Velho Jack: Destilando rock com muita classe, estilo e sabedoria
Postado em 22 de outubro de 2000
Formado por Rodrigo (guitarra/vocal), Fábio Terra (guitarra/vocal), Gilson (teclados), Marcos (baixo) e Bosco (bateria), O Bando do Velho Jack, proveniente do Mato Grosso do Sul, destila o mais puro rock and roll, com muita classe, estilo e sabedoria. Após muita estrada e shows a banda conseguiu chegar a seu primeiro CD, "Procurado"; além de músicas próprias podemos contar com covers variados (Steppenwolf, Allman Brothers, Rita Lee, Joe Walsh etc.). O fato é que a banda está colhendo bons frutos, pois vêm se apresentando em várias cidades- inclusive São Paulo -, além de estar tendo boa aceitação em rádios com a música "Palavras Erradas". Do lado musical, destaca-se a longa experiência dos músicos no ramo roqueiro, ao longo dos anos, o que reflete diretamente no estilo do som. Assim sendo, se você, caro leitor, anda com saudades daqueles bons tempos em que tínhamos opções para ir a um bar relaxar ao som de muito rock e blues, não perca a oportunidade de conhecer esta excelente banda.
Por André Toral
Whiplash! / O Bando do Velho Jack é formado por músicos de experiência e de algum tempo no cenário rock and roll. Se considerarmos isso e o tempo em que vocês estão juntos, então, no que este panorama influenciou a banda e o resultado final do álbum "Procurado"?
Marcos / Antes de músicos, somos amigos. Saímos, trocamos idéias e ouvimos muito som juntos. Isso reflete automaticamente nos resultados de todos os trabalhos, sejam shows ao vivo ou no CD. Uma banda não pode se restringir a ensaiar e cumprir os compromissos pensando em grana, senão a coisa não anda.
Whiplash! / Ao escutar o álbum, notamos um rock and roll de primeiríssima qualidade. Como a banda chegou até ele?
Marcos / Com uma grande mistura de estilos. O baterista toca de tudo e é um profundo conhecedor de todos os estilos de rock. O vocalista sempre curtiu Hard Rock, o guitarrista tocava heavy, o pianista MPB e o baixista Blues! Pode-se sentir o resultado desta salada no CD.
Whiplash! / Como todo o bom álbum do estilo, "Procurado" traz toda a dose de divertimento e mensagens típicas e conscientes em suas letras. Em suma, o que os fãs e futuros fãs podem encontrar ao escutá-lo?
Marcos / Antes de tudo, sinceridade no trabalho. Não temos como principal meta ficar rico ou vender milhões, mas tocar o som que ouvimos. Gostamos também de dar uma transformada nas musicas, colocando "uma pitada de Bando do Velho Jack", quando vamos tocar.
Whiplash! / Ao analisarmos, "Procurado" traz algumas coisas de personalidades como Joe Walsh, Jack Bruce, Greg Allman, Creedence, Rita Lee etc. No que estas influências contribuíram para a formação musical do O Bando do Velho Jack?
Marcos / No rock, a influência é tudo. Não adianta querer inventar o rock. Ele já foi inventado. O que se deve fazer é tocar o que já exista com uma personalidade nova. Se eu quiser fazer algo diferente, vou virar uma banda "moderninha"- nada contra, mas não é essa a intenção do Bando. Queremos sempre tocar o que se tocava nos anos 70. Um grande exemplo disso é o Black Crowes que é uma banda dos anos 90 mas que tem uma presença, um visual e principalmente um som super 70.
Whiplash! / No cover para Born to be Wild(Stepeen Wolf) vocês deram uma modificada na estrutura, deixando-a um pouco mais lenta. Como está sendo a receptividade desta canção?
Marcos / Uns adoram, outros não. Vou contar um segredo. No ensaio, quando decidimos que iríamos gravar Born to be Wild, era ponto pacífico que não poderíamos tocar igual. Ai pensamos o seguinte: "Como o Gov’t Mule tocaria BORN TO BE WILD ?" . E assim nasceu este arranjo.
Whiplash! / "Cão de Guarda" e "Trem do Pantanal" remetem ao espírito rock and roll, enquanto que em "De Ninguém" e "Palavras Erradas" escutamos blues. Vocês diriam que um completa o outro e vice-versa?
Marcos / Um músico que diz que toca rock e não conhece blues NÃO É UM MUSICO DE ROCK!!! No blues está a essência do rock. Dali veio tudo. Sem o blues não existiria Elvis, Led, Purple, Iron Maiden, Sex Pistols ou até mesmo Nirvana e Pearl Jam. E eu tenho sentido que após um período de radicalismo exagerado os jovens estão reconhecendo isso, pelo menos aqui no Mato Grosso do Sul. Não que estejam ouvindo muito blues, mas respeitando as bandas do estilo. Nos nossos shows sempre vemos um público heavy ou punk e eles sempre vem elogiar o trabalho. Isso é maravilhoso! Qualquer musico que queira tocar qualquer estilo de rock, pesado ou não, vai fazer muito melhor se tiver um embasamento de blues.
Whiplash! / A produção está excelente. Como a banda conseguiu alcançar este nível?
Marcos / Contratamos um produtor. O Micca é o produtor do Almir Sater (conhecido artista do gênero sertanejo). É um excelente engenheiro de som; trabalhou em dois Nescafé Blues e uns oito Free Jazz Festival, ou seja, competência técnica indiscutível. Aliado a isso, tocamos o tipo de som que ele curte! Então não poderia resultar em outra coisa. Ele nos deixava super a vontade na criação, mas dava aqueles palpites na hora certa que transformava o legal em maravilhoso! Ele merece muito crédito no resultado final do CD. Já a produção gráfica foi toda da banda, principalmente do Fábio Corvo (guitarrista) e do Cebola, um grande amigo e vocalista da melhor banda Punk daqui chamada Os Impossíveis.
Whiplash! / O nome da banda é curioso. Afinal, o que significa "O Bando do Velho Jack"?
Marcos / Como não poderia deixar de ser, a referencia é ao bom e velho Jack Daniels(whisky).
Whiplash! / Em "Procurado"" a maioria das letras estão em português, mas existem algumas em inglês. Quais são as vantagens e desvantagens de se cantar somente em português ou inglês?
Marcos / Acho isso pura encanação de algumas bandas. Não temos a menor preocupação com isso. Se surgir um rock legal em russo, cantaremos em russo. Acho que musica é musica. Isso não é fator relevante nas decisões do que gravar ou tocar. A única preocupação quando vamos fazer algo é que façamos bem feito.
Whiplash! / Em termos de shows, aonde O Bando do Velho Jack tem se apresentado e como tem sido?
Marcos / Além dos shows por aqui no Mato Grosso do Sul, temos tocado bastante no interior de São Paulo. A receptividade tem sido muito boa e isso é muito gratificante. A maior dificuldade é o custo do transporte. Como estamos afastados, fica caro para tocar na cidade de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Recife. Empresários destas cidades já até se mostraram interessados, mas o custo inviabiliza, infelizmente.
Whiplash! / Que músicas do álbum "Procurado" tem tido maior receptividade nos shows?
Marcos / "Ando Meio Desligado", "I Feel Free" e "Cão de Guarda" são muito apreciadas, mas a campeã de pedidos nos shows e nas rádios é a balada "Palavras Erradas".
Whiplash! / Aliás, uma banda de rock and roll não é como outra de heavy metal, death metal etc., pois pratica um som agradável até mesmo para aqueles que não tem muita afinidade com o estilo. Assim, imagina-se que vocês encontram muitas portas abertas para shows. É verdade?
Marcos / Sim. Nós temos a versatilidade de poder fazer um show num bar de Heavy e no dia seguinte num bar de Blues, agradando até aos mais radicais, com uma pequena mudança no repertório mas, principalmente, sem perder a característica da banda. Isso acontece também na imprensa onde fomos elogiados: Jazz And Blues e na Rock Brigade.
Whiplash! / Além disso, vocês possuem músicas dignas de serem executadas em rádios. Isso tem acontecido?
Marcos / Muito e em várias rádios do Brasil. Por incrível que pareça, a mais pedida é "Palavras Erradas". Uma balada que é cantada do inicio ao fim pelo público nos shows!
Whiplash! / Que receptividade a banda têm tido com o lançamento do álbum, a nível nacional e até mesmo internacional?
Marcos / Internacionalmente não teve repercussão, até porque não fizemos nenhum trabalho neste sentido. Nacionalmente o CD foi muito bem recebido, mas o trabalho é árduo e só está no início. A Internet tem facilitado muito; é o maior meio de divulgação que temos hoje em dia. Para uma banda desconhecida, fazer com que as pessoas ouçam o seu som é muito difícil.
Whiplash! / Que planos o Bando do Velho Jack tem para médio e longo prazo, de modo geral?
Marcos / Já começamos a planejar o segundo CD. Não tem nada confirmado, mas planejamos um álbum melhor que o "Procurado". Quanto ao estilo, estamos planejando incorporar um pouco de soul no repertório. Já que o funk e o rap estão tão na moda, vamos mostrar de onde isso veio. Vamos botar uma pitada de James Brown, Rare Earth, Tower o Power e Wilson Pickett, no estilo do Bando do Velho Jack.
Whiplash! / Que análise do cenário rock and roll você podem fazer, aqui no Brasil?
Marcos / Como estamos um pouco isolados aqui no Centro Oeste, não temos uma visão global do Brasil, mas sabemos que existem muitas bandas de qualidade, nacional e internacional, escondidas em cidadezinhas por ai a fora. As pessoas estão começando a observar isso e procurar isso fora do eixo Rio- São Paulo.
Whiplash! / Deixem um recado para os leitores desta entrevista.
Marcos / Tomara que você tenha gostado desta entrevista. Gostando ou não, mande-nos um e-mail dizendo a sua opinião! Visitem também o nosso site. Nunca se esqueçam que por traz de tudo que existe hoje, em matéria de rock, estiveram Muddy Waters, Howling Wolf, Willie Dixxon e uma centena de outros grandes blueseiros!
Whiplash! / Por favor, deixem um recado para o site WHIPLASH!.
Marcos / Parabéns por vocês existirem. Graças a essas iniciativas as bandas que estão escondidas nos "porões underground" podem mostrar o seu trabalho.
Para acessar o site oficial da banda: http://www.velhojack.com.br/
Para contatar a banda: [email protected]
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