Em 02/03/1996: Um acidente de avião matava uma das maiores bandas do rock brasileiro
Por Mateus Ribeiro
Postado em 02 de março de 2021
O dia 2 de março de 1996 tinha tudo para ser mais um dia qualquer em nossas vidas. Mas a data entrou para a história por um motivo tétrico: os integrantes do MAMONAS ASSASSINAS, maior fenômeno musical da época, faleceram em um trágico acidente aéreo, que também tirou a vida de mais quatro pessoas que estavam no avião fretado. A tragédia aconteceu nas últimas horas de um sábado. Porém, as notícias só começaram a aparecer na manhã do dia seguinte, pois naquela época, as informações não eram apuradas e repassadas com tanta rapidez como hoje em dia.
Mamonas Assassinas - Mais Novidades
Se você, que está lendo este texto, tem mais que 30 anos de idade, certamente vai se lembrar de como foi triste, pesada e inesquecível aquela manhã de domingo. Eu me recordo de ter acordado muito cedo, como fazia todos os dias. Então, liguei a televisão e me deparei com plantões informativos, falando sobre o desaparecimento dos músicos e da aeronave. Na época, eu tinha acabado de completar 10 anos e demorei a entender que na verdade, os meus primeiros ídolos na música não estavam perdidos, mas sim, mortos.
Depois de algum tempo, a ficha caiu, lágrimas rolaram e meu mundo desabou. Eu nunca havia perdido algum parente, amigo ou pessoa próxima. O que senti naquele domingo nublado e estranho foi meu primeiro contato com o luto. Talvez, esta foi a mesma sensação que tomou conta de milhões de pré-adolescentes.
Não foram só pessoas da minha idade que ficaram tristes. Crianças e adultos também lamentaram muito a trágica e repentina morte do grupo, afinal de contas, o MAMONAS ASSASSINAS agradava pessoas de todas as idades. Mas, por que aqueles rapazes deixavam quase todo mundo feliz? Existem algumas razões, que serão explicadas a seguir
Personalidade dos integrantes
O MAMONAS ASSASSINAS era um grupo formado por pessoas muito carismáticas. Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel eram rapazes que transbordavam alegria, bom humor. Antes de qualquer coisa, eles eram reais, humanos e não se sentiam celebridades intocáveis. Ao contrário de muitos artistas que criam uma máscara, os músicos não se transformaram com a fama repentina e faziam questão de mostrar que eram pessoas normais, como eu, você e todos os fãs.
As letras das músicas
O MAMONAS ASSASSINAS lançou um único álbum, que leva o nome da banda e tem 14 faixas. As letras das músicas abordavam temas que faziam (e ainda fazem) parte de nossas vidas, como o consumismo ("1406"), a dura vida de um imigrante ("Jumento Celestino"), o amor ("Pelados Em Santos"), rolês errados que vamos parar vez ou outra ("Vira-Vira" e "Sábado de Sol") e a traição ("Lá Vem O Alemão"). Além de rir, o ouvinte também se identificava com as letras das excelentes composições.
A mistura de ritmos
A banda ficou conhecida por tocar rock and roll. Porém, ao ouvir o álbum autointitulado, é possível ouvir de tudo (mesmo), desde baião até o heavy metal, passando por pagode e sertanejo dos anos 1990. Tudo isso, obviamente, acontecia de forma satírica. Apesar de toda a mistura maluca e improvável, o resultado final é muito bom, por conta do próximo tópico.
Os músicos eram muito competentes
Os integrantes do MAMONAS ASSASSINAS não eram apenas bem-humorados, autênticos e carismáticos. Eles também eram ótimos músicos, que tocavam muito bem seus instrumentos. Um bom exemplo da competência pode ser ouvido na excelente "Debil Metal", ou então, nas influências de RUSH e DREAM THEATER, demonstradas na faixa "Bois Don´t Cry".
A soma dos fatores acima mencionados transformou o MAMONAS ASSASSINAS em um grande fenômeno de popularidade, que invadiu não apenas as estações de rádio, mas as emissoras de TV. E quando falo em TV, não eram programas minúsculos, de canais regionais. O grupo era disputado no tapa para ser atração dos programas "Domingo Legal" e "Domingão do Faustão", atrações televisivas veiculadas respectivamente por SBT e Rede Globo, duas gigantes da comunicação.
Nas vezes que o grupo se apresentou na TV, a audiência (gigantesca) foi formada por pessoas de todas as idades, gostos e classes sociais, pois como já foi escrito anteriormente, os MAMONAS agradavam gregos, troianos, galegos e otomanos. Certamente, você deve ter alguma lembrança de um domingo grudado na televisão, esperando ansiosamente para ouvir "Pelados Em Santos" junto de sua família.
A tragédia
O quinteto não fazia sucesso apenas nos radinhos e televisores espalhados pelo nosso Brasil. Como toda boa banda de rock, o MAMONAS ASSASSINAS também fazia grandes shows, que invariavelmente, eram feitos em lugares lotados. A agenda vivia cheia, sendo que alguns dias, o grupo fazia duas (ou até mesmo três) apresentações.
Depois de tanto sucesso em terras brasileiras, a banda iria viajar para a Europa, mais precisamente, para Portugal. A viagem estava marcada para o dia 3 de março de 1996. Porém, no dia 2, o sonho acabou. O avião que a banda viajava se chocou contra a Serra da Cantareira (localizada na Zona Norte de São Paulo), matando todas as pessoas que estavam viajando. Além dos membros da banda, também faleceram Jorge Luiz Martins (piloto), Alberto Yoshumi (copiloto), Isaac Souto (assistente de palco) e Sérgio Saturnino Porto (segurança).
Alguns meses depois de conquistar o Brasil com suas músicas debochadas, o MAMONAS ASSASSINAS desapareceu de forma trágica. A morte do grupo causou muita comoção e fez com que os músicos deixassem de ser heróis para se tornarem lendas. Lendas que são lembradas até hoje, 25 anos depois de um dos dias mais tristes da minha, da sua, da nossa vida.
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Os integrantes
O MAMONAS ASSASSINAS era formado por cinco jovens rapazes, que viveram um sonho e alegraram as nossas vidas. Veja abaixo o nome e a data de nascimento de cada um destes saudosos músicos.
Alecsander Alves, o "Dinho" – vocalista (05/03/1971 – 02/03/1996)
Bento Hinoto – guitarrista (07/08/1970 – 02/03/1996)
Sérgio Reoli – baterista (30/09/1969 – 02/03/1996)
Samuel Reoli – baixista (11/03/1973 – 02/03/1996)
Júlio Rasec – tecladista (04/01/1968 – 02/03/1996)
O único trabalho de estúdio
A carreira meteórica do MAMONAS ASSASSINAS durou pouco tempo e contou com apenas um disco, que foi lançado em 23 de junho de 1995. O trabalho vendeu milhões de cópias e continua fazendo muito sucesso até hoje. A mistura de rock com outros ritmos nacionais, temperada com os vocais e a performance do irreverente Dinho, se mostrou uma receita muito acertada, que nunca sai de moda. Aperte o play e mate a saudade!
O tempo passou, a dor da morte foi amenizada, mas até hoje, o MAMONAS ASSASSINAS desperta sentimentos em muitas pessoas. As músicas divertidas, as performances agitadas, as tardes alegres de domingo e as fantasias dos músicos ainda fazem parte de nossas vidas. Estejam onde estiver, vocês jamais serão esquecidos. Obrigado por tantas boas memórias e por colaborar com a entrada de tanta gente no mundo do rock.
Valeu, Mamonas!
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