Deep Purple: tudo eventualmente se simplifica em uma essência unificada
Resenha - =1 - Deep Purple
Por Isaias Freire
Postado em 06 de agosto de 2024
Na década de setenta houve um programa na televisão chamado "Sábado Som", era uma das poucas coisas que na época, nós brasileiros, tínhamos como acesso à música que estava acontecendo no mundo. Na abertura do programa tinha Elton John voando com seu piano e o Grateful Dead com a capa de seu "Blues for Allah". Foi em um destes programas que conheci o Deep Purple, era um vídeo do então lançado "Made in Japan", foi paixão à primeira vista, e, deste então a banda entrou em minha vida para sempre.
Admito que nos últimos quinze anos andei um pouco afastado dela, no disco "Whoosh" cheguei a achar que o Ian Gillan tinha se tornado um chato e quando queria ouvir alguma coisa deles, eu revisitava sempre os antigos discos, incluído o terceiro disco "Deep Purple", o "In Rock", o "Come Taste the Band" e principalmente o "Concerto For Group and Orchestra". Então, quando chegou o "=1" eu não estava muito animado, mas eu tinha que conferir. Então vamos lá.
"=1" foi lançado a poucos dias, em 19 de julho de 2024 é o 23º álbum de estúdio da banda e o primeiro a apresentar o guitarrista Simon McBride, que entrou no lugar de Steve Morse em 2022, foi produzido por Bob Ezrin e traz uma sonoridade que remete à essência clássica do Deep Purple, sem se apoiar apenas na nostalgia, mas com uma abordagem moderna e vigorosa.
O título "=1" simboliza a ideia de que, em um mundo cada vez mais complexo, tudo eventualmente se simplifica em uma essência unificada. Essa temática é refletida tanto nas músicas quanto na arte do álbum, que gerou especulações entre os fãs após a aparição de equações misteriosas e representações de multiversos em cidades como Londres, Paris e Berlim.
O álbum inclui 13 faixas que misturam o rock vigoroso característico da banda com novas experimentações. A faixa "Portable Door" foi o primeiro single lançado, acompanhado de um videoclipe que capturou a energia da banda.
O disco começa com "Show Me" e os primeiros acordes mostram que o novo trabalho será de alguma forma diferente dos anteriores, a energia é pulsante, e não para por aí, o desenvolver do disco mostra um retorno à qualidade setentista, "Portable Door" se comporta muito melhor no contexto do disco do que em um simples single, "If I Were You" tem a cara de um blues cadenciado, bem agradável. Em todo o disco os moogs e sintetizadores de Don Airey duelam muito bem com a nova guitarra de Simon Mcbride, "Now You´re Talkin´" nos remete a época do "In Rock", a balada "I´ll Catch You" pode não ser uma "Sometimes I Feel Like Screaming" mas é uma ótima música. No todo, o disco é muito bom, e me desculpem os fãs do Steve Morse, a entrada do Simon Mcbride trouxe todo um novo vigor a banda e se mostrou uma troca acertada.
Agora quando quiser ouvir Deep Purple sei que não precisarei ficar amarrado somente aos clássicos.
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