Avalon: disco de altos e baixos encerra bem a metal opera
Resenha - Enigma Birth - Avalon
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 18 de julho de 2021
Nota: 7
Contratos com gravadoras são tão sérios que eles até te fazem criar o quarto capítulo de uma trilogia, por mais bizarro que isto soe. A metal opera Avalon, que o guitarrista finlandês Timo Tolkki (ex-Stratovarius, Symfonia, Revolution Renaissance) criou a convite de Serafino Perugino, fundador da Frontiers Music Srl, encerra um ciclo de oito anos de lançamentos com The Enigma Birth, editado em junho pelo selo italiano.
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Tal como no antecessor Return to Eden, recebi a notícia deste quarto episódio com certo preconceito, pois achava que o terceiro disco da metal opera, muito bom, havia sido um ponto fora da curva. Não foi: este aqui seguiu um caminho igualmente frutífero (embora não com a mesma consistência), mostrando que o projeto estava começando a ficar mais bem azeitado.
A consistência foi comprometida aqui porque o trabalho perde o gás na metade e só recupera mais pro final. Em outra palavras, a metade "boa", sozinha, tornou esta obra tão boa quanto a sua antecessora, não deixando a metade "ruim" prevalecer.
Uma possível explicação para esse contraste entre os dois conjuntos de faixas é o fato de que Timo só escreveu justamente metade delas; as outras ficaram a cargo de um time de compositores da própria gravadora, segundo declarações do músico ao canal Chaoszine. A pergunta que fica é: quem escreveu as "boas" e quem escreveu as "ruins"?
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O "líder" do projeto não teve controle nem mesmo sobre a lista de convidados, escrevendo "às cegas" com relação aos vocais. Enquanto a banda de apoio é composta por vários ilustres semidesconhecidos da cena italiana (presumivelmente indicados pelo selo também), os vocalistas convidados agregam muito valor: James LaBrie (Dream Theater), Jake E. (ex-Amaranthe, Cyrha), Marina La Torraca (Phantom Elite, Exit Eden), Brittney Slayes (Unleash the Archers), o "Bruce Dickinson brasileiro" Raphael Mendes (Icon of Sin), Fabio Lione (ex-Labyrinth, ex-Vision Divine, ex-Rhapsody of Fire, Turilli / Lione Rhapsody, Angra, Eternal Idol), Caterina Nix (Chaos Magic) e o influencer norueguês PelleK.
A "metade boa" que mencionei está quase toda concentrada nas primeiras faixas, numa sequência matadora de pesados e rápidos petardos. Destaque para a veloz abertura autointitulada, com PelleK; a sinfônica levemente oriental "Memories" (com Caterina Nix e Brittney Slayes); a poderosa "Master of Hell"; e a surpreendentemente progressiva "Beautiful Lie", que combinou com o convidado James LaBrie. Esta e "Memories" são duas que eu tenho certeza quase absoluta que não foram compostas por Timo: exceto pelos solos, nada nelas tem a cara dele.
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E é a partir da sexta que chega a tal da perda do gás. Neste pacote de canções, temos as genéricas "Truth" (com Jake E) e "Time" (com Marina La Torraca) e a sonolenta balada "Another Day" (também com Marina). E, por melhor que tenha sido o trabalho da nossa voz tupiniquim em "Beauty and War", ela não faz jus a "Master of Hell".
Os destaques da reta final são capitaneados por Fabio Lione. Primeiro vem "Dreaming", mesclando o melhor do metal sinfônico, progressivo e power; depois, encerrando o disco, temos a agressiva e encorpada "Without Fear". Merece comentários também a outra balada, "The Fire and the Sinner", com uma memorável performance de Brittney.
Supondo que o projeto se encerre aqui, com este quarto lançamento da trilogia (jamais conseguirei escrever estas palavras sem uma dosagem de estranheza), podemos dizer que ele terminou sua história de forma digna. A próxima empreitada do finlandês é um álbum solo independente, Union Magnetica; tendo ele controle muito maior sobre o processo criativo, podemos esperar algo presumivelmente mais interessante desta obra, mas isto ficará para outra resenha.
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Abaixo, o vídeo de "Master of Hell".
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2021/07/11/resenha-the-enigma-birth-avalon/
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