Resenha - Mark of the Beast - Manilla Road
Por Diogo Muniz
Postado em 06 de dezembro de 2020
Vamos usar uma máquina do tempo e voltar para o inicio dos anos 80. Nessa época o Manilla Road havia lançado seu debut, e logo se preparou para gravar o seu segundo álbum. Entretanto o material gravado não agradou a banda e o projeto ficou engavetado, sendo lançado apenas no formato de um bootleg chamado "Dreams of Eschaton" (título esse que em breve seria usado no nome de uma das músicas mais clássicas do grupo). Nesse meio tempo a banda lançou discos um atrás do outro durante a década de 80, e entrou num hiato na década seguinte, retomando suas atividades já no novo milênio. O material que havia sido gravado e lançado no formato bootleg acabou envelhecendo bem e então a banda decide que é hora de lança-lo no formato de CD, finalmente entrando na discografia oficial da banda. Eis que em 2002 é lançado "Mark of the Beast". O que ouvimos nesse disco é basicamente uma evolução natural de "Invasion" (o disco de estreia da banda), ou seja, um material mais voltado para o space rock com pitadas psicodélicas e flertes com o heavy metal.
O disco abre com a faixa título, "Mark of the Beast" que já abre totalmente viajada, numa levada lisérgica e hipnotizante. A letra já aborda os temas épicos que são marca registrada da banda, com linhas de guitarra que fazem o ouvinte viajar. Uma perfeita faixa de abertura para mostrar a proposta do disco.
"Court of Avalon" poderia facilmente se passar por uma love song se não fosse por sua letra inspirada por contos arturianos. Uma canção suave e novamente hipnotizante, que possui um instrumental muito lindo.
Com um inicio etéreo, "Avatar" é uma excelente música, que possui um riff marcante (que poderia entrar no panteão de riffs clássicos do rock, diga-se de passagem). A canção cresce de uma maneira surpreendente e apresenta boas pitadas de metal, trazendo peso suficiente para fazer o ouvinte bater cabeça ao ouvi-la. É facilmente uma das mais pesadas do disco, sendo bastante executada ao vivo pela banda durante algum período.
"Dream Sequence" é na verdade uma pequena vinheta que apresenta algumas vozes sobrepostas recitando alguns versos. Uma viagem curiosa, porém dispensável.
Em seguida temos "Time Trap" que nos traz de volta ao clima de viagem com uma letra bem reflexiva. Na segunda metade da música ela ganha algum peso, mas ainda mantém o clima psicodélico.
Com uma levada mais voltada para o hard rock "Black Lotus" levanta um bocado os ânimos. Música perfeita para ouvir batendo cabeça e tomando cerveja com a galera.
"Teacher" segue a linha da música anterior, com uma levada bem hard rock. Uma música bem interessante, pois, apesar de não sair dando nome aos bois, a letra aborda a questão da fé cristã e a crença em um ser superior. Uma característica marcante das letras do Manilla Road é a facilidade de abordar diferentes mitologias e crenças sem soar proselitista, com uma abordagem bem inteligente.
"Aftershock" já começa dando um chute na porta sem fazer cerimônias. Uma canção pesada com os dois pés no heavy metal. Um dos versos dessa canção define bem a mensagem: "I sold my soul for Metal Rock/And now I live my days of Aftershock", ou seja, viver, comer e respirar heavy metal; um ode ao nosso querido heavy metal. Vale a pena destacar que essa seria uma música perfeita para shows ao vivo, com um "ooooohh" que a galera certamente cantaria em uníssono. Infelizmente essa música não recebeu sua devida atenção pela banda (pelo menos não existem registros ao vivo dela sendo executada).
De volta ao clima de viagem lisérgica somos apresentados para "Venusian Sea", uma música lindíssima que é uma verdadeira mistura de viagem e sonhos, sensação essa que é reforçada pela letra que retrata diversos cenários e situações oníricas. Impossível não se deixar levar por essa belíssima viagem sonora
Um space rock bastante inspirado, essa é a perfeita definição para "Triumvirate", a canção que encerra o disco. Essa música sintetiza perfeitamente o que se ouviu durante todo o disco, pois temos todo um clima de viagem psicodélica, e lá pelo meio da música ela cresce mostrando novamente lampejos metálicos com riffs inspirados executados por Mark Shelton.
Por ser uma gravação do inicio da carreira da banda, "Mark of the Beast" pode parecer um pouco deslocado dos lançamentos mais recentes do grupo. Mas como já foi dito anteriormente, é perceptível que se trata de uma continuação/evolução de "Invasion". Vale a pena mencionar que o line-up do disco é o da primeira formação da banda, que conta com Mark Shelton (guitarra e voz), Scott Park (baixo) e Rick Fisher (bateria). O fato de o disco ter sido descartado na época em que foi gravado gera bastante discussão entre os fãs da banda, anda mais considerando a qualidade do disco. Outro destaque de "Mark of the Beast" é a capa, com um desenho que mostra um guerreiro nórdico empunhando sua espada para o alto derrotando seus inimigos; uma das capas mais emblemáticas da discografia do Manilla Road. Independente da década de seu lançamento, "Mark of the Beast" é um álbum que merece ser apreciado por fãs de rock e heavy metal.
Tracklist:
Mark of the Beast
Court of Avalon
Avatar
Dream Sequence
Time Trap
Black Lotus
Teacher
Aftershock
Venusian Sea
Triumvirate
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