Foi feito desta forma, sentados com as guitarras. É por isso que a música por sí tem tanta honestidade, porque não foi uma criação de estúdio. Assim que escrevíamos e ensaiávamos, entrávamos e gravávamos, virtualmente ao vivo, todos olhando um pro outro e tocando. Isso não tem sido feito por um monte de bandas há muito tempo".

Porque o KISS nunca tocou em assuntos sócio-econômicos ou politicos?

Stanley: "Não existe nada mais embaraçoso do que ver uma celebridade que pensa que tem um transplante de Q.I assim que fica famoso. Não existe nada mais embaraçoso do que alguém na TV falando de coisas que não sabe. Eu não quero ser parte disso, e eu não quero que a banda faça parte disso também".

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Você teve alguma resposta (sobre o álbum) de Ace [Frehley] ou Peter [Criss]?

Stanley: "Eu não fui perguntar... Eu falei com Ace há cerca de dois anos ou há um ano e meio atrás. Com Peter eu não falo desde que eu lhe disse que ele não iria continuar conosco (em 2004). Faz muito tempo".

Algum desses caras já expressou algum arrependimento?

Stanley: "O problema sempre foi que se voce não aprende com seus erros, você os repete. É interessante ter alguém de volta a banda e ele dizer 'Eu estou tão agradecido por esta segunda chance, e eu nunca farei aquilo de novo'. E então ele faz de novo. Eu acho que é parte da natureza humana, voce pode dizer à pessoa, voce pode lembrá-la do que ela disse e isso entra por uma orelha e sai por outra. No caso do Ace, eu estou feliz de vê-lo vivo. Ele está comemorando sua sobriedade. Isto é muito mais importante do que a música. Ele está vivo, e saudável e feliz, eu suponho.

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Voce se ressente que eles sejam marcos na história do KISS?

Stanley: "A banda não seria nada sem eles".

Mas eles passaram do prazo de validade?

Stanley: "Eu não acho que eles foram além do prazo de validade, tanto quanto eu acho que pessoas se tornam iludidas quanto ao que sua contribuição era ou devia ser. Ou o que eles significavam também. Esta banda não poderia estar aqui se não fosse pelos quatro caras originais. Que eram a base de tudo que veio depois. O problema foi o 'câncer' que continuou a crescer desde o começo.

Tommy e Eric ficarão até o fim?

Stanley: "Eu realmente espero que sim. É tão legal ter uma banda com caras que amam a banda e tudo o que fazem é pelo bem dela, e se recusam a se promover às custas da banda. Quanto maior você é, maior é a banda. E quanto melhor você é, melhor é a banda. Eu quero que estes caras tenham tanta exposição e atenção quanto o possível. Isso faz a banda maior e eles merecem. Existe realmente uma relação saudável na banda, tão rejuvenescida que qualquer um que se engane acreditando que 'Sonic Boom' podia ser feito por qualquer outra formação está louco".

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O texto completo (em inglês) está neste link.

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