Judas Priest - os segredos por trás da obra que mudou o metal - "British Steel"
Resenha - British Steel - Judas Priest
Por Yuri Apolônio
Postado em 06 de maio de 2025
Que o Judas Priest é uma das bandas mais importantes da história do heavy metal, é indiscutível. Mas, pelo menos até o lançamento do seu sexto álbum, o "British Steel", o seu público ainda era, digamos, bastante limitado.
Na sua fase underground, o Judas Priest flerta com diversos estilos, mas sempre tendo algo comum: o peso, influenciado por grupos como Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin e Queen. Então, sabendo que era possível alcançar as rádios e o grande público sem abandonar suas características, os britânicos de Birmingham apostam na simplicidade, nos riffs e refrões marcantes e no visual para finalmente alcançar o tão almejado reconhecimento popular e, claro, sucesso comercial.

Mas como uma obra, entre aspas, "comercial" pode influenciar tantos grupos que viriam depois, como o "Big Four" do trash metal americano e tantas outras do rock pesado? Senta aí, se ajeite, que é justamente sobre isso que iremos falar!
Talvez uma das principais características do "British Steel" é o fato de o Judas Priest ter entrado em estúdio para as gravações sem ainda possuir todas as canções do disco prontas.
Glenn Tipton diz não ter certeza do porquê eles terem feito dessa forma, uma vez eles nunca haviam trabalhado assim antes, tampouco voltariam a fazê-lo. Para Halford, parte da força do "British Steel" veio justamente do fato de eles terem de trabalhar junto nas composições. De acordo com o vocalista, eles já entraram no estúdio com um punhado de ideias, mas que a maior parte dos materiais teve de ser criado com ele, KK Downing e Glenn Tipton sentados como um trio de compositores. Até aquela altura a criação envolvia, normalmente, alguém chegando com uma canção completa, que daí então era finalizada em conjunto.
O local escolhido para as gravações do "British Steel" foi o Tittenhurst Park, famoso por ser uma das moradias de John Lennon e por ter ambientado o clipe de "Imagine". Na época, o espaço já não era mais propriedade de Lennon, mas de outro ex-beatle, Ringo Starr, que o havia adquirido em 1973.
Foi aqui que Priest e Tom Allom mixaram "Unleashed In The East", poucos meses antes. Desta vez, contudo, ao invés de utilizarem o estúdio em si, a banda opta por gravar pela própria casa, com cada membro em um cômodo diferente. Segundo o produtor, provavelmente quem ficou na sala ao lado do piano branco de John Lennon foi KK Downing.
O mesmo KK acrescenta que as tomadas de gravação eram feitas com toda a banda tocando ao mesmo tempo, o que fez com que houvesse uma energia do show ao vivo no disco, sem qualquer superprodução.
Conta-se que quem deu a ideia para o nome para o álbum foi o baixista Ian Hill. Segundo ele, a greve dos trabalhadores da empresa estatal British Steel Corporation estava o tempo todo no noticiário na época, ao mesmo tempo, o som da banda era muito britânico.
Glenn Tipton, que trabalhou para a empresa por cinco cinco anos, lembra que a banda não tinha um título alternativo, pois ninguém sequer havia pensado sobre isso. Mas que quando o design da capa, feito pelo renomado artista polonês Rosław Szaybo, ficou pronto, tudo fez sentido.
Lançamento e crítica
O "British Steel", álbum que mudou Judas Priest de patamar, foi colocado nas prateleiras em abril de 1980. Nos meses seguintes ao lançamento do sexto disco dos britânicos, a obra alcança a quarta posição nas paradas britânicas e a 34ª nos Estados Unidos, as melhores posições para um álbum da banda, ao menos durante o período em que as mídias eram vendidas exclusivamente na forma física.
Assim como os resultados comerciais, a crítica da época foi bastante positiva em relação ao "British Steel". David Fricke, para a Rolling Stone, escreve sobre o esfriamento do gênero de rock pesado, mas destaca que o Judas Priest desafiava habilmente a morte por meio da erupção vulcânica que era o "British Steel". De acordo David, o novo disco do Priest parece alimentado pelos ritmos de metralhadora e pelo ataque de guitarra crepitante de descendentes do punk. Vejam só!
O jornal Gazeta de Montreal, por sua vez, descreve os vocais e as letras como questionáveis, embora destaque que a banda faz bem seu trabalho, além de fazer grupos como o Nazareth soarem como um coral de igreja.
A crítica de Timothy Yagle, para o The Michigan Daily, por fim, é aquela que, em minha opinião, resume muito bem o "British Steel". Segundo Timothy, o Judas buscava reviver uma era quase desativada do heavy metal fundado por Deep Purple e Black Sabbath, o que resultava num ataque implacável e selvagem de rock ‘n’ roll nos ouvidos.
Ele prossegue citando a influência das raízes nas favelas e fábricas de Birmingham para a criação dos poderosos acordes e melodias atrevidas das guitarras e dos vocais estridentes do durão Rob Halford. Para Timothy, o Judas Priest continuava sendo um dos mais ferrenhos defensores do simplismo e do tocar forte e alto.
O texto termina dizendo que graças a intensidade absoluta de bandas como o Judas e o desejo das pessoas de viverem essa fantasia peculiar, o hard rock jamais iria morrer.
Este texto é um trecho do roteiro do vídeo "Judas Priest e a invenção do metal moderno", publicado no canal "No Rastro do Som", no YouTube. Nele, trato detalhadamente da história da banda, disco por disco, até o lançamento de seu maior sucesso, o "British Steel", em 1980. Para assistir o conteúdo completo, é só clicar no vídeo abaixo.
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